MEU AVÔ E O NEGRO PIDRIM.
Na roça do meu avô tinha muita prantação:
Mio, mandioca, arrois, feijão...
Tinha tamém as frutas do quintal!
Na horta as verdura e nos pasto, os animal.
Tinha muito sirviço e coisas prá arresorvê.
Intão tinha que tê home prá trabaiá.
Os da casa, tudo num dava conta dos afazê.
Intão otros trabaiadô tinha que contratá.
Uns no curral, o leite das vaca tirava,
Otros nas roça, os mato capinava.
Meu vô já meio duente
De muita coisa ficô dependente.
De casa tudo que era feito ele sabia
Pois toda tarde o Veio Pidrim lhe dizia.
Pidrim era um negro arto e magrelo.
Tinha um ristim de dente amarelo.
Meu avô por ele já isperava.
Sentado na carçada os dois pruziava.
Reforçava a veia amizade dos dois
E preparava o que fazê dipois.
Paia de mio, fumo e canivete na mão
Fazia os pitos e pitava. Paricia muito bão.
Do Pidrim, gostava muito meu Avô!
Tanto qui pra sê cumpadi ele chamô.
Pidrim intão meio que ingasgado
Falo ô home veio e apressado.
Pois que lá im casa tamém vai nascê
E os padrim é sua muié e ocê.
Os dois muito imocionado
Dero um abraço dos mais apertado.
Os dois era impregado e patrão.
Mais era amigo, paricia irmão.
Quem assistiu, os dois nem notô.
Mas a lição dos veio pro mundo ficô.
A cor da pele num pode mudar o home
Pois, é o qui primero a terra come.
Divinópolis, 06-11-2008
J Ferreira.