São joão Disse e São Pedro Confirmou
Às vezes eu me alembro
De quando bem pequenina
Que via o fogueirão
Naquelas festas juninas.
Dava-me tanta alegria
Tinha festa em toda esquina.
De dia se trabalhava
Na construção da palhoça
O carroceiro encantava
Na arrumação da carroça
Pro noivo levar a noiva
Para o caminho da roça.
A mulherada contente
Passava o dia animada
Remexendo nas panelas
Pra não deixar faltar nada
E na hora do assustado
A bóia ta preparada.
Mungunzá, canjiquinha,
Arroz doce, canjicão,
Bolo de fubá, de milho,
Pamonha e fruta pão.
Não esqueciam também
De preparar o quentão.
A meninada nas palhas
Remexiam sem parar
Faziam pulseiras, relógios,
Foguetes para voar.
Enquanto os rapazolas
Construíam o arraiá
E mesmo antes do dia
Daquela arrumação
As moças e os rapazes
Tudo era animação
Preparavam o casório
Pra festa de são João.
Relembravam das passadas
Para no baile, dançar.
Cosiam os seus vestidos,
As calças pra remendar;
Faziam chapéus de palhas
Para se emperiquitar.
Para fazer a fogueira
Era grande o ritual
Escolhia-se a madeira
E cortava tudo igual.
Em toda casa existia
Como obra principal.
Em qualquer rua ou casa
Todas eram enfeitadas
Com bandeiras e balões
E de palhas bem transadas
Cada fachada e varanda
Eram muito bem pintadas.
E no dia esperado
Vinham os preparativos
Quem tinha posses mandava
Entregar os donativos
Para fazer o leilão
Naqueles dias festivos.
E a tardinha chegava.
Começava a agitação
“Menino vá tomar banho”
“Moça pregue o botão”.
E cosa logo o sovaco
Da roupa do seu irmão.
Menina pegue a vassoura
E vá “barrer” o terreiro
E coloque o tamborete
Pra sentar o sanfoneiro
E vá lá na dona Zefa
Avisar o zabumbeiro.
E aquela correria
Mexia com o coração
Era tanta alegria
Naquela ocasião
Só esperando o momento
Da noite de são João.
E na boquinha da noite
Bota o fogo na fogueira
E não se via mais nada
Apenas a fumaceira
E todos muito felizes
Com aquela choradeira.
Começa o tirinete
De barulho e explosão
Era toda juventude
Que soltava o foguetão
Anunciando os folguedos
Da festa de são João.
É triste mais é real
E digo com confiança
Que festa igual a essa
Não tenho mais esperança
Que um dia aconteça.
Só apenas na lembrança.
Wilson Palá
12 de junho 2008.