COMENTÁRIO ENVIADO PARA O TEXTO
“Missiva pra Cumpádi Pedrin Goltara”
= De: Airam Ribeiro =
 

 
Amigo Airam!
Estou passando para saber noticias suas, cumpádi!
Me diga se já está melhorzinho,
mais confortado, mais feliz!

Dê noticias, meu amigo!
Sódadi docê!!! Beijos em seu coração.
Fique com Deus!
(Milla)



 
CARTA PARA MARIA EMILIA
(Airam Ribeiro)
 
Cumadi Emília vortei
Jatô aqui no batenti
Um poquim já miorei
Dasdô qui a gente senti
Pro zamô num tem idade
Pôca zóra de feliciodade
Nun foi pôca, tô cienti.

Quarqué tanto qui a gente tem
Se a gente subé mermo amá
O tempo estará mutio além
Das coiza qui a gente qué garrá.
Nove ora cum minha netinha
Foi esse o tempo qui eu tinha
Dum certo tempo, num certo lugá.

De Deus nóis tira a sabença
Do vai e vem a incarnação
Cabe a nóis vê a ciênça
Sem fazê cumpricação
Ninguém taqui pra sumente
Condo vai a gente sente
Pruquê vivemu de emoção.

Tomém tava cum sodade
Dessas nóça brincadêra
Mais min diga cum ceridade
Jatá trorceno pro parmêra?
Esse é um time gostozo
Cê deve segui seu ispozo
Qui é seu amô de premêra.

No mais nois tão viveno
Com cada vida qui a gente tem
Cada ano vai trazeno
Vida nova para argúem
Um beijo no seu coração
E um abraço deste irmão
Qui nun cansa de te querê bem.

 
 

CUMPÁDI – RICIBI SUA MISSIVA
(Maria Emilia Pereira = Milla)
 
 
Meu cumpádi bão baiano
Ricibi sua missiva
Qui ocê tá me falâno
Dessa vida - roda viva
Eu já tava isperâno
Quarqué hora, quarqué ano
Nessa lida cansativa!
 
Nós passêmo os confrito
Que a sorte nus impõe
Mai sigurêmu os grito
Qui a nossa dô compõe
Mai num fiquêmo afrito
Pois im Deus eu acridito
Ao már Ele se opõe!
 
Mai, falâno im brincadêra
O qué qui ocê me diz?
Eu - torcê pelo Parmêra??
Só si eu fô muito infiliz,
Sô Curintiana, intera
I num vô fazê asnêra
Prá num perdê meu verniz!

Vô terminâno essa carta
Cum grande abraçu e um bêjo
Amizade aqui num fárta
Ti vê bem - é meu insejo.
Um dia nóis vai si vê
Filicidadi procê
É tudim qui eu desejo!

 


A nossa querida Claraluna
- Minha doce maninha Ulli -
Deu uma fugidinha do Hospital
E veio nos alegrar com sua presença:



A Fuga du ospitá
(Hull De La Fuente)

Eu fugi lá du hospitá
Todu mundu uma simpatia
Dum tratamento inferná
A tar quimioterapia
Pra vim cá cantarolá
Vô vencê cum aligria.

Eu num vô tomá remédio
Qui atrapaia a razão
E vai mi dexá nu tédio
Cum a mente im confusão
Inquanto eu pudê lutá
I tivé ocês cumigu
Nada vai mi derrotá
é muitio bão tê amigus.

Quirido cumpadi Airão
E Milla minha maninha
Num brigui cumigu não
Eu só dei uma escapdinha.
A dô hoji foi imbora
Pelu podê da oração
Já tô sintino miora
Num brigui cumigu não.

Amenhã eu vô vortá
Pra sigui o tratamento
Oração eu vô ganhá
Eu num vô tê sufrimentu.
Elis vão furá meus braçu
pramodi sangui coiê
É novu ixami qui façu
Depois conto pra ocê.

Deixu aqui minha sodadi
Parti du meu coração
Como é bom tê amizadi
qui só nus dá emoção.
Agradeçu o carinhu
Di todu mundo daqui
O Recantu é o doce ninhu
Ondi canta o bem-te-vi.

Maninha, obrigada por seu carinho,
dê meu abraçu pra todo mundo daqui.
Fica cum Deus. Beijos, Hull.


Ara, fia, num faiz issu
Ocê num vá mais fugi
Tome jeito, dêxa dissu
Mais a sódadi sinti!
Ocê trate de ficá
Lá dentro du ospitá
Pra módi tudo sumi!
(Milla)


O brilhante poeta Oklima
veio nos dar o prazer
de sua companhia:

Não bastasse à viola o som meloso,
nem a voz do poeta se bastasse,
caberia, entre as musas novo impasse:
versos, viola, voz, qual mais gostoso?
Um martelo à galope mavioso
não tem nem há de ter substituto.
Da poesia em cordel, que aqui desfruto,
que ela alcance o sem fim da eternidade.
Poeta com tamanha qualidade
eu ressalto infinito e absoluto.

Odir, de passagem,
interagindo, sem ser chamado,
na poesia de cordel de Maria Emília Pereira.



Ô, poeta, não precisa
convite para entrar.
A honra da poetisa
É seus versos publicar.
Venha sempre que puder
Escreva o que quiser
Muita alegria vai dar!
(Milla)


Eu me sinto intometido
quando vou sem ser chamado.
È como o velho ditado
por mim há muito aprendido:
"Não passa dum atrevido
quem não retira o boné
quando reza a sua fé
ou entra na casa alheia
sem convite, pede a ceia
e depois pede café.
 
Odir, de passagem,
agradecido pelos versos de hospitalidade
de Maria Emília Pereira.

(Oklima)
 
Um bão dia procêi
Vô logo desejâno
Pra Airão,meu cumpáde
Um bração vô mandâno
Pra cumáde Milla
Um quêjo tô enviâno.
 
Falo pra cumáde Rose
Tem um bôto suspirâno
Lá no rio Tapimirim
Pra Vía Véia vortâno
Vai ficá só o quati
Na ingazêra pendurâno!
 
Falâno munto sério
Nêsse nosso caipirês
Rézo pruma Cumáde
Tomêm amiga diocêis
Nossa Ulli de La Fuente
Que se cure nêsse mêis!
 
Ulli é só fromozura
Que ainda num cunhicí
Vô no finár do ano
No meu jeguím vô parti
Percízo cunhecê ela
Pra nóis se divirtí!
 
Mândo um recado agora
Que chêgue munto urgente
Pro peçoár lá du Hospitár
Segurá a Hul de La Fuente
Nóis qué ela curadinha
Bem bunitinha e saliênte!
 
Beijos pra Milla..
Breve recuperação pra Claraluna (Ulli)
Beijos pras mulheres, abração pros homens.
(Pedrinho Goltara)
 
Tô chegando ness’horinha
Da consurta nu dentista
Fui fazê u’a visitinha
Prá num dá munto na vista
Tratá o canár du denti
I sorri – qui nem artista!
 
Tumêi treiz anestesia
Puis tava tudo inframadu
Pra abri essa ingrisia
Qui tem duídu um bucadu.
Mai agora tô mió
U nervu já tá tratadu!
 
Gardêçu us nossu amigo
Meus e di Hull de La Fuente
Qui istivéru cumigo
E u baiano surridente.
Nessas carta di amizadi
Qui nos dêxa tão contenti!
 
Ulli, minha irmãzinha,
Pela força dessa fé
Já se senti milhorzinha
Atravessâno a maré
Supera tudo cum garra
Pois é uma grande muié!
(Milla)