A EDUCAÇÃO DO JOVEM NA REPÚBLICA DE PLATÃO - Folheto II (atualizado)
A EDUCAÇÃO DO JOVEM
NA REPÚBLICA DE PLATÃO
(Filosofia em Cordel)
Por: Rosa Regis
Volume II
Aqui, no Volume dois,
Que é continuação
Do Volume I, que trata
Da Educação em Platão,
Começarei já falando
Que vi Platão condenando
Trabalhos de imitação.
NÃO BASTA
QUE SE VIGIE OS POETAS
Não basta que se vigie
Poetas que deverão
Escrever só coisas boas
Pra uma boa educação,
Porém buscar evitar
O mau artista espalhar
Trabalhos de imitação.
De imitação viciosa
Que nada de bom trará,
Nutrindo as almas sensíveis
Com um vício que levará
Ao desvio da beleza,
Da bondade, da nobreza,
E do Bem a afastará.
Devem-se buscar artistas
De mérito, que têm por dom:
Seguir os traços do belo
E nobre, e do bom som.
Pra que os jovens, assim,
Fiquem longe do que é ruim
E busquem sempre o que é bom.
E, certamente, a música
É parte fundamental
Da educação, pois se sabe
Que: a cadência - é real,
E a harmonia, se insinua
Na alma e nela atua,
Dando-lhe a graça ideal.
Mesmo porque, quando ao jovem
Se educa de forma certa
Na música, é certo que ele
Terá sempre a mente aberta:
Percebendo, com agudeza,
O que há na Natureza
E na arte. Estando alerta.
Sente aversão pelo feio,
Imperfeito e vicioso.
Ao contrário, o que é belo
Sua alma enche de gozo.
E, em transe, se extasia:
Repleto de alegria,
Honrado e virtuoso.
Tudo isso desde cedo.
Desde a mais tenra idade.
Antes que a razão clareie
Sua mente, na verdade,
A qual, apenas chegada,
Será por ele abraçada,
Pois tem com a música amizade.
O mesmo ocorre com as letras
Que, para ser-se letrado,
Tem-se, pois, que conhecê-las
De frente, atrás e do lado.
Tudo dentro dos conformes:
Frases curtas ou enormes.
Tendo-as, todas, dominado.
Porque se não conhecemos
As letras, como saber,
Quando virmos sua imagem,
O que elas querem dizer?
Pois tudo é objeto
De estudo, isto é certo,
Da arte de aprender.
E se não formos capazes:
De conhecer cada um
Dos vícios e das virtudes;
De não distinguir nenhum
Como coisa boa ou má,
A educação falhará.
Não se tem guerreiro algum.
Um homem igualmente belo
De corpo e alma, seria:
O mais belo espetáculo
Que alguém contemplaria:
Um homem com qualidade
Coexistindo, em verdade,
Em perfeita harmonia.
E o músico amará,
De todo o seu coração,
Os homens que se encaixe
Nesta harmônica perfeição:
Com um amor racional,
Mui belo, puro, e leal.
Sem o fogo da paixão.
Assim, na República, a Lei
Expressará que o amor
Do amante para o amado,
Seja esse amado quem for,
Não poderá se exceder
Com mostrações de prazer
Que tem como troco a dor.
A lei terá que expressar
Que as mostras de ternura
Terão que ter, em seu bojo,
Uma natureza pura
Como de um pai para um filho,
Sem se desviar do trilho
De lealdade e candura.
E o guerreiro não deve,
Jamais, deixar que alguém veja,
Em seus gestos, que é um homem
Que com grande ardor deseja,
Se não quiser ser passado
Por homem mal educado
Que a beleza não enseja.
E a música deve ser,
Pr’um homem que tem amor
Ao que é belo – ao perfeito,
Como algo que o Criador
Deixou pra elevar-lhe a alma.
Pois a boa música acalma
E ajuda esquecer a dor.
Depois da música, a ginástica
É fator essencial
Para a educação do jovem,
Que terá que, afinal,
Ter um corpo preparado,
Muito bem exercitado
De uma forma geral.
Começará logo cedo,
Na infância. E, toda a vida,
Terá que está sempre em forma,
Como lhe é requerida.
E, da guarda, encarregada,
A alma, bem preparada,
O faz da forma devida.
Ao guerreiro, proibida
Será a embriaguez.
Pois um defensor do Estado
Não deve, por sua vez,
Nunca, estar embriagado,
Tonto, tombando, abobado,
Ou coisa deste jaez.
Seria mesmo ridículo
Vê-se um guarda precisar
De alguém que o guardasse
Por embriagado estar.
Isso é o pensar de Platão.
Pois à nossa educação
Deixa muito a desejar.
E no que tange à dieta,
Ou seja, a nutrição,
Terá uma dieta leve,
Simples. A alimentação
Que o conserve em alerta,
Sem sono, com a mente esperta.
E sem que tenha indigestão.
Assim como a música traz
À alma tranqüilidade,
A ginástica modela o corpo.
E o alimento, na verdade,
Em perfeita combinação
Com os dois, traz o corpo são,
Cheio de elasticidade.
Os guerreiros da República
Têm que se alimentar
Sempre da forma mais simples,
Saudável! Pois têm que estar
Sempre mui bem preparados
Além de bem acordados
Ao, deles, se precisar.
E, um corpo são e perfeito,
Só poderá conseguir,
Quem uma dieta correta
Dispõe-se, mesmo, a seguir:
Se alimentando bem,
Comendo o que convém
Pra saúde adquirir.
Se o Estado necessita
Sempre, no seu dia a dia,
De médicos e de juízes,
Isso, claro, mostraria,
A educação pervertida
E má, para Platão, tida.
O que o envergonharia.
E vergonha maior não há
Que, depois de fazer mal
Ao seu semelhante, um homem,
Diante de um tribunal,
Tente, no seu julgamento,
Passar por um elemento
De bondade sem igual.
E, ainda, ocupando o tempo
De um médico que levou
Parte da vida estudando,
Com “doenças” que criou
Por falta do que fazer,
Obrigando o médico a ter
Nome pra dor que inventou.
Seria o mais hábil médico
Aquele que estudou
Desde cedo a sua arte,
Os princípios que a gerou.
Que, sendo, também, doente,
O maior número de gente
Enfermiça ele tratou.
Já que, segundo Platão,
O médico tem que saber
Tudo sobre o “seu” doente.
É que os corpos devem ser,
Pela alma, pois, curados.
Se a alma é má, malfadados,
Eles estão a sofrer.
O juiz, pelo contrário,
Para que seja o melhor,
Não terá que conhecer,
Em si ou outrem, a pior
Qualidade do delito
Para julgar o conflito,
Na sua essência, maior.
Tão somente é necessário
Que sua alma seja pura,
Isenta de todo o vício
Desde jovem. E a candura
Bondosa o ajudará.
Quem é justo, o saberá,
De forma justa e segura.
E ao injusto, também,
Ele identificará.
Pois tendo a alma boa,
Jamais se enganará.
Ao contrário do “sagaz”
Que, se achando “capaz”,
Sempre, enganar tentará.
Assim sendo, na República,
De acordo com o que foi dito,
Só teria vez o médico,
Ou o juiz, se bonito:
Corpo são e alma formosa.
Se dessas premissas goza,
Será aceito e bendito.
Porém se possui um corpo
Sem boa organização,
Que morra! Sem merecer
De alguém qualquer atenção.
Aqueles de alma ruim,
Tratá-los como a Caim!
Pena de morte, então.
A juventude é formada
Em princípios que trará
À alma a temperança.
Assim, conduzir-se-á
De forma que jamais venha
A precisar, ou que tenha
Algo que a incriminará.
E tais regras aplicadas
Na ginástica, certamente,
Farão que dispense os médicos
Já que o corpo, doente
Nunca fica, na verdade.
E, assim, necessidade
De médicos, só raramente.
E exercitando o corpo,
Não esquecem o principal
Que, antes de tudo, é
Crescer em valor moral:
Não agindo como um atleta,
Que no físico se aboleta.
Só quer ser forte. Isso é mal.
De acordo com o que diz Sócrates
Na República de Platão:
A ginástica e a música,
Em verdadeira união,
Têm valores similares
Como itens complementares
Pra uma boa educação.
Para se formar um jovem
Não se deve ter somente
A música para educá-lo
Pois ficará indolente:
Um guerreiro sem ação,
Frouxo, mole. Um covardão!
Que se vence facilmente.
E se o mesmo já for manso
Por natureza, então,
Aí é que a coisa pega!
Pois as músicas lhe farão
Cada vez mais desligado.
Até brando e afeminado.
Sem qualquer disposição.
E se ele for animoso,
Ao vê-se debilitado
Pela forma educativa,
Tornar-se precipitado.
Era valente! Hoje, é vivo.
Aplacável, mas impulsivo.
E muito mal humorado.
Mas, se ele se dedicar
À ginástica tão somente;
Com gula se alimentar
E descuidar, totalmente,
De música e filosofia,
De corpo forte, atrofia,
Por outro lado, a mente.
Já o inimigo das letras
E das musas empregará
Somente a força, porque
Sua boca se negará
A, com graça e educação,
Falar com todos. Então,
A todos maltratará.
Pois “há, na alma, duas coisas:
Coragem e sabedoria”.
Foi Sócrates quem assim disse!
E ainda nos diria
Que: Para o corpo será
Música e ginástica que irá
Prepará-lo dia a dia.
E o homem que consegue
Chegar à perfeita harmonia
Da música e da ginástica
E aplica-as, com maestria,
Na alma, é merecedor
De, de músico, com louvor,
Ser, por todos, tido, um dia.
É possuidor da ciência
Da harmonia essencial,
O que o leva a ser
Dono, em si, como tal,
De um caráter irreprochável:
É sábio, forte e afável.
O governante ideal.
Mas para que tudo possa,
Da melhor forma, ocorrer,
Na cidade imaginária,
Quem tem que obedecer
É aquele inexperiente
Jovem, conseqüentemente,
Verde, que é, do saber.
Entre os velhos, os melhores,
Por certo, são os que serão
Escolhidos para o mando
E para a orientação
Que, na certa, deverá
Dar ao jovem que será
O futuro da Nação.
A escolha terá que ser
Minunciosa e acurada.
A juventude não pode
Ser tão somente largada
Às mãos de alguém que não tem
Amor à pátria e a ninguém.
Não se interessa por nada.
O escolhido será
Aquele que interessado
Se mostrar logo em fazer
O que houverem estimado
Como o que é de mais proveito
Ao bem público e, com efeito,
Nunca agir contra o Estado.
Aquele que não se vende,
Por qualquer preço que seja,
Em detrimento do Estado
Pois, deste, o mal não deseja.
Todos estes pontos são
Para que o Estado, em Platão,
Em boas mãos sempre esteja.
Mas, para que se acredite
Na total fidelidade
Dos guardiões escolhidos
Para guardar a cidade,
É preciso observá-los
Toda a vida, pra julgá-los
Se são fiéis de verdade.
Guerreiros, ainda jovens,
Deverão se defrontar
Com cenas e objetos
Que podem aterrorizar
Porém, também, seduzir,
De forma a os conduzir
E, do Bem, os desviar.
E aquele que tudo enfrenta,
Fiel ao que recebeu
Da música valorizando
As lições que aprendeu,
Com uma alma afinada,
Harmônica e ritmada,
O comando será seu.
A este, caberá honras,
No correr de sua vida.
E depois de sua morte,
Em sua honra erigida
Magnífica sepultura
E belíssimas esculturas,
Que a alma dará guarida.
E todos os que não têm
Um caráter tal e qual,
Segundo Sócrates, serão
Reprovados como tal.
Pois, para bem merecer
Ao bem público defender,
Terá que ser ideal.
E, assim, terá aquele
Que foi selecionado
Como o melhor, o título
De defensor do Estado,
O legítimo, o primeiro.
Assim sendo, o verdadeiro,
A quem o poder é dado.
O poder de defender
Do inimigo, o Estado:
Do falso amigo interno
Ou o externo declarado.
Tirando àquele, a vontade;
E este, ter, na verdade,
O poder de ofender logrado.
...
Foi-se o Segundo Volume!
Mas inda tão terminei
O que me propus dizer.
Prometo que voltarei
Em um terceiro volume
Onde, enfim, trarei à lume,
Mais um pouco do que sei.
Fim