REGIME DE ENGORDA NO PARAGUAI
Miguezim de Princesa
I
No Lago Ipacaraí
Tem algo novo no ar:
Apesar de toda a crise,
Da fome em todo lugar,
Podem segurar a saia:
As mulheres paraguaias
Tão dando pra engordar.
II
Depois que Fernando Lugo,
Um bispo bem avançado,
Conquistou a Presidência
De um país atrasado,
Virou um deus-nos-acuda
Com tanta mulher buchuda
Por tudo quanto é estado.
III
Parece até que o bispo
Não tinha tempo pra rezar:
Vivia de fazer política
E também de namorar.
E, quanto mais discursava,
A batina levantava
Para a vida melhorar.
IV
Quando a mocinha chegava,
Contrita a se confessar,
O olho dele brilhava
Como bola de bilhar.
Dando conselho, dizia:
Vamos lá na sacristia
Crescer e multiplicar.
V
Meus filhos e minhas filhas,
Propagava no sermão,
Quem inventou camisinha
Tinha negócio com o Cão,
Come papel de bombom
E não sabe como é bom
O calor da fricção.
VI
Viu uma índia guarani
Lavando as coisas, nuazinha,
Cancelou quatro comícios,
Se perdeu na ladainha,
A batina arrebentou,
Disse é agora que eu vou
Furunfar sem camisinha.
VII
Numa noite em Assunção,
Se agarrou com Viviana;
Em Pedro Juan Caballero,
Depois de uma carraspana
Do carnal ficar virado,
Ficou três dias afogado
Na paixão de Damiana.
VIII
A Igreja não permite
Ao sacerdote casar,
Porque os bens da Igreja
Nenhum cristão pode herdar,
Mas com mulher sem sossego
Uma sessão de descarrego
Ninguém há de censurar.
IX
Dizem que ele faz milagre:
Quem quiser engravidar
É só cruzar a fronteira,
Uma confissão agendar.
Não é como Pernambuco,
Que tem um bispo caduco
Que só sabe excomungar.
X
De uma coisa tenham certeza:
Batina nunca foi saia,
Sêmen de padre faz gente,
Bispo também faz gandaia,
Tomara não apareça
Uma mula sem cabeça
Na bandeira paraguaia.