Fuá na casa de Seô Nonô.
Autor: Daniel Fiúza
25/02/2006
Um dia fui convidado
Pra ir dançar um forró
Na casa de seô Nonô
Na cidade de Orobó
Ia ter um bode assado
A buchada do danado
E um capote no jiló.
Tinha pinga a vontade
E mulher pra todo lado
Cabra véia e cabrita
O salão tava lotado
A poeira levantava
A turma ali dançava
O rela bucho arretado.
Só se via o estrupício
E fungado no cangote
A sanfona gemedeira
Tocava baião e xote
O casal agarradinho
Dançando o miudinho
Na lenta ou no pinote.
Eu estava meio parado
Seô Nonô logo notou
Estava preocupado
E logo me perguntou:
- Cumpadi não vai dançar,
O que houve e o que há?
E no meu braço pegou.
Eu respondi pro cumpadi:
- Minha bota ta apertada
O pé tá cheio de bolhas
Não agüento a passada
Eu tô que só calo atrás
E já não agüento mais
Vou é tirar a danada.
Ele disse: - Eu resolvo!
E uma bota arranjou
O número era maior
Meu calo ela aliviou
Agora podia dançar
Sem o meu pé machucar
E nem sentir tanta dor.
Todos estavam trubados
Tinha alegria geral
Suor, cachaça e calor
Algum já passava mal
Tinha cabrita no mato
Praticando aquele ato
Achando tudo legal.
Eu dançava com a filha
Do meu amigo cumpadi
Uma moça bem formosa
Que estudava na cidade
Era um tal de xhen-nhen-nhen
Não tinha para ninguém
Era um forró de verdade.
Cumpadi passou por mim
E logo me questionou
Se essa nova tava boa
Foi da bota que falou
A moça não entendeu
E muito a surpreendeu
A resposta que escutou.
Eu respondi satisfeito
Adoro um bate coxa
Essa novinha é gostosa
Pena que ela é meia frouxa
Só tá quebrando o galho
Ela não abre o talho
E não deixa a pele roxa.
A moça não entendeu
Sentou-me a mão na cara
Disse preu tomar vergonha
E acabar com minha tara
Seu namorado chegou
E logo o pau fechou
Numa desavença rara.
Ali brigou todo mundo
A briga generalizou
Foi tiro pra todo lado
Muita gente apanhou
O fuá durou uma hora
O povo foi todo embora
Da casa do seô Nonô.