Quem tem e quem não tem
Há quem não ligue “PN”
“P” de pobre,
“N” de nobre
...Se é que vocês me entendem!
Não seria por uma letra
Que a rima não ocorreria
Visto que o “o” da palavra
É quem dita a essa fonia
...Mas voltando à questão:
...Que nobre precisa de pobre
Todo mundo já sabia
Só não se vê muito claro
Por causa do dia a dia
Porém quem é que trampa sujo?
E se lambuza no trabalho
Pra neguin ter mordomia?
Só dá pobre na cabeça
Que, aliás, é coisa de bicho
Expressão que pobre sabe
Mas nobre não gosta disso
Quando faz uma fezinha
Disfarçando o seu vício
E perde alguma graninha
Esconde o pule no lixo
Lá pelas terras de Ghandi
Com pobre se digladiando
10 rúpias é dois reais e meio
E ninguém fica chorando
Salário é só 9 delas
E o cara vai trabalhando
No fim do mês é com elas
Que o nobre vai lhe alegrando
Não precisava ir tão longe
Pra ver a interdependência
No país que não tem pobre
Nobre dá sua sentença
É tal a monotonia
Sem ter a quem explorar
Que no Japão e Suíssa
Estão dando pra se matar
No Brasil é uma festa!
A diferença é um vexame
Com o nobre lá no topo
Lá no pico da pirâmide
A classe média a serviço
Matando cachorro a grito
Levando o pobre pro hospício
E o nobre lhe apertando
Se o pobre fosse extinto
Numa hecatombe fatal
E só o nobre ficasse
Salvo do golpe final
Quem é que produziria?
Que no braço tocaria
Tudo o quanto é porcaria
Que ficasse no quintal?
E quem seria apupado?
Culpado pelas desgraças?
O tema sociologia
Desapareceria da praça
Até quem se enternecia
Vendo o pobre lá de cima
Ìa pra outra freguesia
Que lhe desse adrenalina
Ao contrário, se o nobre
Fosse um dia abduzido
E o pobre ficasse atônito
Por não ser mais excluído
Dividir-se-ia em classes
Separando-se por graus
Criariam novos termos
Pra recuperar o caos
No final tudo voltava
Como a onda do Lulu Santos
Porque no final das contas
Isso não importa tanto
Afinal o ser humano
No patamar em que esteja
Pode ser bom ou tirano
Na nobreza ou na pobreza