POBRE VAI PRESO, POR ROUBAR UM REAL E VINTE CENTAVOS.

Sujeito passa na igreja

E resolve roubar a “santa”,

Um real e vinte que rouba

Nem a sua fome espanta.

Preso, vai parar na cadeia

Num país de sacripanta.

O Luciano Nascimento

De sobrenome dos Santos,

Um pobre desempregado

Para cadeia foi aos prantos

Por ter roubado um real.

Lá, ladrões de milhões quantos?

Corregedor da Câmara

faz castelo de milhões.

Sonega o INSS

Pode ser um dos anões,

Está solto a rir de nós

Conversa com seus botões.

Governo gasta com gel,

Mas faminto vai pra cadeia.

Incentiva dar a bunda

Que é coisa muito feia,

Porém não combate a fome,

Que no nosso país campeia.

Justiça mandar soltar

Quatrocentos mil bandidos,

Assaltantes e ladrões.

Foram todos absolvidos.

Até mesmo estupradores,

Já estão sendo remidos.

No roubo do mensalão

Satiaghara e ambulância

Todos os acusados soltos,

Justiça com arrogância,

Proíbe uso de algemas

Pra ladrão com elegância.

Agora um pobre coitado,

Que quis matar a sua fome,

Vai preso e sofre abusos,

Veja lá se não lhe come.

Jamais haverá reparo

Nem que pranto ele derrame.

No mundo de falsidade

só vale mesmo quem tem.

Ladrão é somente aquele

que rouba pouco, vintém.

Porém quem rouba milhões

com eles vai viver bem.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

FORTALEZA, FEVEREIRO/2009