Eu Quero a Bolsa Viagra!
 
                                              Um Cordel de Petronilo Filho
 

O Brasil é um país
Cheio de contradições:
Mudam leis e mudam regras,
Sempre após as eleições.
Deputados, Senadores,
Prefeitos, Governadores
Divergem de opiniões

Entre as muitas questões
Pelo Governo criadas,
Foram os programas de bolsas
Pras classes depauperadas.
Como faca de dois gumes,
Têm gerado alguns queixumes
Pras não beneficiadas.

Entre as privilegiadas,
Temos a Bolsa Família,
Fome Zero, Bolsa Escola,
Vale Gás, Bolsa Mobília.
Tem a Bolsa Paletó,
Só falta a Bolsa Forró
Pra dançar, lá em Brasília.

O Governo, na vigília,
Para agradar todo mundo,
Criou também outra bolsa,
Num gesto muito jucundo:
Contemplou a classe gay,
Assinou mais uma lei,
Criando a Bolsa Fundo!

O projeto, oriundo
Do Ministro da Saúde,
Num gesto de compaixão,
Tomou essa atitude:
Com peninha das “menina”,
Vai dar Bolsa Vaselina,
Pra não comprar ataúde!

Há verossimilitude
Com as outras concedidas,
Promovendo o bem estar
E também salvando vidas
Das doenças sexuais,
Que, pelos meios anais,
São aos homens transmitidas.

Muitas foram as medidas
Em prol da rapaziada,
Favorecendo as famílias,
A criança e a gayzada.
E o povo, bem satisfeito,
Agradece ao seu eleito,
Ninguém reclama de nada!

Mas, a última criada
Me deixou muito contente
Para fazer um apelo
Ao senhor, Seu Presidente.
Não estranhe o meu pedido,
Porque faz muito sentido
E é muito pertinente.

Não quero ser exigente,
Mas é questão de direito.
É por isso que eu creio
Ser atendido no preito.
Quero aqui, como eleitor,
Só lembrar que o senhor
Para isso foi eleito.

Pois, já sentindo o efeito
Da velhice que aproxima,
Venho pedir uma bolsa
Para deixar tudo em cima.
Pois meu pinto, em bisagra,
Necessita de Viagra
Para ver se ele se anima!
 
Aqui em casa, o clima
Não está animador,
Pois já estou na meia-idade,
Não tenho mais o vigor
Dos tempos da juventude,
Quando esbanjava saúde,
Verdadeiro predador!

Me dirigindo ao senhor,
Peço a Vossa Excelência
A criação dessa bolsa,
Para evitar a falência
De um membro desanimado,
De um pobre pinto brochado,
Que está perdendo a potência!

Com ajuda da Ciência,
Eu posso ser mais feliz.
Voltar a fazer as coisas
Que, na juventude, eu fiz.
Toda noite eu transava
E meu bilau funcionava,
Como uma bissetriz!

Quero voltar a cerviz
Pra quando era grande amante.
Minha mulher já reclama
Do meu passado distante!
Eu, já perdendo a potência,
Ela, cheia de carência
Dos meus tempos de rompante!

Em tempo muito distante,
O homem era viril.
Se orgulhava dos feitos
Era bravo e varonil.
Mas, depois do tal estresse,
De impotência padece,
Se tornando feminil.

Por esse imenso Brasil,
A saúde é desprezada.
Tem verbas para o Congresso,
Pra saúde é quase nada.
Paga o dobro ao deputado,
Pra um extra convocado,
Sua conta é recheada!

A classe aposentada,
A qual pertence o idoso,
A cada ano se vê,
De modo claro e aleivoso,
Seu salário encolhendo,
Poder de compra perdendo,
De modo indecoroso!

Mulher pergunta ao esposo
Se já pagou à botica.
Ele diz: Ainda não,
Todo mês a conta estica.
Seu remédio aumentou,
O dinheiro não sobrou
Nem pra um chá de arnica!

Então, veja como fica
A minha situação:
Com um dinheiro tão minguado
Não posso ter diversão.
Nem a raiz vuca-vuca
Me salva dessa muvuca...
Vou entrar em depressão!

Peço que seu coração
Dos velhinhos tenha dó!
Pra fazer a alegria
Do vovô e da vovó,
Que já fez até safena,
Que o senhor não tenha pena
Somente de fiofó!
 
O pobre não é fobó,
Nem também o aposentado.
Se os direitos são iguais,
Eu defendo nosso lado.
Aqui faço meu protesto:
Não nos dê somente resto,
Que eu fico muito zangado!

Meu pedido é baseado,
Pela Constituição,
Nos direitos e deveres
Para com o cidadão.
Todos devem ser tratados!
São direitos conquistados,
Sem nenhuma distinção.

Não venha com alegação
Que não tem procedimento,
Que verbas pra esse fim
Não existem, no momento!
Eu tenho uma solução:
Tire um pouco do quinhão
Das verbas do Parlamento!

É só tirar dois por cento
Das verbas dos Senadores
E mais dois dos deputados,
Ministros , Governadores.
Pois não vão lhes fazer falta,
Nossa moral fica em alta,
Para o bem dos eleitores.

Os nossos antecessores
Não usavam vaselina!
E a camisinha, hoje,
Traz uma camada fina
De um gel lubrificante,
Pra tornar mais confortante
O penetrar na vagina.

Bem antes da vaselina
Já havia relações
Entre os homossexuais,
Sem haver reclamações.
Se doía na entrada,
Uma boa cusparada
Resolvia essas questões.

E eu, cá com meus botões,
Fico aqui a meditar:
Se o ministro teve pena
De quem tem fundo pra dar,
Quanto mais do pobre idoso,
Que não sente mais o gozo,
Vendo seu membro murchar!

Por isso venho apelar:
Tem dó de nós, Presidente!
Nos conceda essa bolsa,
Deixe o velhinho contente!
Encolha só meu salário,
Que já é deficitário,
Deixe meu falo potente.
 
Portanto, venho pedir,
Em tempo, aos companheiros:
Tentemos nos reunir
Reclamando, altaneiros.
Onde estão nossos direitos?
Nos pedem votos, nos pleitos,
Indiferença, depois?...
Liberem, pois, o Viagra
Oxente, se a vida é magra,
Onde tem um, gozam dois!
 
Finalizando, ora pois,
Insisto agora em dizer:
Leitor amigo, agradeço,
Honras sei que não mereço!
Obrigado e até mais ver!

Petronilo Filho (Petró)
João Pessoa-PB, 12/02/09
 
E o Compadre Lemos faz a crítica:
 
Na Minha Modesta Opinião:

Meu Compadre Petronilo
Se mostrou bem corajoso,
Ao compor este Cordel
Em favor do nosso idoso!
Espero que o Presidente,
Já sentindo a dor da gente,
Conosco seja bondoso!

Mesmo porque seu gostoso
Mandato vai acabar.
E ele, chegando em casa,
Desculpas não tem pra dar.
Pois tempo vai ter bastante
E atenção, a todo instante,
Alguém lá vai lhe cobrar!

Se o projeto ele aprovar
Vai poder se inscrever.
Sua dose de viagra
Ele também vai querer!
Tem tudo para dar certo
Pois, se ele for esperto,
Vai logo nos atender!

Por fim, eu quero dizer
E digo, com alegria:
Petronilo demonstrou
Ser um Mestre em Cantoria!
Nos fez um Cordel jocoso,
Que ficou bem saboroso,
Sem conter pornografia!

E, no nosso dia-a-dia,
É isso que nós queremos!
Sejamos irreverentes
Mas apelar não podemos!
Petronilo foi perfeito
E recebe, por seu feito,
O aval do Compadre Lemos!


Valeu, Compadre Petronilo! Continuas um Grande Cordelista, como sempre! Benza, Deus!..


Parabéns!!! Eperamos que a eidição em Folheto saia logo!

 
                     
                                 Sobre o Autor:
 
Bancário aposentado, poeta nas horas vagas, Meu Compadre Petronilo Filho, natural de Catolé do Rocha-PB, hoje residente em João Pessoa, gosta de ler um pouco de tudo.

Tem muitos amigos e gosta de fazer caminhadas. Tem boa saúde, uma família maravilhosa, gosta de cozinhar e de se atualizar com o que acontece no mundo.

É Espírita Kardecista e estuda a Doutrina dos Espíritos há vinte e um anos. Gosta de fazer amizades, sair, às vezes, nos finais de semana, para dançar e conversar com os amigos.

Tem quatro filhos: uma mulher e três homens, todos adultos.

Sua esposa, Minha Comadre Neneca, além de esmerada dona de casa, é poetisa de muita competência e sensibilidade!

Eu digo sempre que, se eu nascesse de novo, gostaria de nascer filho ou irmão de Petronilo. Filho ou irmão de sangue, claro, pois, no que se refere à Poesia, à Doutrina Espírita e ao modus vivendi, nós já o somos!


Perfil de Petronilo Filho no Orkut:

http://www.orkut.com.brMain#Profile.aspx?uid=16924865463193973053


                             

                A sua bênção, Meu Mestre!



                                                      

Compadre Lemos
Enviado por Compadre Lemos em 17/02/2009
Reeditado em 01/08/2010
Código do texto: T1444070
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