VOTOS DE FELIZ NATAL
VOTOS DE FELIZ NATAL
J.B.Xavier
- Passa o fumo, meu cumpade
Que masco que nem chiclete,
Esse é bom, barbaridade,
E me passe o canivete!
Me passe também, ligero,
A paia do milharal,
Que vô enrolá um paiêro
Desses que não fazem mal.
A fumaça fez um anel
E subiu rodopiando
Enquanto o matuto, o fel
Continuou destilando:
- Meu cumpade, vô dizê
Tudo o que tá intalado
E tu vai reconhecê
Que tô certo no meu lado.
- Eu é que vô te dizendo
Que tu tá é muito errado,
As coisa que tu tá vendo
Tem também um outro lado!
- Quê outro lado, que nada!
Tá tudo de ponta-cabeça!
Nessa era avacalhada
Não há lei que se obeceça!
Sô gente simpres, da terra,
A ninguém eu faço má,
Mas só se fala na guerra
Nesses dia de Natá.
Recebi tantos cartão
Que a conta inté perdi
Mas eu não vi coração
Nas carta que recebi!
E no Natá todo mundo
Parece que enloqueceu
Pois manda cartão profundo
Até pra quem já morreu!
E mesmo Jesus Menino
Tendo vindo para a Paz,
Esse mundo, em desatino
Se mostra tão incapaz!!
Briga os vizinho no prédio,
Briga empregado e patrão,
Que até já fico com tédio
De assisti televisão.
Briga os ministro entre si,
Briga a muié e o marido,
Palavrão que nunca ouvi,
É agora proferido!
Briga mestre e estudante
Briga os guri pelas rua,
Briga a amada e o amante
Por não querê mais sê sua.
Briga o filho contra o pai,
E briga o pai contra o filho,
Se um volta o outro vai,
É sempre o mesmo estribilho.
Briga o padre com a freira,
O amigo com a amiga
E tudo o que é sujeira
Vai logo virando ferida.
Briga o pastor cas oveia,
O cretino empedernido,
E tome sopapo na orelha,
Da polícia, no bandido.
Briga os amigos que um dia
Se entenderam por anos,
E briga o pai com a fia,
Já puto com seus enganos.
E grita o bispo mais cedo
Pensando que sou otário
Querendo que, pelo medo,
Eu lhe entregue o meu salário!
E ouço o bispo, ao léu,
Me dizendo o tempo inteiro
Que pra me mandá pro céu
Precisa de mais dinheiro.
A fábrica assinta o cliente,
O supermercado, o otário,
Que por freqüenta-los sente
Que sobra mês no salário.
E briga dotô e jurados,
Fazendo aquele escarcéu,
Enquanto tranqüilo, ao lado,
Dá um sorriso o réu...
Briga chefe e secretária,
Que pensa que ela é trouxa,
De deixar mão salafrária
Correr pelas suas coxa...
Briga os irmão pela herança,
Briga os cunhado infame,
Mantendo viva a esperança
De pôr a mão no “arame”
Sai na porrada os machão,
Briga as bichona afetadas,
Eles, devido à paixão,
Elas, nas bofetadas.
Eu vou guarda meus cartão,
Os que ganhei desse povo,
Que para o ano, bem sei,
Vou ver tudo isso de novo!
- Tu tem razão, eu me engano!.
Não adianta mensagens,
Se, pelo resto do ano
Nóis só fizé sacanagens
* * *