Amores
Por mais que digam os poetas
Repetindo sem cansar
Por tudo que já passaram
Ou já viram alguém passar
Por melhor que dito seja
O mistério de se amar
São as formas que ele tem
(Importante que se diga!).
“Se dura muito é autêntico”
Há quem aposte a própria vida
Como se amores compridos
Fossem imunes a brigas
Por outro lado o amor
Pode ser quase paixão
Envolvendo de repente
Tomando de supetão
Machucando o paciente
De inverno a verão
Falar de amor sem lembrar
Dos amigos, pais ou filhos
Dos irmãos, dos desvalidos
Dos carentes preteridos
Seria abandonar
O amor que mais faz sentido
E tal como esses amores
Possuem os seus próprios tons
Os amores dos casais
Abrem-se em mil opções
Para que sejamos mais
Versáteis nas conclusões
Voluptuosos, tensos
Vulcões em erupção constante
Amores desesperados
Menos amigos que amantes
Possessivos, apertados
Obscenos, degradantes
Suaves como as plumas
Livres de qualquer cobrança
Amor que redime tudo
Mesmo sem uma aliança
Espontâneo e independente
Com atração e confiança
Amor que não se declara
Que nem parece existir
Que só se nota a presença
Com a tristeza a persistir
Nas ocasiões da ausência
Da outra pessoa ali
Surgem assim tão gratuitos
Numa mágica inexplicável
Quase ridículos, com culpa
Inseguro e indomável
Só um ou outro resulta
Num romance desejável
Mas o amor é assim mesmo
Contraditório e indefinível
Espantoso, indescritível
Em sua concepção
Emoção em novo nível
Porquanto os amantes são
O ápice da criação
Na perfeição impossível