Serra Limpa no Cordel (cachaça paraibana)
Se você ainda não conhece
A história da cachaça
Lhe apresento uma agora
Pura, limpa e sem jaça
A melhor da Paraíba
Que até o mel de tubiba
Junto dela perde a graça
No ano noventa e dois
Foi quando ela nasceu
E hoje com quinze anos
Com galhardia cresceu
E com muita competência
Transformou-se em preferência
Daquele que a conheceu
Foi seu berço a fazenda
Imaculada Conceição
Perto de Duas Estradas
Uma bela região
Depois de Pirpirituba
Pegue a estrada e suba
Que você acha então
Seu idealizador
Foi Antonio Virgulino
Homem de muita visão
Muito senso e muito tino
Diz que só tem o Mobral
Mas possui um cabedal
Talentoso e muito fino
Calculou os prós e contras
Investiu na qualidade
Acreditou em si mesmo
Empenhou-se de verdade
E hoje colhe os louros
Transformados em tesouros
Pra sua felicidade
O preço era muito baixo
Da cachaça antigamente
Pois não tinha qualidade
Tinha o nome de aguardente
Seu Antonio isso mudou
E com isso despertou
A produção concorrente
Ele planta sua cana
Do modo mais natural
Sem usar produto químico
Só esterco de curral
Cama de galinha tem
O vinhoto entra também
Sem nada artificial
O corte é manual
Também não se faz queimada
Tudo é selecionado
Se tiver uma brocada
É retirada na hora
E logo jogada fora
Vai pro cocho da boiada
Depois em carros de bois
Tudo isso é transportado
Para o pátio do engenho
Na moenda é colocado
E depois numa esteira
Segue toda a bagaceira
E sai tudo triturado
O que mais impressiona
De todo equipamento
É o penico do boi
Pra fazer saneamento
Pois quando o boi faz xixi
Eles retiram dali
Pra não ficar ao relento
O caldo sai da moenda
Peneirado e filtrado
Em tubos de PVC
Para as dornas é levado
Depois da fermentação
Vai para a destilação
Tudo bem monitorado
Em alambiques de cobre
É feita a destilação
Primeiro vem a cabeça
Depois vem o coração
Que é a cachaça pura
O produto de finura
Pra nossa apreciação
A cabeçada não presta
Pra beber ninguém agüenta
É alto o teor alcoólico
E queima que só pimenta
Mas serve para lavar
Garrafa esterilizar
E limpar a ferramenta
A cauda que é o final
De toda a destilação
Por conter as impurezas
Mas serve de adubação
Nada é desperdiçado
Tudo é aproveitado
Tudo tem sua função
Dá gosto ir ao engenho
Uma visita fazer
Ver suas instalações
E umas doses beber
Ver um belo patrimônio
Montado por seu Antonio
Que lhe atende com prazer
Desculpe se ainda não disse
O nome dessa cachaça
Seu nome é SERRA LIMPA
Já conhecida na praça
Concorrendo até demais
Com as de Minas Gerais
Sem fazer muita pirraça
Lá é tudo bem limpinho
Muito bem organizado
O pessoal de trabalho
Todo uniformizado
Tem até laboratório
Ao lado do escritório
Com bom gosto equipado
Na sala da casa sede
Na parede pendurados
Exibidos com orgulho
Tem vários certificados
De entidades diversas
Por este país dispersas
Pelos títulos conquistados
Dos prêmios que recebeu
Já é hexa-campeã
Só do TOP OF MIND
Também de inovação
Que a FINEP outorgou
Pois tudo que conquistou
Foi com muita devoção
Seu Antonio Virgulino
O respeito conquistou
A história da cachaça
Na Paraíba mudou
Que o Governo do Estado
Num gesto muito ousado
O imposto até baixou.
Fique certo meu amigo
A SERRA LIMPA É BOA
Ela não lhe dá ressaca
Nunca mais beba à toa
Para não cair no chão
Chegar em casa durão
E agradar a patroa
Se segurem os mineiros
Agora temos padrão
Nós também temos cachaça
Do tipo exportação
O estrangeiro que provou
Depois de beber falou:
Isso é mesmo um “trem bão”
Vários engenhos estão
Investindo na cachaça
Melhorando a qualidade
Com esmero e muita raça
Que um dia vamos ver
Em finos banquetes ter
Alguém tomando uma taça
Pra se ter um diamante
Só encontra quem garimpa
Eu encerro aqui dizendo
Que cachaça mais supimpa
Então aceite o convite
Erga sua taça e grite:
VIVA A NOSSA SERRA LIMPA!
João Pessoa, 2007-11-05
Petronilo Pereira Filho
Bancário aposentado