Galope à Saudade de Ludugero

         Homenagem a Luiz Queiroga, o criador do Coroné Ludugero.

                                                                                     Compadre Lemos


Senhor da Poesia
, eu venho pedir:
Não falte memória pra minha missão.
Chegou o tempo certo e eu tenho a intenção:
Eu quero falar sem um nada omitir.
Em viagem de volta, pretendo partir,
Distantes registros eu vou resgatar,
Buscar, junto ao povo, este novo enxergar,
Lançar, no presente, um passado distante,
Brindar a quem gosta... e voltar radiante
Cantando galope, na beira do mar!

Pois houve, há tempos, um bom brasileiro,
Tão nobre, tão simples, tão povo e tão gente,
Que se transformou, e não foi de repente,
Em símbolo vivo do mote brejeiro.
Artista, humorista, sagaz tarefeiro
Sem nunca, na lida, sequer descansar.
O tempo era curto, ele o via passar
E a si, todo dia, dizia “eu quero!”.
Por isto é preciso lembrar Ludugero,
Cantando galope, na beira do mar!

Brasil de mil tipos, tão fortes, reais,
Que, frutos do povo, jamais passarão.
Nordeste, Sudeste, no Centro, Sertão,
No Sul ou no Norte, nos Campos Gerais.
O tempo não passa, não se perdem mais
Tais tipos que o povo se põe a criar.
Por isso importante se faz relembrar
E nesse mister é que eu persevero.
Por isso, é importante lembrar Ludugero,
Cantando galope, na beira do mar!

Falar “Ludugero” já é intimidade,
A bem da verdade, ele tinha patente.
Nasceu Coronel e, aos olhos da gente
Falava e fazia, com autoridade.
Sem nunca perder sua simplicidade
Eterno matuto, jocoso falar,
Fazendo meu riso, às vezes, brotar,
De um modo mineiro, matreiro e sincero!
Eu quero lembrar Coroné Ludugero,
Cantando galope, na beira do mar!

E tinha, na lida, o fiel companheiro,
Amigo, parceiro, que genro ideal!
Um bom secretário, tranqüilo, leal,
Que tudo suporta, imbatível guerreiro!
E sendo tão nobre, esse pobre escudeiro,
Exemplo nos passa, é bom se notar:
Humilde, não sabe o que é reclamar.
Nos últimos versos, nun belo galope,
Com toda emoção, eu me lembro de Otrópi,
Humilde e brejeiro, na beira do mar.

Ao bom Coronel, a estrela que brilha,
Que é luz, é candeia, pro seu coração
Amada esposa, sua grande afeição
A ele ensina o valor da partilha!
Sagrada missão de criar a família.
Hilária também, no seu modo de amar,
Pois cartas de amor ela sabe mandar.
Fiel sertaneja, quem sabe, morena,
Não vou me esquecer de Sinhá Felomena
Cantando galope, na beira do mar!

Voltando ao passado, feliz eu já vejo,
Nos olhos do povo, tal brilho de amor.
Quem traz alegria? Quem vence essa dor?
É o “causo” alegre do bom sertanejo.
Lembrar Ludugero, meu grande desejo!
Um bom brasileiro, vou valorizar.
Poeta que sou, eu preciso mostrar
Seu riso, seu charme, seu jeito mateiro...
Meu bom Coronel, eu te lembro, fagueiro,
Cantando galope, na beira do mar!

Mas para dar vida ao bom Coronel,
Um ator dos melhores se apresentou!
Então, Luiz Jacinto foi quem emprestou
Humor e talento ao nobre papel.
Uma obra de arte, com tinta e pincel,
Não é tão perfeita, e nem vai ficar
Na alma do povo e se perpetuar.
Apois, Luiz Jacinto, talento e coragem,
Receba também essa nossa homenagem,
Cantando galope, na beira do mar!

Mas surge a pergunta, e é bom que assim seja:
Quem teve essa idéia feliz, genial?
Quem trouxe do nada esse cabra imortal?
Se o amigo não sabe, apois, então veja:
Um pouco da estória, da dura peleja,
De seu criador, e começo a contar.
E justa homenagem pretendo prestar
A Luiz Queiroga e, assim, eu espero,
Bem junto com ele, lembrar Ludugero
Cantando galope, na beira do mar!

E foi o Recife o seu berço natal,
Foi Pernambucano, esse cabra de fé,
Assim como o seu genial Coroné,
Jamais renegou ele o seu natural.
Janeiro de trinta, o ano em que o tal
Chegou de cum força, chegou pra ficar,
Destino traçado, nasceu pra criar.
Nascendo, chorou o seu choro berrado...
E o povo, sorrindo, já achou engraçado
Cantando galope, na beira do mar!

Na sua infância, já forte a vontade,
Lutou e venceu, e gostou de vencer.
E desenvolvendo esse modo de ser,
Do povo, aprendia, com sagacidade.
Conhece o sertão, depois vai pra cidade,
E ainda bem jovem, já foi procurar
Trabalho que fosse o de comunicar,
Conforme mandava-lhe seu coração,
Fez rádio, humorismo e foi por vocação,
Cantando galope, na beira do mar!

Criando programas, um bom redator,
De rádio-novelas, com muito talento,
Trazia consigo a paixão pelo invento,
Mas teve destaque foi mesmo no Humor.
Criou personagens com gosto, com amor.
Que o povo até hoje sabe admirar.
Quem ama essa arte, eu sei, vai lembrar
Maria Filó, e Sinhá Missegura,
Inhá Cangaceira, que bela figura,
Cantando galope, na beira do mar!

E tinha também o seu dom musical,
Compunha, cantava e o povo gostou,
Até Gonzagão, que eu sei, já gravou
Canções desse gênio, sucesso total.
Se há quem não goste, não me leve a mal,
Mas música boa é a mais popular,
O povo já aprende, começa a cantar,
Sorri satisfeito, seu compositor
Pois vê, no seu povo, respeito e amor,
E canta Galopes, na beira do mar!

Porém, muito antes de chegar à fama,
Encontra o amor, que é total, verdadeiro.
E torna-se, pois o fiel companheiro
Casando-se, com a gentil Mêves Gama,
Cantora do Rádio, e o Rádio proclama:
Sucesso pertence a quem mais trabalhar”.
E os dois, sempre juntos, num só caminhar,
Formaram família, traçaram destino,
Me lembro do dia, do toque do sino,
Casava Queiroga, na beira do mar.

O mesmo destino, cruel mensageiro,
Um dia põe fim a essa bela ascensão,
Um súbito enfarto, adeus coração,
Falece Queiroga, um bom brasileiro..
Aos quarenta e oito, tão moço e fagueiro
Na praia de Olinda, seu canto, seu lar
E ano após ano, só faço lembrar
De quinze de maio de setenta e oito.
Eu vejo Queiroga, subindo, afoito,
Cantando galope na beira do mar.

Então, concluindo, aqui, essa história
De vida e de glória de um brasileiro,
Eu só peço a Deus que meu verso rasteiro
Me deixe alcançar, no final, a vitória.
Contar aos mais novos a saga notória
Que, por muito tempo, entre nós vai ficar
Eu peço aos jovens pra sempre lembrar
De Luiz Queiroga e de seu Coroné,
Que tinham na arte um caminho de fé,
Cantando galope na beira do mar.

A Deus agradeço e a Nossa Senhora
A luz e a paz, pra cumprir a missão!
Sou mero instrumento, e a Inspiração
Me vem lá do Alto e, com Deus, não demora.
Porém um desejo me vem nessa hora,
E este trabalho eu vou dedicar
Mêvinha Queiroga essa filha exemplar.
Mêvinha, receba meus versos que, espero,
Louvaram seu pai e também Ludugero,
Nos dez de Galope, na beira do mar.



Adendo:


                A Biografia de Luiz Queiroga.

              

                            
                          Luiz Queiroga e Luiz Jacinto
                                        O criador e o artista


Luiz Queiroga, ou" Lula ", como era chamado por sua família, nasceu no dia 24 de Janeiro de 1930, na Rua Castro Alves (Encruzilhada), na cidade de Recife em Pernambuco. Único filho homem de ¨seu¨ Romildo e ¨dona¨ Romilda. Único irmão homem de Leda, Leny, Laís (Lála) e de Laurinete, a caçula (por parte de pai).

Sua infância foi a mesma de um garoto brincalhão mas, com jeitinho doce. Sempre arranjava uma maneira para ajudar um amiguinho, ou dividir o que tinha, com colegas mais humildes.

Numa corrida de bicicletas em Olinda, em 1935, onde foi campeão, não demorou muito a doar, minutos depois, a própria ¨bicicleta campe㨠'a um garotinho que chorava por não ter ganho a prova.

Mesmo muito ligado 'a família, não conseguia ficar parado, por isso começou a trabalhar cedo. Não que financeiramente precisasse, pois sua família vinha de um bom nível social , mas porque era um jeito que tinha de estar criando, fazendo alguma coisa.

E conseguiu seu primeiro trabalho, em 1943 no Aeroclube de Pernambuco, aos treze anos, como office-boy. O que sua família só descobriu tempoS depois.

Em 1946, 3 anos após, mudou-se para Caruaru com a família. Lá, em 1947, trabalhou no serviço de alto-falantes, da empresa Divulgadora de Anúncios de Caruaru, e fazendo a crônica de um jornal da cidade, “A Vanguarda”, onde, foi também revisor deste jornal.

Nessa época, viveu a fase áurea de Caruaru, integrando um conjunto musical junto com Onildo Almeida, Paulo Soares e Zé Bezerra (Chambá), no início, em 1947, chamado de Cancioneiros Tropicais, que logo foi renomeado por Pessoa de Queiróz, para Vocalistas Caetés.

Mesmo tendo feito muito sucesso nos eventos na região, o grupo terminou em 1953.

Em 1951, com o grupo vocal, inaugurou a Rádio Difusora de Garanhuns e a Rádio de Difusora Caruaru, onde veio trabalhar logo após, em 1952.

Mesmo durante o tempo que trabalhou na emissora, continuava fazendo os eventos com os Vocalistas Caetés, ainda em 1951.

Com o grupo e mais outros artistas da Rádio Difusora de Caruaru, subiram ao palco da emissora, a pedido de Blecaute,cantor de sucesso nacional, para tirarem foto simbólica pela passagem do cantor pela cidade, em sua turnê nacional. Blecaute ficou muito encantado com o trabalho e o talento do grupo.

Como naquele tempo seu emprego na rádio era provisório, ele foi trabalhar como auxiliar de escritório, no Armazém Guarany (Caruaru) onde ficou de novembro de 1953 até maio de 1954.

Nesse mesmo ano, em junho, voltou à Recife e entrou para a equipe da Rádio Jornal do Commércio, produzindo textos de humor, juntamente com Edvaldo Saldanha, entre outros.

Daí em diante sua vida radiofônica e jornalística foi múltipla, sugindo, para ele, diversas oportunidades simultâneas: Rádio Jornal do Commércio, Rádio Tamandaré e Rádio Clube (de 1954 a 1963).
Em 1955 fez também várias rádio-novelas. como: `Preconceito`, `Escrava do Pecado`, `Os Pecadores`.
Já em 1956, o sucesso do rádio eram os programas `Terreiro dos Caetés` e `Coqueirais`. no ano de 1957, os programas de humor `Rádio Confusão` e `Festival dos Cabeçudos` levava os ouvintes do rádio às gargalhadas. Sucesso que continuou em 1958 com `Avenida Vale Tudo` e `Cara que Mamãe Beijou`. Isso, falando apenas dos maiores sucessos do rádio naquela época, porque, a cada dia surgia uma criação novinha em folha.

Sua primeira composição, em 1958: “Escola de Feola”, gravada pelo grupo "Os Três Bohêmios", em homenagem aos craques do Campeonato na Suécia (Copa de 58); música que foi exibida no filme "ISTO É PELÉ" (produtoras cinematográficas L.C. Barreto Ltda e Carlos Niemeyer Filmes, responsáveis pela produção, e a Globovídeo Sistema Globo de Videocomunicação, que distribuiu o filme em vídeo) na época, sem a autorização devida. Foi uma das músicas mais tocadas desde o momento que saiu da gravadora, a Rozemblit (Mocambo) se prolongou com a chegada dos craques ao Brasil e seguiu tocando nas emissoras durante um bom tempo.

Ainda em 1958 conquistou grande sucesso com “Olê Laurindo”, uma marcha de roda, em parceria com Luiz Gonzaga. A letra, que mais parecia tema de quadrilha matuta, conquistava o público e até hoje é lembrada em festejos juninos de varias cidades do interior.

Foram vários e vários programas de rádio e ainda participava de revistas musicais, que eram sucesso daquele tempo. Entre elas uma escrita por Aldemar Paiva e que levou vários artistas de talento ao palco do Teatro de Santa Isabel, no Recife, numa festa da Rádio Tamandaré (1957), na peça chamada ¨Sai dessa, Chico!¨

No dia 19 de abril de 1960, casou-se oficialmente, com a cantora Mêves Gama. Ela, considerada uma das mais belas vozes da ¨Era de Ouro do Rádio¨. Trabalharam juntos nas rádios de Recife durante alguns anos.

Dessa união (entre 1960 e 1970) vieram sete filhos; Luiz Queiroga Filho (Lula Queiroga), Mêves (Mêvinha Queiroga), Lúcio Flávio (Flávio Queiroga), Luciano Queiroga (Lucke Luciano), Maria Consuelo (Nena Queiroga), Luiz Antônio (Neno Queiroga), Luiz Eduardo (Tostão Queiroga) que atualmente, seguindo a “veia artística”, trabalham todos no meio musical e publicitário.

Sempre arranjava um tempo para uma ¨farrinha¨ com os amigos. E um local de encontro mais escolhido por eles, em 1959, era sempre a Fazenda do Estado, em Caruaru (PE) onde o futebol e a música se misturavam com a alegria de cada domingo. Amigos que sempre fizeram parte de seu dia a dia e, principalmente, nos finais de semana onde se reuniam para tocar violão, regado da famosa batida de limão que ele mesmo fazia e guardava dentro de um abacaxi.

Em 1961, no Aniversário de 10 anos da Rádio Difusora de Caruaru, voltou a se reunir com o grupo vocal, apenas para homenagear o evento.

E veio também a Televisão...

Em 1961, trabalhou na TV Rádio Clube de PE (Canal 6) e na Rádio Clube de PE e paralelamente, escrevia músicas e jingles políticos (paródias).

Escreveu vários programas, muitas novelas, (em alguns, até trabalhou como ator) entre eles : “Vamos Mudar de Assunto”, “Big Show BS”, “Bossa à Béça”, “Tele Teatro”, etc.

Nessa mesma época, foi criado, com incentivo de Hilton Marques e de alguns amigos, o personagem Coronel Ludugero, interpretado por Luiz Jacinto, que logo de início, o interpretava sozinho. Pouco tempo depois, com a atriz Rosa Maria, nasceu a primeira companheira do Coronel, chamada de Dona Rosinha.

No mesmo ano, a atriz, Mercedes Del Prado dava a vida a personagem Dona Felomena (esposa do Coronel) que, junto ao ator Irandir Costa (Otrópe), formaram um trio humorístico, de simplicidade típica de nordestinos pacatos e puros, inundados de irreverência. Uma trupe que fazia rir um país inteiro.

Pouca gente sabe que o Ludugero existiu mesmo...não como um "coroné" típico daquela época, mas, sim um amigo muito engraçado, que morava em Caruaru que se chamava Ludugero e o inspirou tal personagem.

A Rádio Cultura de Caruaru (PE) foi uma das maiores responsáveis pela divulgação dos sucessos do Coronel Ludugero e toda sua turma, levando em suas ¨ondas¨ toda a alegria de seus ¨causos¨.

Depois da morte trágica que calou esses artistas (Ludugero e Otrópe), nos deixando com uma Véia Felomena inconsolável, tanto na vida quanto na arte, surgiram vários outros imitando os tipos, sendo que, reconhecidos por ele: “Coroné Ludrú e Gerômo”, “Coroné Caruá e Altenes” e "Seu Pajeú e Zé Macambira”.

Até hoje o personagem do Coronel é homenageado em quadrilhas juninas por todo o nordeste.

Em 1962, foi agraciado com o título de “Amigo da Marinha”, concedido pelo Ministério da Marinha do Brasil, por serviços prestados, recebendo uma placa de homenagem e uma bandeira da corporação.

Em 1963 fez trabalhos para o Diário de Pernambuco, onde escrevia uma página completa de humorismo chamada “Demogracinhas”, ao lado de Melo Júnior.

Neste mesmo ano, viajou para o Rio de Janeiro à convite da TV TUPI, onde criou diversos textos para programas humorísticos , entre eles, “A E I O Urca”, “Balança mas Não Cai”, “Vovô Deville”, “I Love Lúcio”, “Essa Gente Inocente”, “Rio Bola 6”, “Amor Humor”, “Café sem Concerto”, “Jornal Eco”, “Deu a Louca no Mundo”, entre tantos.

Ainda em 1963, trouxe o personagem Coronel Ludugero com a sua "trupe" para o Rio de Janeiro onde assinaram contrato com a gravadora CBS e daí surgiram vários LPs que fizeram sucesso nacionalmente, principalmente pela naturalidade dos personagens.

Entre eles o de maior sucesso foi o ¨Desquite de Ludugero¨, que bateu recorde de vendas e execuções, nas emissoras de rádio naquela época, até a morte dos artistas Coronel Ludugero e Otrópe, em 14 de março de 1970, num acidente aéreo. na Baía de Guajará Mirim, em Belém do Pará.

O corpo de Jacinto só foi encontrado no dia 30 de março e sepultado um dia depois, em Caruaru. Uma perda imensa para o humorismo brasileiro, e principalmente para o povo, que até hoje, lembra com saudade da alegria e a irreverência desses personagens.

Com a perda de ¨sua cria¨, Queiroga não iria chorar, até porque só aprendeu a fazer rir! E continuou escrevendo textos humoristicos para grandes nomes. Citando alguns: Chico Anysio, Renato Aragão, Lúcio Mauro, Arlete Sales, Consuelo Leandro, Dercy Gonçalves, Jô Soares, Costinha, José Santa Cruz, Ankito, Walter D’Avila, Mário Tupinambá, Bibi Ferreira, José Vasconcelos, Moacyr Franco, Brandão Filho, Paulo Gracindo, Sônia Maméde, Rony Cócegas, Zé Lorêdo, Carlos Leite, Wilza Carla, Gordurinha, Heloísa Helena, José Wilker, José Augusto Branco, Jacques Gonçalves, Evandro Vasconcelos e Genival Lacerda.

Ingressou na TV TUPI, ainda em 1970, à convite de Giuseppe Ghiaroni, torna-se o primeiro redator do Projeto Minerva, na Rádio MEC, transformando textos culturais em humor e novelas, o que fazia muito bem.

Depois de extinta a TV TUPI, trabalhou para a TV GLOBO do Rio de Janeiro, escrevendo textos humorísticos para o programa " A Praça da Alegria" , de muito sucesso da televisão.

No Rio, além de sua intensa vida na televisão, ainda descobre tempo para compor, escrever contra-capas de LPs, e trabalhar em publicidade (na Agência Trevo).

Além de músicas gravadas pelo Coronel Ludugero e sua "trupe", outros cantores deram vozes as suas composições, como o rei Luiz Gonzaga, Os Três Bohêmios, Genival Lacerda, Jackson do Pandeiro, Banda de Pau e Corda, Marinês, Trio Nordestino, Ivan Ferraz, Hélio Portinhal, Mêves Gama, e Luiza de Paula.

Muitas músicas em parcerias com Luiz Jacinto (Coronel Ludugero), Nelson Ferreira, Onildo Almeida, Rosa Maria, Ednaldo Queiroga, Lula Queiroga, Mêves Gama e Djalma Torres. Algumas, regravadas depois de sua morte, como é o caso do grupo Falamansa e do grupo Nordestinos do Forró, com a música A Hora do Adeus, em parceria com Onildo Almeida, gravado pela primeira vez por Luiz Gonzaga, e que na época virou um marco, mas que até hoje faz parte do repertório de grandes artistas regionais.

Já a música Machucando Sim, em parceria com Coroné do Trio Nordestino (regravada por eles junto com Geraldo Azevedo); pelo grupo Lampiões e Maria Bonita, por Nena Queiroga, pela Banda Mastruz com Leite, pelo Trio Araripe, pelo Trio Xamego, pela banda Forró no Escuro (composta por jovens com deficiência visual), pela Banda Rastapé, por Waldonys e por Adelmário Coelho.

O côco-de-roda Adivinhações, em parceria com Nelson Ferreira foi gravada por Mêves Gama.

No ano de 1974, foi convidado para integrar e supervisionar as atividades da MOBRALTECA, não ocupando o lugar por motivos pessoais.

Permaneceu no Rio até 1975 (quando a saudade e vontade de voltar o trouxe de volta a Recife, sua terra natal). E assim que chegou do Rio de Janeiro, começou a trabalhar na Rádio Clube de Pernambuco (de julho de 1975 até outubro de 1976) no Departamento de Programação, escrevendo o quadro “Uma Palavra Amiga”, onde trabalhava também como rádio-ator.

Ainda nessa emissora, escreveu para o programa de auditório “Essa Turma é de Lascar”, e para vários programas diários como ¨No Tribunal da Música¨.Trabalhou com vários artistas e apresentadores do rádio pernambucano, dentre eles um que se tornou seu amigo de "todas as madrugadas", o seu "amigo-irmão Jajá", como assim chamava o radialista e locutor Jader de Oliveira.

Nessa mesma época, a Fundação de Cultura e Turismo de Caruaru (PE), inaugurou na Praça Coronel Porto, na rua Preta, bairro de São Francisco, o monumento com as estátuas do Coronel Ludugero e Otrópe, obra do artista caruaruense Armando Lacerda, em homenagem aos personagens, filhos da cidade, que muitos sorrisos trouxeram ao seu povo.

Na chamada "Era de Ouro do Rádio", produziu muitos programas humorísticos, trabalhando com artistas como: Aldemar Paiva, Rosa Maria, Carmen Towar, Barreto Júnior, Agnaldo e João Batista (JOMBA), Albuquerque Pereira, César Brasil, Mercedes Del Prado, José Santa Cruz, Brivaldo Franklin (Zé do Gato), entre outros, criando inúmeros tipos, personagens.

Escreveu diversas novelas e textos teatrais, onde nasceram vários personagens engraçados; citando alguns deles, que foram para atrizes de muito talento; A Missegura (interpretado por Rosa Maria), Zefa Cangacêra (interpretado por Consuelo Leandro) e Maria Filó (interpretado por Carmen Towar).

Recebeu prêmios com seus frevos, em concursos de músicas carnavalescas em rádio e televisão, entre elas o frevo ¨O Velho e Novo¨ em parceria com o filho Lula Queiroga, vencedora em um desses festivais.

Em 31 de março de 1979, foi fundada, em Jardim Paulista Baixo – Paulista/PE, uma escola com seu nome. Escola Radialista Luiz Queiroga, que já funciona ‘a mais de 20 anos e com quase mil alunos.

Sobre a direção de Rinaldo José da Silva e toda uma equipe que transforma os limites precários da escola, em carinho, dedicação e responsabilidade de ensino.

Sabia tudo de rádio, teatro, música e televisão, mas, principalmente, de humor. Humor, que já veio na veia, como dom. Um humor sadiamente moleque, extremamente bonito, inteiramente profundo,
carregado de puro carinho, dedicação e talento.

Mesmo assim, apesar de tanto trabalho, nunca ganhou muito dinheiro. Era pobre, mas honesto, como ele mesmo sempre dizia. Seu verdadeiro "grande tesouro" era a sua família. Essa, que servia de inspiração a tudo que criava.

Seu último trabalho foi em 1978, como Assessor de Produção da Rádio Repórter (Rádio Globo), no Recife, onde também escrevia textos humorísticos para o Programa "Show da Cidade", e ia ao ar todos os dias, na hora do almoço, junto com Torres Filho, Lelino Manzela e vários repórteres da equipe da emissora, até quando faleceu em casa, na beira mar de Olinda (PE), vitima de um enfarto, no dia 15 de maio de 1978, aos 48 anos de idade. Tinha cumprido sua missão!

O homem, finalmente descansou. Mas o artista, esse é imortal. Ficará sempre vivo - vivíssimo - na memória do nosso povo. Esse povo simples que, rindo de si mesmo, consegue ser feliz como nenhum outro neste planeta.

Dedicatória

Fiz este "Galope à Beira Mar" em homenagem ao inesquecível Coronel Ludugero, interpretado pelo talento de Luiz Jacinto da Silva e, principalmente, ao seu genial criador, o humorista Luiz Queiroga.

Quem, dentre nós, não teve a infância ou a juventude coloridas pelo humor simples e extremamente criativo do Coronel Ludugero?

Luiz Queiroga faleceu em 15 de maio de 1.978 deixando sete filhos.
Dentre eles, a cantora e escritora Mêvinha Queiroga, autora do livro “O Humilde Imenso”, onde conta toda a trajetória de seu saudoso pai..

A Mêvinha Queiroga e a seus irmãos, com carinho e respeito, dedico este trabalho.

Juiz de Fora – MG – 03 de maio de 2.006