Perdí ela prum granfino

Perdí ela prum granfino

Por Airam Ribeiro 01/08/2008

Seu moço vô li contá

Um pôco da minha históra

Cunticimento recenti

Num vô puxá da memóra

Du'a caboca qui gostei

E pur ela min paxonêi

Mais num tivi mutia gulóra.

A cabocla que eu gostava

Um dia min apariceu

Min dizeno u’as coiza

Pariceno cum réiva deu

Ela vêi xêio de manha

Falano u’as coiza istranha

Jogano as curpa ni eu.

Só pruquê eu quiria sabê

Condo preguntei préla

Sobe um dotô da cidade

Qui tava lá na cancela

Ela cum vestido de xita

E o dotô li axano bunita

Nu’a cunverçação daquéla.

Cum cavalo arriado

Riatas nova eu notei

Pariceno fio de rico

Dévi de cê eu pensei!

E aquéla caboquinha

Pensano qui era minha

O qui falô num agradei.

De hoji in diante

Ocê fique longi de mim

Pois tô gostano do fio

Do fazendêro Serafim

O casamento ta marcado

Ocê percura o seu lado

Pra ficá mió ancim.

Seu moço naquéla óra

Sintí u’a diziluzão!

Pois eu gostava da cabocla

E gostava de coração

Vô segui minha istrada

Cumigo ela num qué nada

Vô min arribá dêci xão.

Vô mudá di indereço

Ficá longi de sua vida

Tarvez notra rigião

Eu incronto mais guarida

O granfino li deu as aliança

Cabano minhas isperança

Qui tava cumprumitida.

Eu tava viveno um sõin

E num quiria acordá

Vô vendê minha paióça

Meu distino num ta pur cá

Vô isquecê os sintimento

Qui tive pur uns momento

Um dia vô cunformá.

Adeus meus gadin leitêro

Adeus vaquinha maréla

Adeus sombra da manguêra

Onde tanto prozêi quéla

Adeus meu pé de oití

Num pósso ficá aqui

Pois vô sempre lembrá dela.

Viví a vida lutano

E perdí pra um granfino

Agora só min restô

Eu seguí o meu distino

Adeus paçarin sabiá

Eu num poço mais ficá

Adeus sõin de minino.

Da série: O Matuto paxonado

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