Peleja do Internauta com o amigo Roxo, no bate-papo da Internet

Roxo:

Meu amigo Internauta,

O cantador de bordel.

Vamos a uma peleja

Aqui neste seu cordel.

Você fala na internet,

Eu falo do meu Boréu.

Internauta:

Nobre amigo rimador,

Vou aceitar o seu pedido

Por ser você um sonhador.

Me diga o seu apelido

Antes que a tela mude,

E lhe chame de bandido.

Roxo:

Meu apelido é Roxo

Já dá pra ver como sou

Sou forte e sou do norte

Se me chamar, eu lá vou.

Pode ser pra uma briga

Ou pode ser pra mais show.

Internauta:

É muito bom o seu nick

Rima muito bem com frouxo

Isso é só um mero detalhe

Vamos esquecer o luxo

Senão vamos ter uma briga,

Vou ter que virar seu bucho.

Roxo:

Pois, não se aperreie.

Eu não sou homem virtual

Na minha casa sou fera,

Não sei o que é ter rival.

Se não ficar mais esperto,

Vai ficar no trivial.

Internauta:

Você diz que sabe tudo

Que mora na capoeira

Que já foi no fim do mundo

Mas só aprendeu besteira.

Nem sei onde você navega,

Dizem que é na Catingueira.

Roxo:

Sua fala é digital

Sua voz eu não conheço

Sei que fala do teclado

Disto não tenho apreço.

Você diz que é esperto

E que sabe meu endereço.

Internauta:

Não sei se és casado.

Se for, fico mais contente.

Viúva nova e bonita,

Me faz feliz e carente.

Mostro que sou um amigo

Que sou mais inteligente.

Roxo:

Cantor ou navegador,

Já sei do seu visual.

Não gostei do que vi

Nesse seu jeito dual.

Você é o mais delicado

Neste reino animal.

Internauta:

Vou levá-la pro forró

Quero ver como ela dança,

Porque você já dançou.

Com essa sua pança,

Escondendo o minguado

Que nunca serviu de lança.

Roxo:

Na hora do forrobodó

A cantoria vira festa

E quanto mais você dança

Mais ela lhe fica esperta.

Você tem que ser mais macho,

Senão a cachaça aperta.

Internauta:

Vou levar uma tulipa

Pra enfeitar a referida

Ela vai sair na internet

Como a mulher mais querida.

A noite vai ser escura,

Ao som da viola sentida.

Roxo:

Você só sabe de rede.

É um clique-clique sem dó.

Isto é coisa de lunático

De quem não tem um xodó

De quem não sabe o que é bom

E não conhece o forró.

Internauta:

Sei de tudo. Sei de ícones

E atalhos na internet.

Vou mandar um beijo pra Elba

E outro pra gata Ivete.

Se sua mulher me quiser,

Vou levá-la de Corvette.

Roxo:

Você não viu minha faca

Quando rabisca no chão,

Ela tira fogo de graça.

Até o povo lá do sertão

Fica virado de cego,

Com medo no coração.

Internauta:

Da faca não tenho medo

Nem mesmo de assombração.

Muito menos de lua cheia,

Pode fazer sua oração.

Vou lhe mandar um recado,

Volte lá pro seu sertão.

Roxo:

Amigo de muitas letras,

Minha faca corta e risca.

Fura, vara e despenteia.

Se você não for artista,

É melhor ser cantador

Pois, odeio vigarista.

Internauta:

Sua mulher eu já tenho

A sua cabeça, não quero.

Sua alma dou pro capeta

E chega de lero-lero.

Vá pro meio dos infernos

Vá dançar o seu requebro.

Roxo:

Sua cabeça está on line.

Na ponta da minha faca.

Quanto mais pensa e vira,

Mais aumenta minha saga.

É melhor você fugir,

A ter a morte de graça.

Internauta:

Sei que vou morrer de vez.

Não por sua faca miúda

Ou por sua valentia.

Mas pela mais feliz viúva,

Que a caatinga há de ver

E chamar, de bela Ruiva.

Roxo:

Vou cortar o seu gibão,

Botar as tripas pra fora,

Mais os vermes e os vírus.

Chegou a sua bendita hora

Pega a viola e ponteia

A última canção e vá embora.

Internauta:

Chifre foi feito pra boi,

Você usa de atrevido.

Nunca foi bom sujeito,

Nunca foi um bom marido.

Já vou, não tenho mais tempo,

Vou procurar outro abrigo.

Roxo:

Não desliga seu covarde

A internet é assim mesmo

Ou você brinca e ri

Ou fala e xinga a esmo.

E se entrar novamente,

Vai ver que sou mesmo teso.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 15/02/2006
Reeditado em 19/03/2010
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