DIFERENÇAS ENTRE CHURRASCO DE RICO E DE POBRE.

I

Por intermédio de e-mail,

Bastante interessante,

Descreveram um churrasco

Com diferença gritante

Entre do pobre e do rico

Que em cordel passo adiante.

II

Numa comemoração

Seja de rico ou de pobre

Há sempre um motivo

Que consideramos nobre.

E quantas observações

Num churrasco se descobre.

III

As diferenças começam

Pelas vestes femininas,

Do ambiente do churrasco

Das belezas das piscinas.

Os ricos com muitas regras

Os pobres sem disciplinas.

IV

Se churrasco for de rico

A roupa é importada.

A Capri ou a Zara vestem

A bonita mulherada.

Que só anda bem penteada

E também muita arrumada.

V

Bolsa L.Vuitton, ou Prada,

Camiseta chocolate.

Óculo chanel, Valentino,

Discreto, sem disparate.

Relógio, pulseira de ouro

Mais de dezoito quilates.

VI

Sandália rasteira Lenny,

Dirigindo o seu carro,

Muito bonito, importado,

Que a todos deixa zarro.

Esbelta e cheia de charme,

Nunca fedendo a cigarro.

VII

Se o churrasco for de pobre

Mulheres de mini-saia,

Com blusa C&A ou RENNER

A tal tomara que caia

Óculos bem coloridos

Comprado de paraguaia.

VIII

Uns tamancos de madeira

E anel no dedo do pé.

Usam biquíni por baixo

Pra piscina se tiver.

Preparadas pra farra,

Sambam na ponta do pé.

IX

O homem rico se traja

Com bermuda Hugo Boss.

Camisa esporte Siberian.

Pra que seu poder reforce.

Camioneta importada,

Mostrando todas suas posses.

X

Pobre vai com suas havaianas,

Rider, bermuda florida,

Ou jean com perna cortada.

Camisa da equipe querida.

Óculos sempre na testa,

Monza que não dá partida.

XI

Em geral rico não come.

Se come, só um pouquinho.

Arroz, brócolis, açafrão

Tudo regado com vinho.

Mussarella de búfala,

Carneiro, se for novinho.

XII

Farofa com muita fruta,

Picanha só Argentina.

Não se pegar muito sol,

Ninguém entra na piscina.

Fala-se muito em negócios.

Tudo ali se combina

XIII

Pobre come vinagrete

Farofa, muita cebola,

Maionese, asa de frango

Carne até de pomba rola.

Costela, bola da pá

Pão de alho e amapola.

XIV

Rico bebe chope Brahma,

Ou a cerveja Heineken.

Sempre muita geladinha,

Isso quando não se abstém,

Ou um uísque importado

Se isso a ele convém.

XV

Tônica ou coca-cola,

às vezes, bebe a rica.

Ou um vinho importado

De vez em quando ela bica.

Nada duma batucada

Principalmente cuíca.

XVI

Cerveja Belco ou Kaiser

Colocada pra gelar,

Com cana da roça, baré,

Num tanque de lavar,

Juntamente com coca-cola,

Caipirinha, guaraná.

XVII

É assim churrasco de pobre.

E ao começar a bebedeira

Quem fica tonto primeiro

Inicia a tal brincadeira

De se molhar todo mundo,

Jogando água da torneira.

XVIII

Rico usa uns belos pratos

Brancos e de porcelana.

Taça pra cada bebida.

Só coisa muito bacana.

Tem até copo especial

Pra tomar dose de cana.

XIX

Pobre usa os pratinhos

De alumínio, papelão,

Sempre com copo plástico

Muito seguro na mão.

Porque são todos contados

Se cair pega do chão.

XX

Os talheres tem os seus

cabos muito coloridos.

Os copos de requeijão,

Às vezes, foram cedidos,

Mas só para algum cabo,

Ou familiares queridos,

XXI

Pra escrivão da Polícia,

Ou pro Corpo de Bombeiros.

Churrasco de rico, música

Não é de pagodeiros.

Só Jack Jahnson, Maria Rita,

Nunca bando de funqueiros.

XXII

Rico pode contratar

Grupo que toca chorinho,

Gente formado em música.

Que conhece cavaquinho

Um som bonito, bem suave,

Gostoso e muito baixinho.

XXIII

Pobre manda pagodão:

Carametade e Exalta,

O Zeca, a Revelação,

Ou quem estiver em alta

O samba de Enredo do Ano

Também é um que não falta.

XXIV

Depois de horas de churrasco

Dançam com CD pirata

Não importa credo, raça,

Todo mundo já engata

Batucada nas panelas,

Tem até quem toque em lata.

XXV

Mulheres tiram sandálias

Pois não são acostumadas.

Com os pés dentro de chinela

Andam sempre descalçadas.

De Almir Guineto à Alcione

Vão levando a batucada.

XXVI

O bom e velho FUNK

Não pode faltar também.

Que é cantado bem alto

Pro vizinhos ouvir bem

E saber que o churrasco

Ainda vai muito além.

XXVII

Rico em geral contrata

Um churrasqueiro famoso,

Com uniforme impecável

E sempre muito atencioso,

Que traz toda a sua equipe

E cardápio fabuloso.

XXVIII

O churrasqueiro de pobre

É amigo dum conhecido,

Que adora fazer churrasco,

Tem um bucho bem crescido.

Sempre se achando o tal

Sujeito bem convencido.

XXIX

Como o cara sua bastante,

Na mão, tem uma toalhinha

Para enxugar o suor,

também limpar a mesinha.

Pra mostrar fartura na

Brasa joga cervejinha

XXX

Numa área bem coberta,

Belo piso de granito,

O rico faz seu churrasco,

Num jardim muito bonito,

Com mesinhas, com piscina,

De um azul infinito,

XXXI

Onde ninguém se anima

A dar mesmo um mergulho.

Pobre faz o seu na laje

É só tirar o entulho.

Pra chuva, ou pro sol quente

Na cabeça usa trapulho,

XXXII

Um lona de caminhão

Pra proteger churrasqueira.

Somente quem chega cedo

Tem direito uma cadeira.

Mas dão lugar para grávidas

Que chegam à brincadeira.

XXXIII

Os demais ficam em pé

Pisando-se sem problema.

Mesmo estando descalços

Não fica nenhum edema,

Pra pisadas recebidas

Não se precisa de enema.

XXXIV

Tem o banho de chuveiro

Que é bem tradicional

Os bêbados molham todos.

Aquela coisa sacal.

Mas se tem piscina plástica

ainda fica mais banal.

XXXV

Aí os bêbados começam

Aquela tal brincadeira

De jogar todos na água

Ou molhar com da torneira.

Quando churrasco termina

É aquela lambuzeira

XXXVI

Churrasco de rico finda

Depois dumas quatro horas.

Cada um sai no seu carro

E não há muita demora.

Dono da casa agradece;

Leva cada um lá fora.

XXXVII

Churrasco de pobre leva

No mínimo umas oito horas.

Tendo que o dono da casa

Pedir pra se ir embora,

Pois noutro dia tem trabalho,

E quer descansar agora.

XXXVIII

Mas o pessoal ainda quer

Comprar caixa de cerveja.

E fazer uma vaquinha

É tudo que se almeja.

Mas isso o dono da casa

Não quer mais e não deseja.

XXXVIX

Ainda tem gente de porre

Deitado até no sofá,

Ou dormindo no tapete,

E não quer se levantar.

Tudo isso o dono da casa

Tem mesmo que aturar.

XL

Se decidem ir embora

Som do carro é ligado

Muito alto, em um pagode,

Pra que o vizinho do lado

Saiba como foi a festa

Se dele for intrigado.

XLI

Todos vão embora juntos

E sempre saem buzinando.

Com o seu grito de guerra:

“Valeu maluco”, vão gritando.

Venho pro enterro dos ossos

Amanhã, fique esperando.

XLII

Como disse no começo

Recebi esta descrição

Porém não cito o autor

Pois dele não faz menção.

Mas se seu nome surgir

logo farei a citação.

XLIII

Sem ter qualquer disciplina

Prefiro churrasco de pobre

Pessoal é mais solidário

também muito mais nobre.

De rico só aparência

Que muita sujeira encobre.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

FORTALEZA, MARÇO DE 2009.