GOGÓ DE SOLA, O TERROR DO SERTÃO
Miguezim de Princesa
I
Apareceu em Princesa
Um sujeito bem gabola
Cujo lema é definido:
Ou rico ou pedindo esmola!
De tão feio e tão metido,
Recebeu o apelido
Wilson Gogó de Sola.
II
Princesa é uma cidade
De uma valentia antiga:
Fez guerra de Independência
Por não ter medo de briga
E nem rejeitar arenga.
Lá o homem mais molenga
Come preá com urtiga.
III
Porém, com Gogó de Sola
Não existe valentão:
Já brigou com o delegado,
Insultou o capitão,
Quis bater no promotor,
Pegou o vereador,
Bateu com ele no chão.
IV
Roubou a caixa das almas,
Fechou a Rua do Canção,
Deixou Dada de Luizim
Com a cueca na mão,
A moça de Cachoeira
Se acordou com a bagaceira
Gogó lhe passando a mão.
V
Com Bosco de Antoim Cochim
Apostou quem bebia mais:
Tomou 10 litros de cana
Na porta de Mané Braz,
Inda cuspiu na janela,
Tirou gosto com a chinela
Da irmã de Maria da Paz.
VI
Na porta do cabaré,,
Desafiou virgindade:
Lurdes Branca virou freira
Na igreja da cidade.
“Viva Maria Bate-Birro!”,
Disse, soltando um espirro
No caixão da caridade.
VII
Se agarrou com Maria Doida,
Que de gozar passou mal;
Deu um susto em "Pecador"
Na escola do Mobral,
Chamou Gonzaga Cacimba
Pra um duelo de bimba,
De peixeira e de punhal.
VIII
Quando Tiago Pereira
Cortou o seu vencimento,
Ele foi pra Prefeitura
Escanchado num jumento
E o prefeito, com medo,
Fechou as portas mais cedo
E deu-lhe adiantamento.
IX
No cabaré de Seo Terto
Pintaram uma mulher pelada,
Com bonita cabeleira
E a feição enfezada,
O promotor não gostou,
A cabeleira raspou,
Deixou com frio a coitada.
X
Gogó soube da história
Na loja de Zé Pitada,
Correu atrás do Doutor
Uma carreira tão danada,
No Jericó já cansado,,
O doutor já tinha chegado
Pra lá de Serra Talhada.
XI
Wilson Gogó de Sola
É a reencarnação
De Virgulino Ferreira,
O famoso Lampião:
Dez vezes foi baleado,
Por onde passa é chamado
De O Terror do Sertão.