Arte da minha vida
Confesso não entender de arte
Quando é dessas de salão:
Reúne um monte de gente
E já começa a discussão.
O povo enxerga d'um jeito,
O guia explica à procissão.
Na moldura, papel rabiscado
- que penso: "não vale um tostão"
É rabisco de "homi" educado
Então, já vale um milhão!
Arte p'ra mim foi a vida
Que ensina, querendo-se ou não.
Pergunta o porquê do pretérito?
Carece de explicação?
Tem gente pagando por "arte",
Outros, por calo na mão.
Passei minha vida na "lida",
Pense que reclamo não!
Foi vida difícil e 'tou velho
Mas vivi foi com paixão!
E conto hoje a aventura
Que, moço, vivi no sertão.
É do anjo de candura
Que um dia me estendeu a mão.
Tinha cacho dourado e asinha
Até lira, tenho impressão.
Foi quando falei "pára tudo!"
E fui ter com a criação.
Pedi a Deus pela anjinha
Expliquei minha aflição.
E Ele, com sua bondade
Permitiu nossa união.
Desde então minha florzinha
Comigo divide o colchão.