Humores
Foi na queda de saber
Que eu aprendi com as quedas
E mesmo assim me revoltei
Com o tropeço nas pedras
Num círculo me viciei
Sem perceber essas trevas
Porém, digo que aprendi
Que é caminho o aprendizado
Que me atolo na distância
Do infinito trilhado
Para não imaginar
O futuro esperado
A inveja é o sinal
Que indica os meus limites
Independente do caos
De onde saem meus palpites
Sobre o estágio atual
Que desfrute ou reivindique
Tudo é mera vaidade
Alimento do existir
Praga que toma a vontade
Rédeas que fazem ruir
A cristalina verdade
Em destroços dirimir
Quem seria eu afinal?
Do que serei feito então?
Se não consigo estancar
A sanha da abstração?
Nem sequer organizar
Qualquer identificação!
Um João Ninguém desvalido
Desprovido de coragem
Pra resolver decidido
Qualquer que seja a miragem
Sem me sentir compelido
A tanta auto-sabotagem?
O chão é raso assim mesmo
Cercado de baixo estima
Noutro momento a esmo
Algo logo me reanima
Como reanimo ao dia
Depois de uma noite estanque
Buscando em outra utopia
Retornar ao que era antes