AMARRAÇÃO

(Pois na briga do mar com a praia, quem se lasca é o caranguejo)

Tempo traz tempo e chuva traz vento;

Tudo na vida quer tempo e medida;

Antes cautela que arrependimento;

Coisa cedida, ou tá podre ou moída.

Primeira pancada é que mata a cobra,

Aconselha a raposa e morre a galinha,

Banana madura não fica no cacho,

Agulha sem fundo não arrasta linha.

De boa intenção o inferno está cheio;

No ano inteiro enriquece o banqueiro;

Asno, que tem fome, a manjedoura come;

Já, dos descuidados, comem os rendeiros.

Tolo é o cão que acha osso e não rói;

Contra esperteza, esperteza e meia;

Cave o poço antes de sentir sede

E só divida a esposa alheia.

Irmão de barqueiro não paga a passagem,

Visita e pescada em três dias enfada,

O Leite da vaca não mata o bezerro,

Cajueiro doce é que leva pedrada.

Bem mais vale sê-lo do que parecê-lo,

Mais vale ter graça que ser engraçado,

Janelas fechadas são olhos de cego

E livros fechados não fazem letrados.

Formiga e babão tem em todo lugar,

Na necessidade se prova a amizade,

Na seda mais fina é que a mancha se apega,

Nem toda mentira acoberta a verdade.

Antes fanhoso que sem o nariz,

Nunca se esqueça de desconfiar,

O carro não anda adiante dos bois

E o jogo só finda ao juiz apitar!

João Pessoa, 21/04/2009.