LUA DE MEL COM SOGRA
Pros meus amigos cordelistas
Preciso hoje contá
Fato que me contraria
Trinta e treis anos de azá
Azá de morá com sogra
Véia tinhosa e mandona
Que não me qué respeitá
Minha vontade não conta
Ela num qué nem sabê
Que na vida tudo mudô
E que se aquí, ainda tô
É porque tudo aprendí
Guardei muita educação
Que meus pais me ensinô
Não tive lua de mel
Nem janta pra mim guardô
Só cara de desagrado
Mais que isso...de pavô
Quando a resposta saiu
Do jeitinho que perguntô...
Porque?...seu fiu me embuxô
Vida difici moçada!
Bejinho num pude dá...
Carinho num pude fazê...
E quando ia durmí
Aí, morava o azá...
O cochão era de paia...
Que mais preciso eu dizê?
Dos desejo de barriga
Dois deles mi cumpricô
O braço do açoguero
Mordê, ele num dexô
E, peido de porco com farinha
Meu véio nunca incontrô
E agora?...seu doto?
E os ano foi passano
Nada, nada num mudô
Os sonho foi se acabano
E nóis dois se acostumô
Vivemo bem, memo assim!
O amor que ele tem por mim
Tudinho di vorta lhe dô!
E a véia...dexa pra lá!
Ja dexô de se azá
Meu perdão ja conquistô
E os mar que feis pra mim
De otra forma recompensô...
Tem tanto amor por meus fiu
Que até a mágoa...passô
Com noventa e quatro anos
E um kilo à mais de teimosia
Vive toda remendada
Leva cinco tombo por dia
Ganhando sempre as questão
No grito e na valentia...
Ser sogra igual a ela...
Juro pro ceis, não queria!...
Duas nora eu ja tenho
E mais uma eu vô tê
Semeio amor e carinho
Pra mais tarde eu colhê
E, vendo todos felizes
Assim feliz vou morrê
E esse cordel um dia...
Sorrindo oceis vão lê...
14:56 HORAS