As parabóica e as borça, fêiz as muierada do sertão mudá de vida.

As parabóica e as borça, fêiz as muierada do sertão mudá de vida.

Airam Ribeiro 18/03/200

Cumpadi tutá quinén eu

Curtino u’a solidão?

Tô leno eses veursos seu

E te falo de ante mão

Despois das parabóica

Elas ficô istrambóica

Nun gosta de nóis mais não!

Dana a cistí nuvela

Qui a Grobo vai passano

E nóis fica só na banguéla

E de longi fica ispiano

Despois qué ir pras capitá

Vê as verdade qui tem lá

E nóis os dedo vai xupanu.

Aqui ta iguarzin

O qui tu aí iscreveu

Nóis dois tamo sozin

As vêiz tenho pena deu

Xego da roça na fadiga

Tenho qui fazê cumida

Pois a muié dizapariceu.

Dexô recado no fugão

Iscrito ancim no papé

Aprendi cum a tulevizão

Agora vô cê ôtra muié

Cansei de morá na paióça

E déça vidinha de róça

E de vivê com um tabaré.

As muié das tulevizão

Come do bom e do mió

E eu aqui nêçi sertão

Fazeno pena de da dó

Te dizejo filicidade

Eu tô ino pra cidade

Tentá ranjá ôtro xodó.

Cansei de vê grilo cantá

E de iscuitá caxorro lati

De vê vagalumi alumiá

E de vê as caxorra parí

Vô vivê de borça famia

O guverno é a serventia

É só arranjá muitios fi.

Nun vô vivê de ismola.

Garanto qui nas capitá

Eu boto Zezin na iscola

É mais u’a borça pra ganhá

Lá vô vivê sucegada

Bem longe do cabo da inxada

Qui faiz as mão calejá.

Vô passá creme nas mão

Mini saia eu vô uzá

Agardeço a tulevizão

Qui tudo iço foi min siná

Meus braço ta sem força

Agora vô vivê das borça

Qui o guverno vai mandá.

E foi ancim cumpade

Tudo o qui o biête dizia

Pur cauza da grande cidade

Eu cabei minhas aligria

As borça aqui no sertão

Só ta fazeno judiação

E ta qui cresce as famia!

No dia quéça borça cabá

Vai cê u’a perdição

Cum os fio a aumentá

Sem tê alimentação

Ocêis tão axano é pôco?

Vem por aí mais uns trôco

É o aumento de mais ladrão.

(esse meu cumpadi aí é Pedrinho Goltara)

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 18/03/2009
Reeditado em 18/03/2009
Código do texto: T1493300