MOTE DO ABSURDO
(Mote de Zé Limeira, o poeta do absurdo)
Eu, caba homem, valente
E conhecido matador
Sei como imprimir a dor
No corpo de um vivente
Mas, meio que de repente,
Tua fulô sem espinho
Brotou bem no meu caminho
E como eu não sei amar
NO DIA QU’EU ME ZANGAR
MATO VOCÊ DE CARINHO!
Já dormi engaiolado
Por desacatar doutor,
Meter bala em senador,
Dar bufete em delegado;
Mas hoje tou enlaçado
Na vida de passarinho,
Ganhei parelha no ninho,
E nesse amor de lascar
NO DIA QU’EU ME ZANGAR
MATO VOCÊ DE CARINHO!
No meio desse escarcéu,
Minha fúria foi ferida
Por tua face bandida
Que me conduziu ao céu.
Tua beleza é cruel,
Pôs-me num redemoinho.
Mas sou forte, não definho
E sei como me vingar
NO DIA QU’EU ME ZANGAR
MATO VOCÊ DE CARINHO!