Um beijo cum sabô de fumo
Airam Ribeiro
Peguei u’a cabôca pra bejá
Min disse ôji eu aprumo!
Condo as boca tava a colá
Min senti um sabô de fumo.
Dalí eu sai bem correno
Qui nem ninguém tava veno
Já tava correno sem rumo.
Só despois eu soubi do viço
Qui do fumo vivia a mascá,
Daí pra cá dei um sumiço
E uma cuspição de daná.
Nunca mais eu viéla
To correno da bocadéla
Condéla qué próximá.
Condéla xega na paióça
E qué minhas boca bejá,
Dô descurpa e vô pra róça
Pros mato eu ir capiná.
Minscondo lá na moitinha
Só vorto pra casa a noitinha
Condo é pra min deitiá.
Sua boca tem xêro de estrume
Pras cári nun da nos dente
Estes só vira um pretume
E nun acenta pra certa gente
Cum a boca iscancarada
Joga fora a baforada
Cum um xêro qui todos sente.
Cê besta trem nojento
Tu nun cunhéci a boticáro?
Este teu xêro ninguém guenta
To mudano de tineráro.
Só sô um cabra matuto
Mais na igiêne sô astutu
Num tenho cara de otáro.