O ENREDO DE JOÃO SEM BRAÇO

Leitor esteja atento,

Pra essa literatura,

Ao sair de vez em quando,

Nessa mesma estrutura,

Seja fato fictício,

Ou de grande envergadura.

Falaram de Lampião,

Que foi o rei do cangaço,

Da proeza de João Grilo,

E do Cavalo de Aço,

Mas essa é a minha vez,

De falar de João Sem Braço.

Assumi uma direção,

Na falta de quem se foi,

E um amigo me disse:

-Se quiser fica nós dois,

Aqui estão os meus braços,

João Sem Braço vem depois.

Pra entrar já no contexto,

Sem fazer aberração,

Contando uma história,

Que servirá de lição,

Quando dúvida tiver,

Procure esse tal João.

O tempo foi passando,

E tome braço pra frente,

Outros amigos chegaram,

Cada qual inteligente,

Sem saber que João Sem Braço,

Passava-se por inocente.

Um dia eu necessitei,

Fazer averiguação,

Em alguns documentos,

Que me chamaram atenção,

-Dê uma de João Sem Braço,

Falou o bom cidadão.

Foi pela terceira vez,

Que escutei a anedota,

E perguntei para o amigo:

-De onde veio a lorota,

Dê uma de João Sem Braço,

Ele explica toda rota?

Quem é esse dito cujo,

Tão citado por você?

Não conheço e nunca vi,

Para imitar sem saber,

Se tem bom comportamento,

Explique pra eu entender!

-Sei que seu nome é João,

Sem braço porque sofreu,

Um acidente de carro,

Que na ribanceira desceu,

Perdeu o braço direito,

Por pouco ele não morreu.

Um cabra muito sabido,

Que gostava de indagar,

Daquilo que já sabia,

Mas para facilitar,

Sua melhor conclusão,

Na hora de executar.

Um dia João Sem Braço,

Entrou num bar pra beber,

Era seu aniversário,

E queria ter o prazer,

De brindar dessa maneira,

Para todo mundo ver.

Primeiro disse: Garçom!

-Bote duas bem geladas,

E uma lata de doce,

Eu prefiro goiabada,

Para fazer tira-gosto,

-Não prefere carne assada?

O garçom lhe perguntou,

Pra não ter decepção,

Sem saber que o cliente,

Queria informação,

Pois nunca tinha bebido,

E qual era combinação.

Havia um cabra valente,

Que o povo se tremia,

Morava na redondeza,

Que João Sem Braço vivia,

E quando alguém perguntava,

João de nada sabia.

João foi ser Detetive,

E próximo a estagiar,

Falou para o Delegado,

O valentão vou pegar,

Mas ele não vai saber,

O que eu devo aplicar.

Além da valentia,

Também era interesseiro,

Não tinha emprego fixo,

E era um aventureiro,

João Sem Braço aproveitou,

Deu uma de cavalheiro.

Combinou com o Delegado,

Chame os tiras e vamos lá,

Se escondam bem próximo,

Da casa que eu vou chamar,

O presente que eu levo,

Jamais vai desconfiar.

Pegou um lindo peru,

Botou debaixo do braço,

Não deixou ele gritar,

Pra não haver embaraço,

E só chegando na casa,

O peru teria espaço.

E assim o procedeu,

Com o plano que traçou,

Chegando bem sutilmente,

Próximo à porta chamou:

-Vizinho! Bem alto,

O peru logo gritou.

O homem saiu na janela,

E para João perguntou:

-Esse peru é pra mim?

Disse João: - É sim senhor,

É que eu tenho muito lá,

Fora o que o bicho pegou.

Mais tarde eu vou trazer,

Um belo casal de pato,

Porque estou me mudando,

Pra outro lado do mato,

Certamente meus bichinhos,

Vão ser comida de gato.

Estando no bate-papo,

Ele não desconfiou,

Que João tinha um plano,

E o Delegado apoiou,

Quando menos esperava,

O tira o grampeou.

Sem Braço vendo a cena,

De mentira desmaiou,

A polícia já sabia,

Nem para ele olhou,

O elemento foi preso,

Depois, João se mandou.

Em outra oportunidade,

Ele foi ao exterior,

Precisamente em Paris,

Para ver um ex-amor,

A mesma estava viúva,

De outro investigador.

Já sabendo o endereço,

Porém há tempo não via,

Talvez estivesse mudado,

E João de nada sabia,

Mas, ficou bem na esquina,

Onde ela passaria.

Quando avistou a viúva,

Fingiu estar escrevendo,

Logo ela perguntou-lhe:

-João o que estar fazendo?

-Estou aqui passeando!

-Que prazer estar lhe vendo.

Como era de costume,

Fingiu não saber de nada,

Perguntou pelo parceiro,

De tantas e tantas jornadas,

Ela triste respondeu:

É morto o seu camarada.

João tomou um susto,

E perguntou: como ocorreu?

Sofreu uma emboscada,

Que ele não percebeu,

Que era conto de fada,

Que um vigário escreveu.

Quero mais explicação,

Para eu investigar,

Descobrir este homicida,

E para a cadeia levar,

Só preciso de uma casa,

Pra que eu possa me hospedar.

Que nada! Disse a viúva,

Não deve se preocupar,

Vá pra o meu apartamento,

E não precisa pagar,

Eu fico na esperança,

De a justiça funcionar.

Caiu a sopa no mel,

João Sem Braço já sabia

Que o quarto da viúva,

Servia de moradia,

Iria dormir na cama,

Que o finado dormia.

O enredo João Sem Braço,

Não terminou por aqui,

Há momentos nessa vida,

Que devemos refletir,

Em parte essa história,

Para poder decidir.

Jorge Galdino
Enviado por Jorge Galdino em 07/04/2009
Código do texto: T1527722
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