O Inesquecível Monsenhor José Lins de Moura
(Colaboração de Maria Helena de Souza Costa)
Venho contar uma história
De um bondoso coração
Que cultivou a verdade
Honra, fé e devoção
Deixando para as pessoas
A vida como lição
No ano de vinte e um
Aos vinte e três de janeiro
Ele nasceu no Recife
Como o mais novo herdeiro
Do casal Mário e Honória
Era mais um brasileiro
Dia doze de dezembro
Da graça daquele ano
O bebê foi batizado
Pelo bom paroquiano
Foi chamado de José
O novo pernambucano
Com o passar daqueles anos
José tão logo crescia
Brincava com seus irmãos
E amigos da freguesia
Na escola com a lição
Em casa com serventia
Aos oito anos de idade
Uma luz apareceu
E o destino de José
No momento sucedeu
Com amor de Nossa Senhora
Ser Padre ele escolheu
Aos onze anos de idade
Entrou para o seminário
Com muita dedicação
A cumprir o calendário
Em uma mão os estudos
Noutra rezava o rosário
E José no seminário
Foi crescendo e estudando
Junto à Senhora de Lourdes
No caminho iluminando
E aguardava devoto...
– A vitória está chegando
No ano de quarenta e cinco
Em onze de fevereiro
O jovem predestinado
Conclui sonho verdadeiro
Padre José Lins de Moura
Com a benção do Bom Cordeiro
O jovem foi ordenado
E começou sua vida
Com a história bem à frente
Procurando ser vivida
Estava pronto o vigário
Para a estrada querida.
Lá no estado de Alagoas
Nesse momento propício
Foi em Palmeira dos Índios
Que a vocação deu início
E em São José da Laje
Começava seu ofício.
No recanto potiguar
Chegou desatando nó,
Terra de Santa Luzia,
Cidade de Mossoró,
Assumiu secretaria;
Espantou poeira e pó.
Estando em Ribeirão,
Mandava no coronel.
Um dia parou usina,
Como fosse bacharel:
- A missa é pro povo todo
Não é só pra coronel!
Em Amaraji dizia-se
A quem vai lá escutar:
- Domingo é dia de feira
Vamos para lá comprar!
- Pra comprar a gente compra,
Mas só se o padre deixar!
Foi em Regente Cortês
Cidade de Gravatá
Vitória de Santo Antão
E na Glória do Goitá
Cabo de Santo Agostinho
Antes de voltar pra cá
Lá em Glória do Goitá
Quis ajudar a cidade
Deixou grandes feitorias
Com toda comunidade
Até hoje tem por lá
Uma família de verdade
Quando ficou sem paróquia
Foi logo ser Capelão
Da Polícia Militar
Também da Televisão
E muitos outros lugares
Sem largar a Educação
No ano de oitenta e cinco
Chegou a Santa Luzia
Foi neste bairro da Estância
Vigário com maestria
E ficou vinte e três anos
Até chegar o seu dia
No seminário de Olinda
Foi nomeado Reitor
Trabalho que mais uma vez
Dedicou-se com vigor
E admirado por todos
Pelo seu grande valor
Em todas essas andanças
Seguindo sua vocação
Padre Lins continuou
Empenhado na missão
Fez amigos de verdade
Que nunca o esquecerão
Além de paroquiano
Atuava na docência
Professor de matemática
Lecionou com competência
Disciplina era o seu forte
Educava com decência
Nos tempos do Seminário
Formou-se em Filosofia
E depois na UNICAP
Formou-se em Pedagogia
Dirigiu várias escolas
Recebendo honraria
No bairro de Cavaleiro
Viu carências do lugar
Prestou à comunidade
Um desejo salutar
Com empenho no trabalho
Fundou Ginásio Escolar
Foi torcedor do Sport
E também seu Capelão
Diretor e Conselheiro
Do time do coração
Que duas vezes gritou
Do Brasil sou campeão!
Com fé em Deus e na vida
Não cansava de lutar
Na cultura e no esporte
O Brasil pra acreditar
Em cada ano eleitoral
Não deixava de votar
Padre Lins cruzou o tempo
Entre o passado e futuro:
Andou a cavalo cedo
Por entre brenha e monturo.
Conheceu a internet
E automóvel com seguro.
Em dois mil e oito, se fez
De Monsenhor sem desdém
Pelo Bento XVI
E por Dom José também.
Mas num dia foi embora
Tomando sem ter demora
Os braços de Cristo. Amém.
O Monsenhor José Lins
Viveu a catequizar
Na paróquia ou na escola
Pra sempre vamos lembrar
E agora é imortal
Na cultura popular
Para todos aqueles que conheceram e/ou conviveram com
O Inesquecível Monsenhor José Lins de Moura*
ou simplesmente Padre Lins.
(*23 de janeiro de 1921 - 23 de agosto de 2008)
Boa Vista – RR, 13 de setembro de 2008.