MEIA IDADE TRABALHO NÃO DÁ PRAZER. NO PRAZER TEMOS UM GRANDE TRABALHO.
A infância nossa fase primeira.
Todo mundo acha-nos bem bonito.
Começamos a aprender o escrito.
Pra nós tudo é só brincadeira.
Nos adultos damos muita canseira.
Quem quiser que nos dê agasalho,
Ou que limpe se sujamos o assoalho.
Preocupe-se com o nosso saber.
Meia idade trabalho não dá prazer.
No prazer temos um grande trabalho.
Em seguida vem nossa adolescência,
Fase que o homem tem muito tesão
É também fase de definição.
E o homem já mostra evidência,
Que é homem, não queima a saliência.
O cacete igual a um carvalho,
E faz bom uso do seu caralho.
Pois qualquer mulher que logo comer.
Meia idade trabalho não dá prazer.
No prazer temos um grande trabalho.
Depois vem nossa bela juventude
Mas que não sabemos aproveitar
Logo nos deixamos apaixonar
Namorada vira logo um grude
Sem pensar toma-se uma atitude,
Arranja-se noiva pra desencalho
Casamo-nos ainda sendo frangalho.
Logo se perde alegria de viver
Meia idade trabalho não dá prazer.
No prazer temos um grande trabalho.
E aí já começa a decadência.
Aparecem os netos bem depressa
Acabou-se a nossa vida pregressa.
O primeiro sinal duma falência
E assim que aparece a evidência
Que estamos virando um trangralho
E aquilo é quase um vergalho
Que o ânimo está quase por perder.
Meia idade trabalho não dá prazer.
No prazer temos um grande trabalho.
Finalmente, chegou nossa velhice.
Quando não temos mais qualquer prazer
Assim mesmo ainda queremos viver
Não sei o porquê de tanta tolice.
Pois se vive por medo ou caturrice.
Quando o cabelo fica grisalho
Tornamo-nos alvo de achincalho.
Até mesmo querem nos ver morrer
Meia idade trabalho não dá prazer.
No prazer temos um grande trabalho.
HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
FORTALEZA, 1 DE JUNHO DE 2009.