QUEM É A MULHER DO CÃO?

-Um causo timbaubense-

Doralice é uma moça

Que de moça não tem nada;

Faz na cama, no banheiro,

No terreiro e na escada.

Da fruta prova de cacho,

Come tudo que é macho,

Bem dizer, vive pelada!

E Dôra se apaixonou

Por conhecido ladrão,

Que o povo famigerou

Pelo apelido de “Cão”,

Matador por profissão

Que já era emansebado

Com outro couro furado;

Pia mesmo a confusão!

Quando a nega do cachorro

Dava uma vacilada,

Dôra subia no morro

Só pra dar uma pimbada,

Mas de tanta cachorrada

O boato se espalhou

E a outra escutou;

Tava a briga arrumada!

Deu-se, no lavrar do tempo,

O encontro inesperado

E formou-se o contratempo...

A mulher do procurado,

Já de dedos apontados

Na mêi da cara de Dôra,

Disse: Sua traidora,

Vou lhe dar o meu recado!

“Sou bafo da espoleta,

Nunca perdi uma briga

E não vai ser uma preta,

Do bucho chêi de lombriga,

Que vai quebrar minha viga!

Eu sou a mulher de cão!”

E Dôra disse: Então,

Fico sendo a rapariga!