BOLERO, O BODE CASAMENTEIRO
(Hull de La Fuente)
Bolero nasceu pretinho
Pra incutir mais terror,
Desde a barbicha ao focinho,
Seus chifres, puro pavor.
Na chácara ele vivia
Junto com a bicharada,
A gurizada que o via
Fugia toda assustada.
Bolero corria atrás
Com seu jeito apavorante,
Nem mesmo o capataz
Podia com o possante.
Até o dia em que ele entrou
Na cozinha de Maria,
Mas pouco tempo ficou,
Do tanto que ela o batia.
Bolero dançou bonito,
Do gesto se arrependeu,
Berrou mais do que cabrito
Valentia arrefeceu.
Maria vitoriosa
O expulsou a vassourada
E o bode em polvorosa
Quase virou carne assada.
Maria, a cozinheira,
So tinha na vida um medo,
Temia ficar solteira,
E não fazia segredo.
O capataz viu a cena,
Com Maria foi falar
Achou que valia à pena
Com a cozinheira casar.
O casamento marcado
Sem luxo e sem lero lero,
Foi por um bode arranjado
O ex-valente Bolero.
Por isso as alianças
Adivinhem quem levou
Não foi nenhuma criança,
Foi o bode, sim senhor.