TER FAMÍLIA É REFERÊNCIA
Ter família é referência...
é saber-se ser alguém...
Viver só leva à demência,
perder rumo, viver sem...
Quatro avôs, duas avós
e mais tantos outros nós...
quase todos lá no além!
Pai e mãe tinha também...
Deus os levou pro Céu
e agora eu sou ninguém!...
Vou seguindo, andando ao léu,
por este mundo prossigo,
em busca de algum abrigo...
Negra noite é meu véu!...
Envolve-me todo o vulto
este negrume do luto...
Não dissipa a dor, o culto,
pois sou o bendito fruto
que restou da união:
um em dois, no coração!
E a morte foi o tributo!...
Filhos tenho, de montão...
Duas fêmeas e um macho
dão seqüência ao filão...
São pepitas de um só cacho,
jóias raras eles são...
Família – nova versão!
Águas de um só riacho...
Ao seguir, a correnteza
tropeça, apressa seu passo...
mas é sábia a natureza
e o rio estende seu braço,
adormece noutros leitos,
repetindo velhos feitos...
Não sou mais, deles, regaço!
Reconstruir a família
é mais difícil missão.
Colhe-se, à margem, a tília...
enxerta-se ao tronco são...
Não havendo rejeição,
complementa-se a fusão...
surge um broto e um botão...
É o tempo implacável...
Cada qual tem seu quinhão:
sendo o homem venerável,
sendo a mulher, oblação,
no cálice de Cupido,
nosso sonho envelhecido...
Refazer é ilusão!...
Não basta amar tão somente,
é preciso doação
do corpo,da alma e da mente,
sendo, porém, dupla ação:
o respeito ao outro eu
é o segredo do himeneu,
não desejo ou atração!...
Nem todo saber constrói.
Ter poder é perigoso.
Falar também fere e dói,
nem todo prazer é gozo...
Saibam ler nas entrelinhas;
façam de escravas, rainhas...
O caminho é tortuoso!
Ter família é referência
quando existe a união...
Ser fachada ou aparência,
nem chega à compensação...
O laço é pra ser mantido,
se com amor foi esculpido...
Não tem regra a solução...
Ser chamada incompetente,
com palavras ou ações,
quem é que não se ressente?
“São erradas as posições!”
“Pra velhota não faz falta,
pois sexo não mais a exalta!...”
“Promovam-se as demissões!”
Confundir incompetência
com amor e dedicação,
com um ato de clemência,
de também resignação,
é insensibilidade,
é faltar com a verdade,
é causar destruição!...
É melhor não confundir
o casar com o acasalar...
O casar é construir
a vida, o trabalho, o lar...
do sonho, a felicidade...
da ilusão, realidade...
é interesses conjugar...
Casar é compartilhar,
é ter, pro outro, função,
da vida, complementar...
é juntar realização...
ser pedra-fundamental
na vida, casa e quintal...
a mola-mestra da ação...
Aos outros, lauréis devidos;
aos inimigos, moções
de louvor... sonhos perdidos,
lágrimas, dor, ilusões
foi só o que me restou...
Fui palhaço no seu show!
Promessas e promoções!...
Projetar-me em tela alheia
pareceu-me interessante...
No fundo, a “patinha-feia”
era seu “branco elefante”...
No afastar-me foi perito,
cumprindo-se, em tudo, o rito.
Fez-me nota dissonante!
Faço mais que o projetado:
desapareço da história;
celulóide abandonado,
curta sozinho sua glória.
Ao ficar sendo platéia,
serei a nobre plebéia,
que perdeu sua memória....
Sendo cordel, mito, lenda,
serei figura simplória...
seguirei em minha senda;
você, sua trajetória...
lado a lado, de mãos dadas,
como almas geminadas...
como Vítor e Vitória...
Mais uma história vivida
por personagens do mundo;
um conto de amor e lida,
inverso do “vagabundo
e da lady”- ela tão pobre
e ele, de saberes, nobre...
E desce o pano de fundo!...