Um Cuelhu Foragidu


Hull de La Fuente

 
Notícia para o cumpadi Airam Ribeiro. Ele cismô que o cuêlhu dus Jardins de Tulheries era o seu cuêlho qui abandonô a muié cum us vinte fio cuelhim, lá na Bahia. Óia  só que acunticeu cum seu cuêio, a prova taí...
 
 

Quano eu viajei pra França
Eu prumeti percurá
Um cuêlho chei di lambança
Qui andava iscundido lá,
Pra prucurá u tar cuêlhu
Qui já deu o qui falá,
Inté raio infravermelhu
Foi pricisu utilizá.
Nóis metemu us bedelhu
Nas puliça federá.
 
Mas a puliça da França
Ondi o causo cumeçô
Pra minha discunfiança
Cum o cuelhu si aliô.
Dissi que o cuelhu di lá
Nunca andô pela Bahia
Mais nu meu interpretá
Os puliciá mintia,
Foi perciso eu apelá,
Inté pra virgi Maria!
 
Mi falaru qui o tar cuêlhu
Qui o cumpadi Airam buscava
Praticô uns distrambelhu
E na prisão si incontrava
Mi derum inté o indereçu
Daquela prisão francesa
I  assim foi u cumeçu
Dessa nossa grandi impresa.
A informação agradeçu
Mais tivemu uma surpresa.
 
O seu cuêlho é quem custura
Uniformi na prisão
Óia só qui belezura
Uniformi in exibição.
A Cacau minha sobrinha,
Gostô da blusa pintada
Veja cuma é bonitinha
A cara do cuêlho bordada
Na verdade é paetê,
Na foto documentada.
 
U seu cuêlho, meu cumpadi,
Na prisão é um sucessu
Vendi inté para o Japão
Uniformi dos pregressu.
Us presu di lá são machu
Cum pinta di Mariquinha,
Nos cabelu fazem cachu,
Pra falá franzi a boquinha,
Dançam Aché, saia di baixu,
Comem xinxim di galinha.
 
Ele diz que num tem fio
E que num devi pensão
E lançô um disafio:
Os filhoti é du Airão.
Nóis falô cum a Interpol
Pidino a ixtradição
Mais inté o futibol
Entrô na apelação.
O seu cuêlhu entrô pru rol
“Procuradu das nação”...
 

***

Jacó Filho

Na histora desse cueio, 
Num vou meter minha cuié
Pois posso morrer no meio, 
De quem fugiu de sua muié
Só pra ir fazer recreio,
Lá onde francês num quer.

Apostando na muinéca frouxa, 
Dos machos daquele país,
Ele foi meter seu narís.
E fugiu com a cara roxa
Da terra da vaca moxa, 
Qui o povo chamam Paris.


***



Meu cumpadi Jacó Filho
Esse cuêio é um salafrário
Borda as ropa cum vidrilho
Vendi caro, o ordinário.
Mas num qué pagá pensão
Pros fio dexado aqui
Hoji mora na prisão
num vai mais saí dali.

Hull de La Fuente

***


O CUÊIO ALFAIATE

(Airam Ribeiro)

Cumadi da licença
Pra de novu eu intrá
Mas tenha a paçiênça
Mais u'a vez de min iscuitá
Os cuêi fio cresceu
E pro mundo dizapariceu
Cada quá pros seus lugá.
 
A cuêia mãe coitiada
Cum a casa xêia de cuêi
Ficô dizamparada.
Qui sarvô cuma nun sei.
Agora vévi mais tristinha
Sem o cuêi na sua vidinha.
Pra ela ancim preguntei:
 
Dona cuêia cê ta sabeno
Onde ta seu cuêio fujão?
Vi u'a amiga dizeno
Quêli ta numa prisão
Disse quêli é arfaiate
Fazeno todos arremate
Nu'a cadeia desse mundão.
 
Pelo qui já foi falado
Ele é bom custuradô
Custura pruns cabra viado
Qui na cadeia ele incrontô
Custura edicetra e tal
Inté u'a bruza pra cacau
Esse cuêi foi fazedô.
 
Na merma ocazião
Manda um recado pra sióra
Qui num vai pagá pensão
Para os cuêi qui foi simbóra
E qui os cuêin tudo era meu
Num cruzamento da sióra e eu.
Já min botáro nessa históra!
 
Cumadi Clara intão
Cuma a históra vai treminá
Cuêia cruzá cum Airão
Cuma é qui vai ficá?
Ancim nun vai da mais
Nóis já foi longi dimais
É bão essa históra pará.
 
Dexa o dito pur não dito
Esse cuêi é um discarado
Ah! Meu santo Expedito
Dexa ela lá mermo trancado
Pra mais cuêio ele nun fazê
Ancim pesso pra vosmicê
Da pra interpol este recado.
 
Abração minha cumadi
Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 05/01/2009
Reeditado em 05/01/2009
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