A contaminação da capital
Nunca agüentei desaforo algum
E num ia ser logo naquele dia...
Sou cabra macho, da gota serena,
Benzido pela parteira D. Maria...
Num sou homem de provocação,
Quando isso acontece viro o cão,
Fico doido e num agüento arrelia
Tenho raiva mesmo é de xibungo,
Bicho metido a besta, espertalhão,
Que acha que é o dono do mundo
E sabe tudo, inclusive de diversão,
Vem com conversinha fora de hora
Chega posudo, malicioso na prosa,
Querendo se crescer aqui no sertão
Começa a conversar cheio da gíria,
Num vou nem contar a vestimenta,
Vem da capital apinhado de malicia,
Com uma ruma de brinco na venta,
As calças frouxas igual a um saco,
Um boné inflável, igual a um sapo,
Arrumando um ponto, ali na venda.
E pra encurtar de vez essa conversa,
Esse abestado apareceu aqui ontonte
Vindo da capital, doido pra se instalar,
Disse: Mané, aqui vou fazer a ponte!
Umas idéias erradas, meio esquisito,
Percebi logo a intenção do maldito,
E aí eu me aperreei, virei rinoceronte.
Peguei de jeito o carcará pela argola,
Dei um solavanco no filho de jumenta,
Disse umas verdades aquele marmota,
Que sertanejo num usa coisa nojenta,
Viver no campo é saudável, sem tédio,
Num carece usar droga e nem remédio
Por isso toma teu rumo e num inventa.