NOSSO GRITO TÁ LANÇADO!

Salve, Zé Sousa Dantas!

Doce amigo do USINA,

poeta bão, gente fina,

és mais poeta que cantas,

poesia, nem sei quantas,

com teu jeito sedutor,

de poeta lenhador,

que num güenta ladroage,

seguindo nessa viage,

da pátria, és um salvador!

Jorge Sales me encontrô,

Me puxô de vorta aqui.

De presente do Almir

eu ganhei cordé de amô.

Nessas hora, sem favô,

é que a gente vê que vale,

amizade que se instale,

e que o tempo num apaga,

é bom que ocê nos traga

uns verso que nos embale.

O seu cordé das missão,

é verdadeira campanha,

pro nosso povo que apanha,

é um alento ao coração,

eu te peço, meu irmão,

com a grandeza dessas letra,

meió que fazê retreta,

é cantá satisfação,

das palavra para ação,

combatê os picareta.

Zé Ferro é um revortado,

Rubênio tá lá c’os homi,

assim nenhum deles some,

pramodi se fazê coitado,

é tudo bando di safado,

como diz o bom Domingos,

de Oliveira, cai aos pingos,

revelando ao cidadão,

a vergonha da nação,

a começá pelos bingos!

Seu discurso do trabalho,

feito c’orgulho e capricho,

num é pra jogá no lixo,

é pra tomá um atalho,

como fez Jáder Barbalho,

preso em Belém do Pará,

roubava a SUDAM de lá,

extinta em plena Amazônia,

depois de tanta vergonha,

o cabra inda qué falá?

Quem luta, na nossa terra,

e procura seu cantinho,

sem querê abre caminho,

mas é caminho pra guerra,

que a honestidade hoje encerra,

uma inveja desmedida,

quem labuta nessa lida

precisa sabê de tudo,

deixá desse grito mudo,

cutucá mais a ferida.

Cada um tem o dever

de cumprir sua missão,

eu concordo di montão,

eu inté pago pra vê.

Por aqui, pra bem dizê,

inda tenho a esperança

que acabe logo a matança,

pramodi vivê em paz,

desse jeito num dá mais,

nosso povo tem pujança.

Pras banda de cá num farta

espaço pra todo mundo,

a terra é bicho fecundo,

se plantá, tudo se cata,

mas se destruir a mata,

num sobra chão pra brotá

e num adianta berrá,

que a comida num vem pronta,

pra gente num sê mais tonta,

da terra tem que cuidá.

Tô contigo nos direito

do povo se adescobrir,

mas antes de destruir

e colocá só defeito,

é meió se dá um jeito

de se fazê uma foto,

pra eu sabê aonde boto

o nariz e as minhas mão,

já que, em ano de eleição,

a mió arma é o voto.

Falando em arma eu lembrei

que precisa munição,

pra nos dá sustentação

de lutá peão cum rei.

Da minha gente eu herdei

o sangue que corre bravo,

então quanto mais eu cavo,

mais quente ele vem na veia,

a tar ponto que incendeia

os Rios em que eu me lavo.

Concordo com teu dizê,

nos teus verso de lutá,

que é bem mais fácil falá,

do que partir pra fazê,

temos medo é de morrê,

mas já se morre na vida,

de tanta bala perdida,

nos morro que morre à míngua,

cuidemo da nossa língua,

pra num terminá morrida.

De todas as profissão

que o amigo enumerô,

num vi na lista o dotô,

da cabeça inté o dedão,

que é ele que vê, do chão,

a morte se alevantá,

que leva pro ladilá

aqueles que tu falô,

seja padre ou professô,

e num adianta gritá.

Cada qual com seu ofício,

presidente, jornalista,

gari, pedreiro ou artista,

todos têm seu sacrifício,

pros dotô é mais difícil,

porque eles têm bataia,

c'aquela que num tem saia,

nem tem cunversa de porte,

nós lida c’a dona morte,

por mais que a vida nos traia.

Se cada homi de bem

(e as muié tá incluída)

cuidasse da sua vida,

sem perturbá a ninguém,

as coisa fluía bem,

sem precisá de polícia,

num tinha mal, nem malícia,

era tudo irmão de fé,

é por isso que o cordé

é o lugar dessas delícia.

Como disse o bom amigo,

o trabalho fortalece,

mas também ninguém merece,

passá tão grande castigo,

de vê seu povo em perigo,

sem emprego e sem alcance,

se olhá bem de relance,

o trabalho enobrece,

pois então entôo a prece,

pro nosso povo tê chance.

Os nosso direito humano,

foi jogado pra escanteio,

quando o dono do rodeio,

qué vencê debai dos pano.

Não cometa ocê o engano,

de pensá que é tudo gado,

pois a gente tá cansado,

do cabresto na garganta,

nossa voz inda te espanta,

nosso grito tá lançado.

Lili Maial