A burra nunca deu burrada/ Em seu lombo ela carrega o nordesti

A burra nunca deu burrada

Em seu lombo ela carrega o nordesti.

Por Airam Ribeiro

Nun pronuncêia o nome em vão

Pra dela fazer preversidade

A burra eu li digo a verdade

É quem ajuda todo o sertão

Ela é cantada em todo refrão

Na canturia dos cabra da pesti

Venha aqui num min cuntesti

Mardita coiza disbocada

A burra nunca deu burrada

Em seu lombo ela carrega o nordesti.

Trabaia de sór a sór num recrama

Comi capim e mermo papelão

Carrega em seu lombo o cristão

Qui dueçeu inrriba da cama

Agora vem ocê cum sua trama

Cum o nome dun animá do agresti

Ocê é um trem qui num izésti

Ou u’a coiza qui ta dizamparada

A burra nunca deu burrada

Em seu lombo ela carrega o nordesti.

Ci tem réiva da língua caipirês

Num axu ocê muitio estuta

Num troco ancê pru u’a matuta

Mermo ocê seno boa no purtuguês

Éça língua foi nóis quem fêiz

Num foi di Purtugá qui ela viésti

Di quarqué pano nóis faiz as vesti

Sô um caipira de alma lavada

A burra nunca deu mancada

Em seu lombo ela carrega o nordesti.

Bota ôtro nomi quarqué

Tira a burra da sua çinatura

Nun venha pra cá cum frescura

Ela é um animá qui respitio qué

Ocê num é gente é um aranzé

Cun a inveja inté num présti

Cum a verdade ninguém contesti

Gosto de vê a burra respeitiada

A burra nunca deu mancada

Em seu lombo ela carrega o nordesti.

É iço aí irmã Claraluna vamu rezá préça coiza, tô cuntigo! bejão

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 22/08/2008
Reeditado em 22/08/2008
Código do texto: T1140651