DESPETALOU-SE
Era vermelha, muito perfumada,
De folhas verdes como a esperança,
Mas de repente, fora arrancada
Do habitat natural pela ganância.
Viveu tão pouco, coitadinha dela,
Nas mãos estranhas que a acolheu,
Despetalando-se tão antes da hora.
Que entristecida, só se recolheu.
Deixando apenas seu perfume doce,
Que todo ar da sala absorveu
E por mais linda que a rosa fosse,
Só a lembrança ali permaneceu.
Lembrança esta, que nunca se esquece,
E que saudade há de se chamar
Daquela rosa singela, feito prece,
Daquela rosa que me fez chorar.
E é lembrando-me dela, docemente,
Que de certa forma, tento descrevê-la
Talvez nem saiba verdadeiramente,
Porque guardei todas as pétalas.
Brasília, DF
Registrado na Biblioteca Nacional