A grandeza de Deus onipotente / Demonstrada na santa natureza
Quando a imensa torneira lá do céu
É aberta por Deus fazendo inverno
O sertão agradece ao Pai Eterno
Por pintar de verdinho o mataréu
Negra fome rumou pro beleléu
Lá no rio se ver a correnteza
Milharal tão viçoso! Que beleza!
Tá brilhando o olhar da minha gente
A grandeza de Deus onipotente
Demonstrada na santa natureza
É gostoso olhar a plantação
De batata, inhame e macaxeira
Fava verde, quiabo, aboboreira
O maxixe, o chuchu e o feijão
A babugem cobrindo todo o chão
Vai trazendo pro gado fortaleza
E o renovo da vida, com certeza
Deixa o povo cantando alegremente
A grandeza de Deus onipotente
Demonstrada na santa natureza
É lição nesta vida o formigueiro
Compenetrado na luta e no trabalho
Na tarefa não tem um ato falho
Seu labor é intenso e prazenteiro
Motivado não é pelo dinheiro
O segredo está na robusteza
União, parcimônia e destreza
E ao lider manter-se obediente
A grandeza de Deus onipotente
Demonstrada na santa natureza
Abre a boca vermelha o vulcão
E as entranhas expulsa para o ar
Sua ira ninguém pode aplacar
Nem deter a cruel destruição
Minerais a ferver na combustão
Queima tudo ao redor com tal bruteza
Mas após esfriar traz a beleza
Fertiliza a terra ricamente
É a grandeza de Deus onipotente
Demonstrada na santa natureza
Nas cavernas repletas de segredos
Vem de cima as estalactites
Do chão sobem as estalagmites
Saliências que brotam feito dedos
Esculturas nos ventres dos penedos
Faz-me ver que o autor dessa beleza
O que é rude transforma com leveza
Numa obra de arte simplesmente
É a grandeza de Deus Onipotente
Demonstrada na santa natureza
Mote: Carlos Aires
Glosa: Luciene Soares