Lágrimas por um pão

Era noite de natal

Joana e Sandoval

Foram fazer as entregas

Na casa da burguesia.

&&&&

Cada qual com uma troixa

Foram à casa da madame

Sua mãe muito cansada

Ficou em casa com fome.

&&&&&&&&&

Ao chegarem à mansão

Latia o cachorrão,

A senhora disse entrem

Que ele não pega não.

&&&

Na cozinha só se via

Comida de regalia

Joana com muita fome

Ficou ali a respirar

Queria encher a barriga

Com o cheiro a exalar.

&&&&&&&&

Ficou ali um tempinho

Esperando o dinheiro

Era grande o desespero

Das tripinhas da barriga

Que fazia um festeiro.

&&&&&

Depois de algum tempo

A senhora indagou:

Vocês ainda estão aqui,

Ah já sei, o dinheiro?

Digam a sua mãe!

Que depois passo por lá.

É que agora, estou sem tempo.

Muita coisa pra aprontar.

&&&&&&&&&&&&

Os dois saíram dali

Triste que só peru

Em casa não tinham nada,

Nem carne de urubu.

&&&&&&

Sandoval disse Joana

O que nós vamos fazer?

Mamãe está com fome,

E mandou nós recebermos.

Vamos confiar em Deus,

Pior não pode ficar.

Se for pra morrer de fome,

Nós temos que aceitar.

&&&&&&&&&&

Ao chegarem ao barraco

A mãe estava a esperar

Estava de bucho cheio

Não demorava a ganhar.

&&&&&&

Foi dizendo: Compraram o que?

Passaram no armazém?

Não fiquem tristes meninos

Pela ceia que nós temos.

Pão com salame é bom

Já estou até me lambendo.

&&&&&&

Joana disse maminha

Não compramos nada não

A mulher não nos pagou

Disse que depois,

Passa aqui!

Pois tava sem tempo hoje,

O que a gente ia dizer?

Saímos caladinhos

Sem saber o que fazer.

&&&&&&&

Tudo bem meus filhos

Vamos rezar e dormir

Assim a fome passa

Amanhã ela vem aqui.

&&&&&&&

Agradeceram a Deus

Por tudo que eles tinham

Deitaram em suas camas

Sem ódio, e sem agonia.

Pois sabia que um dia!

Deus lhes daria valia.

Embora as lágrimas rolassem

Por um pão que agonia.

&&&&&&

Não demorou muito

Quando um carro buzinou

A mãe levantou correndo

Pra ver o que sucedia.

Era a senhora das roupas

Que entrava com alegria.

&&&&&&&

Disse não acreditas!

Por que eu aqui estou?

Deus tocou em meu coração!

Para eu trazer-lhes pão,

Presentes! Aceitem é de coração.

&&&&&&

As lágrimas daquela mãe

Caia sem mais parar,

Era milagre de Deus

O qual, não estava a esperar.

&&&&&&&&

O que a senhora trouxe!

Dava pra um mês e muito mais,

Tudo isso foi à fé!

Daquela mãe Nazaré

Que não reclamou jamais,

De um Deus que tudo faz.

Autora: Alda Cristina