QUANDO O GALO CANTA FINO A GALINHA CRIA ESPORA
Minha sogra, Margarida (mulher sertaneja daquelas que o marido treme quando escuta sua voz) me escreveu perguntando qual era o remédio para “esporão” (uma doença degenerativa que faz doer o calcanhar, e eu me inspirei e fiz esses versos e mandei pra meu sogro,Gastão, pra mexer com ele.
Quando o galo no terreiro
Não canta inchando o cangote
A galinha dá pinote
Quer sair do seu poleiro
Desrespeita o companheiro
Canta alto e dita a hora
Diz “a partir de agora
Vou mandar no meu destino”
Quando o galo canta fino
A galinha cria espora
Nesse terreiro a galinha
Diz: eu aqui sou quem falo
Falta respeito com o galo
Não quer mais ir pra cozinha
Não quer feijão com farinha
Diz: “eu quero é comer fora”
Quem reclamar mando embora
Seja marido ou menino
Quando o galo canta fino
A galinha cria espora
Doravante no chiqueiro
Nem ponho ovo nem me calo
Ovo aqui quem bota é galo
E fala por derradeiro
Se o galo cantar primeiro
Ela fica uma caipora
Bate as asas, cisca e chora;
Ou ruge como um felino
Quando o galo canta fino
A galinha cria espora
Tem que ser galo de briga
Dos do pescoço pelado
Cantar grosso e ser malvado
Brabo que só a bexiga
Não ter medo de intriga
Mesmo se a galinha implora
Enfrentá-la sem demora
E nunca bater o pino
Pois se o galo canta fino
A galinha cria espora