CANTORIA

Eu vi um poeta montado

Num martelo galopando

Esvoaçando os cabelos

O martelo em pelos

E o poeta abraçado

Correndo na margem do rio

Como se estivesse amarrado

No martelo galopado

Por um fio de cabelo

Não sei se era Davi

Absolon ou Salomão

Mas, tinha força de Sansão

O poeta em seu martelo

Fazia poema belo

Sem se afastar do tema

Galopando no martelo

Pra (de)pendurar num cordão

A fina corda - o cordel

E em dez folhas de papel.

Faz das tripas coração.

O adversário era cobra

Em versos e cantoria

Invocava os seus deuses

E também a Virgem Maria

De dia afinava a viola

De noite – (a) fina poesia

E, como a cobra, joga o bote

O repentista dá o mote

E começa a cantoria.

O mote que lhe vou dar

Digo logo em repente

O Filho do homem não mente

Jesus Cristo é meu parente

Você pode acreditar.

Foi nas botas de Caná

Acredite, eu estava lá

Quando o vinho veio a faltar

Maria estava presente

O filho do homem não mente

Jesus Cristo é meu parente

Você pode acreditar.

Jesus Cristo é meu parente

Pois eu também fui convidado

Para a festa de Caná

E Maria estava presente

O Filho do homem não mente

Jesus Cristo é meu parente

Você pode acreditar.

Vou mudar então, o mote

Já que você não tem dote

Para comigo cantar

O filho do homem não mente

Jesus Cristo é meu parente

Você pode acreditar

Então, vou lhe dar outro mote

Vai precisar de mais sorte

Pra comigo pelejar

Disso você entende:

Se o vinho do amor faltar

Peça à mãe que o Filho atende.

O milagre de Caná é fato

Pra se tirar ensinamento

O amor é o fermento

Se o vinho do amor faltar

Peça à mãe que o Filho atende.

O vinho também pode ser

Tudo que se venha a precisar

Na vida espiritual ou no lar

Maria nos surpreende

Se o vinho do amor faltar

Peça à mãe que o Filho atende.

Jesus já havia escolhido

No seio da família nascer

Também na festa Caná

Para o milagre fazer

O vinho desceu do céu

Embriagou muita gente

Se o vinho do amor faltar

Peça à mãe que o Filho atende

O milagre de Caná é fato

Pra se tirar ensinamento

O amor é o fermento

Que leveda a família

O vinho também pode ser

Tudo que se venha a precisar

Na vida espiritual ou no lar

Maria nos surpreende

Se o vinho do amor faltar

Peça à mãe que o Filho atende.

Antes de voltar pro céu

Jesus sua mãe entregou

Aos cuidados de João

Que pra sua casa a levou

Não sei quanto tempo viveu

Nem sei se ela morreu

Ou se ainda está com a gente

Até o Filho voltar

Se o vinho do amor faltar

Peça à mãe que o Filho atende