Ana e seu grelo falante.

Autor: Daniel Fiúza

02/06/2009

Sou a Ana, sou um grelo

Eu sou o ano passado

Se pensas que sou aquilo

Estás é muito enganado

Sou aranha que arranha

O amor que te apanha

O resto de um legado.

O grelo esperto da tela

Sou bonito e elegante

Sendo um gato ou a bela

o que for mais importante

Eu sou o fim da picada

O meio do fim do nada

O estouro da vazante.

Posso ser um cabra macho

Ou uma mulher delicada

A decisão eu que acho

Vai depender da parada

Cobra que come caçote

se abre e dar seu bote

engole toda a espada.

Eu sou Cléo ou Daniel

Sou a Maria bonita

Lampião ou coronel

o que o mundo acredita

No cangaço sou a Dadá

Corisco ou o Zé preá

João ou Maria Rita.

Sou Marilia de Dirceu

uma estrela que brilha

Tudo que é meu é teu

proponho uma maravilha

Eu sou um o grelo sem grilo

Fazendo isso ou aquilo

Pulo e rolo na trilha.

Digo que sou o Romeu

Posso ser a Julieta

A vida me prometeu

Somente coisa porreta

Sou o rei do absurdo

No meio de ti chafurdo

Faço ver a coisa preta.

Eu sou o belo e a fera

As tranças de Rapunzel

Sou a rainha megera

Um soldado no quartel

Vim do inferno de Dante

Brilho como diamante

Sou o doce do teu mel.

Eu sou a gata e o rato

Rugindo sou um leão

Um frio cálculo exato

Uma gueixa no Japão

O prato que cê cuspiu

A sombra que te cobriu

A música da tua canção.

Sou a maga patológica

Também o mago Merlin

Na vida nada tem lógica

Não sabes nada de mim

Sou o peso na balança

A gordura da tua pança

Posso ser bom ou ruim.

Ninguém entende a mulher

O homem é mais previsível

Descubra o que ela quer

Que a gente faz o possível

Se compare no espelho

Com gato, pato ou coelho.

Que o resultado é incrível.

De dia posso ser homem

Ou mulher ao escurecer

Grelo do dia é meu nome

Ana da noite é lazer

Como grelo sou bondade

Ana é só felicidade

Desmancha-se em prazer.

Sou o grelo Cinderela

Um belo adormecido

Eu me faço de donzela

Sou o rei comprometido

Tenho a força do leão

meu liquido molha tua mão

E mais um sexto sentido.

Sendo a fada sininho

Ou o valente Peter Pan

O nunca é meu caminho

A verdade é minha irmã

Vendo cravo e canela

Abro a porta e a janela

Sinto prazer de manhã.

Eu sou o índio Peri,

Na selva sou perigoso

Quando me torno Ceci

Tudo fica mais gostoso

Na tribo sou o pajé

prefiro o bicho de pé

saltitante e espumoso.

Encontre-me na telinha,

Como grelo ou como Ana

Me ame seja só minha

que serei sempre bacana

Sou o sabor da tua boca

O gosto de coisa louca

como lingua na banana.