Só restou o pano da bandeira
Por Airam Ribeiro
Bandeira que desfralda
Não fique no teu acalanto
Desce e venha enxugar
Nossos derradeiros prantos
Desamarre deste mastro
E nos tire desse canto.
A escuridão é intensa
E os teus filhos se perderam
Teu verde não é mais verde
Ante o fogo se arderam
E a tua bacia fluvial
Os poluidores beberam.
Teu branco não representa
A paz tão almejada
As drogas que adentraram
Deixa tua gente apavorada
E cada dia está crescendo
A violência malvada.
São muitos os corruptos
Desejando o teu ouro
Que as manchas do amarelo
Simboliza nosso agouro
E a ganância pelo poder
Levam-nos ao matadouro.
Teu azul já não representa
Nem o céu nem o mar
As estrelas estão morrendo
Já pararam de cintilar
Na tua ordem e progresso
Não podemos mais pensar.
Há desordens em tuas camadas
Que a gente já não agüenta
O progresso simboliza
O desemprego que aumenta
E lá fora nossos vizinhos
É o que mais se comenta.
Teus filhos são emigrantes
Em busca do alimento
Já procuram em outras pátrias
O motivo do sustento
E de lá vivem torcendo
Pelo desenvolvimento.
Deverias ter outra cor
Pra simbolizar tanto imposto!
São muitos ó bandeira
Estamos com desgostos
Desça daí deste mastro
E traga-nos um conforto.
Para que tu serve bandeira!
Ah! Mas ainda tens o pano!
Enxugai as nossas lagrimas
Não somos mais soberanos
Não podemos mais acreditar
Nestes políticos levianos.