DEPOIS DE TANTA CHUVA...
Ultimamente tem chovido
Muito em Minas Gerais
Também no Rio de Janeiro
Surgiram grandes temporais
Lá em Santa Catarina
Dezenas de vítimas fatais.
Aqui no Espírito Santo
Trombas d'água sem piedade
Destruiram muitas lavouras
Inundaram muita cidade
Agora, nas feiras aparecem
Produtos de má qualidade.
Maracujá tá enrugando
Pepino já amarelou
Até o amargo do jiló
Parece que se alterou
Mas os preços, meus leitores,
So isso mesmo aumentou.
A rapadura ficou molenga
Até banguelo tá mordendo
A mandioca endureceu
Ouvi uma mulher dizendo
Subiu até o famoso fumo
Vi uma velha esclarecendo.
Os tomates, com anemia
As bananas diminuiram
Prata, ouro ou nanica
As " da terra " já sumiram
O jeito foi pegar pequenas
Que as feirantes dividiram!
Tinha uma mulher vendendo
Na companhia do marido
Um fruto de nome caqui
Em todo lugar, conhecido
O marido vendia mandioca
Tava um caso divertido!
Enquanto ele gritava:
" Mandioca boa do sertão "
A mulher pegava no troço
E gritava em alto tom:
" A mandioca tá bem grossa
Mas só caqui que é muito bom!!! "
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Minha cumádi Claraluna também esteve na feira, e viu ainda mais problemas.
Eu vortei pra comentá
Essa chuva capixaba
E essa feira populá
Qui vendi inté bicharada.
Eu comprei um papagaio
Pramodi insiná falá
U bicho era urubuguaio
Vortei lá para trocá
O vendedor salafrário
Já num tava no lugá.
Aluguei uma canoa
Pra andá pela cidadi
Quano eu tava numa boa
Chegô uma autoridadi
Exigiu uma propina
Modi a canoa eu usá
Intonci vortá da isquina
Ou num saí du lugá.
Cuma a rua era uma piscina
Eu saí mermo a nadá.
Cheguei na rua da Feira
Vi us pipinu boiano
Que as água in corredeira
Pru bueiro ia puxano
Seu Manuel, o português
Gritava salvi as batata
Olhano cum avidez
Para as pernas da mulata.
Que usava short xadrêz
e uma curtissima bata.
O cáos istava instalado
Lá na banca de mandioca
Pois tudo tava istragado
Reclamava siá Maróca
Lá num havia caqui
Mas tinha cem melancia
E alguns abacaxi
Que os feiranti cumia.
Sujêra pra todo lado
Aí meu Deus qui agunia.
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Cumádi Rose também veio falar das chuvas e do calor que tá fazendo em Cachoeiro:
Óia meu primu pedrim
Aqui tomém acunteci
No meu Itapemirim
Até us peixe si aburreci
I tantus otrus bichim
Qui na chuva si adueci.
Us cavalu num pricisa
Abaxar prá bebê água.
I as véia cum coriza
Pur que molho as anágua.
Até uma poetisa
Tava afoganu suas mágua.
Hoje na televisão
Falô qui num vai chuvê
Mais feiz mermu um calozão
Qui num deseju pr’ocê
Qui é um cabra dus bão
I num mereci sofrê.
Mai eu é qui num sô boba
Vô lá pras banda das praia.
Levu aligria em arroba
Prá velejá nas catraia.
Si pricisá viru loba
I tomu sopa di arraia.
Mais num vô ti abandoná,
Di veis im quandu eu venhu
Prá modi’ocê visitá
Qui ficá ligada eu tenhu
Prá um pôco trabaiá
Dus versu num abstenho.