BABAÇUAL
- O CACÓFATO E O DISCURSO -

 

O Maranhão é a terra

Onde tem mais babaçu.

No Nordeste pé de serra

É a fartura do caju.

Foi por isso que um político

Que queria a governança

Com fama de ser um crítico

Meteu-se nesta lambança.

 

Foi durante um comício

Lá pra bandas de Caxias

Quando ele deu início

A sua longa cantoria.

Para angariar vantagem

Com o incauto eleitor

Saiu-se com esta imagem

O tão famoso doutor.

 

Maranhão terra bonita,

Onde o "babaçu abunda",

Onde a mulher catita

É batizada Raimunda.

Se o "babaçu abunda"

É porque tem muito azeite

E assim nossas Raimundas

Vão tirar do coco o leite.

 

São mulheres valorosas

Das  terras secas e cisternas,

Valentes com seus machados

Que seguram entre as pernas.

Manejam bem o facão

As Raimundas desse estado,

Para garantir o pão

Pra o marido e agregados.

 

Quando o babaçu abunda

Como aqui no Maranhão,

A riqueza é fecunda

Ninguém passa fome não.

No interior do Estado

São José do Ribamar,

O babaçu é catado

Pra impotência curar.

 

Homem, mulher e criança,

Nessa bela catação,

Do babaçu que abunda

No estado do Maranhão.

Quando eu for governador

Deste grande babaçual,

Decreto que o eleitor

Nunca mais vai passar mal.

 

E assim o candidato

Conseguiu se eleger,

O seu discurso de fato

É pra ninguém esquecer.

Se o babaçu abunda

Com um cacófato famoso,

É pra que ninguém confunda,
Ele foi vitorioso.

(Hull de La Fuente)

***
 


Participação do Cordelista Airam Ribeiro. Obrigada querido amigo e parceiro do Sexteto.

 

BONITO O SEU CORDÉU, PRA OCÊ TIRO O XAPÉU.

Quando cheguei no interiô
Meu tio mandô eu trocá
Meu titulo de inleitô
Para na hora de votá
Para quarqué argum prefeito
Qui fosse bom e dereito
Ou intão um vereadô.

De titu novo na Bahia
Intão vêio as inleição
E óia o qui se uvia
Nos palanque as falação
Foi nun discurso de Dolírio
Qui o povo intrô in delírio
Pro causa da gozação.

Ancim ele discursava
Com toda impolgação
E ancim ele intão falava
De riba dum caminhão.
Falava então das estrada
Que estava esburacada
Pareceno peneira no xão.

E falava de riba da boléia
No palanque do caminhão
Vô tampá os buraco das véia
Pruquê as nova ta in questão
Se min ajudá Nosso Sinhô
O prefeito e o o guvernadô
As véia nun vai tê buraco não.

Airam Ribeiro

***

Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 09/12/2008
Reeditado em 10/12/2008
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