Patativa do Assaré,
A Voz Que Ainda Canta o Sertão
Compadre Lemos
Nota do Autor
Há muitos anos, desde criança mesmo, espelhando-me em meu pai, saudoso "Seu Geraldo Capoteiro", eu aprendi a amar a Literatura de Cordel e seus expoentes.
Dentre eles, tantos e tão criativos, destaco a figura ímpar de Antônio Gonçalves da Silva, O Patativa do Assaré.
Talvez por ter sido de sua autoria o primeiro Folheto de Cordel que li na infância, presente de meu pai. Tratava-se de "Brosogó, Militão e o Diabo", um clássico no gênero.
E fiz um compromisso comigo mesmo, naquela época: "um dia, vou escrever a história de Patativa, toda em versos!"
Eis aqui, depois de tanto tempo, o cumprimento dessa promessa. Neste folheto tão simples, tão despretencioso, a biografia, o mais exata possível, de Antônio Gonçalves da Silva, o nosso Patativa.
Disposto em 145 estrofes de sete versos heptassílabos, com rimas em A, B, B, C, D, D, C, terminando em acróstico, o presente folheto tenta relatar o resultado de um ano de pesquisas sobre a vida do incomparável poeta, do seu nascimento à sua morte, com ênfase em sua extensa obra literária e na imensa importância de que essa obra se reveste, para a Cultura Popular do Brasil.
Que sejam perdoados os eventuais erros e que todos possam compartilhar comigo o carinho e o respeito pela genialidade simples de Patativa do Assaré.
Que ele esteja, neste exato momento, sorrindo, lá no céu, ao ver que as sementes de Poesia que plantou em vida ainda estão germinando, crescendo e frutificando!
Patativa do Assaré,
A Voz Que Ainda Canta o Sertão
Compadre Lemos
Amigo Leitor, os dias
De hoje são diferentes.
Ainda temos repentes,
Ainda temos Cordel.
Ainda existe alegria
De se ler boa poesia
Escrita em bom papel.
Porém, o que tem mudado,
Eu falo aqui, sem temor,
Não é o som, nem a cor
Da arte de antigamente.
É a ferramenta, Doutor,
O tal do computador,
Que faz as coisas pra gente!
Não se escreve mais a mão,
Nem com Datilografia.
Findou-se, pois, a magia
Do artesão-escritor!
Por um bom tempo eu lutei
E quase que recusei
O tal do computador!
Mas, enfim, ele venceu
E eu me rendi, conformado.
E um Cordel - digitado! -
Escrevo, neste momento.
Pois estaria isolado
Se tivesse recusado
Utilizar este invento.
Portanto, eu me assento.
Em frente ao computador,
Com a missão de expor
Uma estória verdadeira.
A Deus peço a proteção
E também a inspiração
Pra minha rima rasteira.
E a tarefa é pesada,
De responsabilidade.
Precisa seriedade,
Pra não mentir, na missão.
Pra dizer bem a verdade,
Mentira é calamidade
De que não faço questão.
Mas eu começo com fé
Que dou conta do recado.
Já rezei, "tou" preparado.
Para "o que dé e vié".
Vou falar do afamado
Poeta, que foi chamado
"Patativa do Assaré".
Começando do começo:
Quando nasceu Patativa?
Sua fama inda é viva,
Seu verso é o melhor!
Sua poesia é tão linda,
Que o povo se lembra ainda!...
E menino sabe de cor!
Foi na Serra de Santana,
Município de Assaré
Que esse poeta de fé
Saltou pra luz, nun repente.
O estado do Ceará
Muito se orgulhará
Do poeta, eternamente!
No dia cinco de março
De mil novecentos e nove.
O povo, então, se comove,
Com o brilho daquele dia.
Mas não podia saber
Que estava vendo nascer
Um Menestrel da Poesia!
Naquele dia nasceu
Um forte e belo menino.
Na igreja tocou sino,
Como fosse dia santo!
E no choro, parecia
Que o menino dizia:
"Escutem todos, meu canto!".
"Eu acabei de chegar".
Nascido nesse Nordeste.
E sou um cabra da peste!
Uma promessa eu faço:
O mundo que me aprove,
Pois a vida me comove...
Vou ser poeta, no braço!"
"Eu vou cantar o Sertão".
Com a força do meu verso!
E o Rei do Universo
Me ajude, por caridade.
Vou cantar em verso nobre
A desventura do pobre
E sem faltar com a Verdade!"
Antônio Gonçalves da Silva
Foi na Pia batizado.
O padre disse, assustado,
Para a mãe de Patativa:
Eita, que choro danado!
Vai ser poeta, o safado,
De poesia criativa!
O pai, de nome Seu Pedro,
Não ficou muito contente:
"Vai sê poeta? Ô xente!
Mió sê trabaiadô!
Essa vida é uma briga
Poesia não enche barriga
Isso é coisa de dotô."
Mas a mãe, Dona Maria.
Disse: "Deus sabe o que faz!
Deixa o menino em paz
Móde sê o qui quisé."
Selava assim o destino
Daquele feliz menino
Patativa do Assaré!...
E o Antonio menino
Cresceu, ajudando os pais,
Não recusando jamais
O seu duro dia-a-dia.
Trabalhava ele na roça,
Morava numa palhoça,
Mas, sempre, com alegria!
Aos quatro anos de idade,
O nosso pequeno artista
Fica cego de uma vista,
De um mal chamado "dordói".
Mas a tudo ele resiste
Pois da lida não desiste
Quem já nasceu pra herói.
Continua seu trabalho,
Sua vidinha na roça.
Porém, sua língua coça
De vontade de versar.
"Se óio pra qui pra li
Vejo um verso se buli",
Viria ele a cantar.
Mil novecentos e dezessete.
Ele, então, com oito anos,
Passa por desenganos
Da sorte e triste vai,
Com a mãe e os irmãos,
Todos, juntando as mãos,
Ao enterro de seu pai.
Falecia, assim, Seu Pedro.
De quem tanto ele gostava.
E Patativa chorava,
Tomado de emoção.
Ao mesmo tempo, rezava.
E ao povo todo ele dava
Exemplo de bom cristão.
Logo depois, a má sorte
Novamente lhe alcança.
Ele era ainda criança...
E a mãe morreu de repente.
Saudosa Dona Maria!...
Mas eles, com valentia,
Tocaram a vida pra frente!
O Nordestino é assim:
Um forte, por natureza.
E, mesmo em grande tristeza,
Não se abate, e vai com fé.
Sua força mais se aviva!
E assim foi com Patativa,
O Poeta do Assaré.
Os doze anos contava
Quando na escola entrou.
Só quatro meses ficou,
Devido sua pobreza.
Pois nem à escola primária
A classe minoritária
Tem direito, com certeza.
Mas esse tempo de estudo
Foi, pra ele, de valia.
Rapidamente aprendia
As letras do ABC.
Nesse tempo, ele já faz
Alguns versinhos e traz,
Para a professora ver!
E ele, pra conseguir
Um sucesso tão marcante,
Teve um bom ajudante,
Facilitando o trabalho.
Estudou e deu valor
Ao livro do Professor
Felisberto de Carvalho.
Começa assim, nesse tempo,
A carreira do poeta.
Sua alma inquieta
Sempre buscando a Poesia.
Nas festas da redondeza
Declamava, com beleza,
Já dando ao povo alegria.
Nesse tempo, ele já lia
Poesia de Cordel.
"Na casa dos Coronel,
Lia tudo o que achava.
Apois, então, muito bem,
Eu posso fazer também!"
Já Patativa pensava.
E começou a escrever
Guardando o seu rabisco
Para não correr o risco
De sua obra perder.
Escrevia com emoção,
Falando sobre o sertão,
Onde adorava viver.
Só pra citar um exemplo,
Num poema, ele dizia:
"Eu sei que minha poesia
Já nasce do coração.
Não canto as coisa impussive,
Eu canto as coisa visive
Do meu querido sertão".
E continua o poeta,
Com sua simplicidade,
Dizendo só a verdade,
Pois quem não mente não erra:
"Assim que eu óio pra cima
Vejo um dilúvio de rima
Caindo in riba da terra"
No ano de vinte e cinco,
Ele, já quase homem feito,
Fez um negócio direito
E ficou todo pachola:
Vendeu uma cabra, um dia,
Apurou uma quantia
E comprou uma viola!
E começou a cantar!
Com a violinha na mão,
Percorria a região,
Fazendo e cantando verso.
Viajava sempre a pé,
Contando com sua fé
No Criador do Universo.
Nesse tempo ele já faz
Sua primeira viagem.
Conhece nova paisagem
Que jamais esquecerá.
Com o primo Zé Montoril,
Vai conhecer o Brasil
Lá em Belém do Pará!
Ficando, por cinco meses,
Naquelas terras do Norte,
Conhece, com muita sorte,
Zé Carvalho, um jornalista,
Que diz assim: "Ora, Viva!
Você nasceu Patativa!
É, pois, seu nome de artista!"
E Antônio logo aceita
E muito gosta do nome.
No entanto, ele diz: "Home,
Não esqueço meu lugá.
O nome bonito é...
Mas vou butá "Assaré",
Pra móde identificá."
E a fama desse poeta
Em todo lugar chegava.
O povo logo o aclamava
Dizendo: "Esse é que é
O poeta tão falado,
Que por todos é chamado
Patativa do Assaré!"
E nesse tempo também,
Se bem me lembro e não erro,
Ele anda de trem de ferro,
Alegre, feito criança.
Pra percorrer o Estado,
Ele vai aboletado
No trem da Belém-Bragança!
De volta ao Ceará,
Continua a sua luta.
Na roça, tem a labuta.
À noite, escreve poesia.
Conhece, ainda pequeno,
A um Juvenal Galeno,
Poeta, que lhe auxilia.
Ele é citado em um livro
Pelo seu belo trabalho.
O mesmo José Carvalho,
Lá de Belém do Pará,
Escreve bela missiva,
Dizendo que Patativa
Grande poeta será!
No dia seis de janeiro
Do ano de trinta e seis,
De acordo com as leis,
Patativa quer casar.
Casa-se, então, com Belinha,
Uma linda moreninha,
E a família vai formar.
Desse belo casamento,
Quatorze filhos nasceram.
Só sete sobreviveram...
Outros sete, Deus levou.
Mas os dois não protestavam.
Humildemente, acatavam
Aquilo que Deus mandou.
E Deus mandou que o Poeta
Nunca esquecesse a Poesia.
Patativa, então, seguia
Sempre, sua vocação.
Na roça, durante o dia,
E à noite ele fazia
Seus versos, de coração!
E sempre fiel à terra
Nordestina, que amava.
Em seus poemas falava
Das coisas do seu Sertão.
Observador, descrevia
O que de belo ele via,
Entre o céu e o chão.
Amava também contar,
Dizendo sempre a verdade,
A enorme dificuldade
Da vida de quem é pobre.
Relatava, com amor,
A vida do agricultor,
Em verso simples, mas nobre!
Junto com João Alexandre,
Que era um bom violeiro,
Percorre o Sertão inteiro,
Levando a sua poesia.
Onde quer que ele chegasse,
Havia quem lhe aclamasse
E ele apenas... sorria!
No ano cinqüenta e cinco
Conhece José Arraes
Que, impressionado demais,
Pega seus versos e bota
Nun livro de um escritor
Que lhe faz grande louvor!
Seu nome: Moacir Mota.
No ano cinqüenta e seis,
Cumprindo, pois, sua sina,
"Inspiração Nordestina"
Patativa então publica.
Poesia que dá e sobra!
Era o começo da obra
Que viria a ser tão rica!
Já em sessenta e dois,
E, tendo um certo cacife,
Vai cantar lá no Recife
Em um São João Popular.
Miguel Arraes patrocina
A Poesia Nordestina
Para o povo admirar!
Dois anos depois, somente,
O grande Luiz Gonzaga,
Encantado com a saga
Contada em "Triste Partida",
Pega o poema e grava.
Essa obra, aonde chegava,
Por todos era aplaudida!
Esse fato, por si só,
Já grandemente projeta
Patativa, o bom poeta,
Por todo nosso país!
Mas sua simplicidade
Não lhe permite vaidade
E, humildemente, ele diz:
"A minha rima é rasteira
É fruita de jatobá.
É fulô de trapiá
É canto de passarin.
É pé de pau, gamilêra,
É gente humilde, nas fêra,
Na puêra dos camin!"
E, assim, nosso poeta
Vai seguindo, sempre em frente,
Escrevendo humildemente,
Sem nunca ligar pra fama.
"Eu escrevo porque gosto
Se não escrevesse, aposto,
Morria in riba da cama!"
Porém, dois anos mais tarde,
No ano sessenta e seis,
Tendo o apoio das leis,
Mais Cultura ele incentiva:
Pois vai à luta, de novo
Publicando, para o povo,
Os "Cantos de Patativa"
Já no ano de setenta,
J. Figueiredo Filho
Lança, então, com muito brilho,
Os "Poemas Comentados"
São versos de Patativa
Comentados, em voz viva,
E grandemente exaltados.
No ano setenta e dois
Raimundo Fagner, cantor,
Que é também compositor,
Faz uma coisa malina:
Compõe uma melodia
E, encantado com a poesia,
Grava o poema "Sina".
Mas no encarte do disco,
Esquece, sem ter má fé,
De registrar de quem é
O poema que gravou.
Patativa não reclama.
Mas, logo, Fagner lhe chama,
Reconhecendo que errou.
E ficam, então, amigos,
Sem guardar nenhum rancor.
Patativa, o professor,
Ensinando humildade.
E Fagner, reconhecendo,
A ele disse: "Pretendo
Lhe mostrar, lá na cidade!
Depois, uns anos mais tarde,
Isso iria acontecer.
Nós ainda vamos ver
Patativa, em grande show,
Mostrando sua verdade,
Com toda a simplicidade,
Que nunca lhe abandonou!
Mas prossegue o poeta
Cada dia, a criar mais!
Aparece nos jornais,
Sua fama se espalha.
Enquanto o mundo comenta
Patativa não esquenta.
E simplesmente... trabalha!
E a sua produção
Vai ficando numerosa.
O poeta, sem ser prosa,
A muita gente comove!
Ele não se envaidece:
"Não sou aranha, que tece,
Quem gostar... que me aprove!"
No ano setenta e três,
Um fato inesperado:
Patativa é atropelado,
Andando em Fortaleza.
Perna mecânica ganhou
Até o fim da vida, usou.
Mas não chorava tristeza!
Dizia ele, brincando:
"Chorar, por que, meu irmão?
Eu escrevo é com a mão
Obedeço o que Deus qué.
Não tenham pena de mim.
Sou poeta, até o fim!
Não faço verso com o pé!"
Chegando setenta e oito,
Conformado com o acidente,
O Poeta, diligente,
Continua a trabalhar.
E publica, sem problema,
O seu mais lindo poema:
"Cante Lá, Que Eu Canto Cá".
Um ano depois, se muda,
Indo morar na cidade.
Pois já tá com certa idade
E se vai, todo feliz,
Residir no Assaré.
Porque é homem de fé,
Bem na Praça da Matriz.
Nesse ano acontecem
Inúmeras homenagens,
Onde grandes personagens
Se rendem ao seu talento.
Entre participações,
Faz "Poemas e Canções"
Em disco, nesse momento.
Na Campanha da Anistia
Ampla, Geral, Irrestrita,
Sua poesia bonita
Comove o Brasil inteiro.
Fizeram um filme, até!
Patativa do Assaré
Participou, bem faceiro.
Do Show Massafeira Livre,
"Theatro José de Alencar",
Ele foi participar,
Nesse ano produtivo.
Sua obra, conhecida!
E ele, feliz da vida,
Um poeta sempre ativo.
No ano seguinte, oitenta,
Fagner de novo estava
Com ele, e assim grava
"Vaca Estrela e Boi Fubá".
E, sem correr qualquer risco,
Patativa grava o disco
"A Terra é Naturá".
Tinha um programa na Globo,
Chamado de "Som Brasil".
O poeta, então, se viu
Convidado a apresentar.
Foi o Rolando Boldrin
Quem lhe chamou e, assim,
Não podia recusar.
Foi um sucesso da gota!
Foi um show de Patativa!
O povo, gritando "Viva
O nosso Poeta Maior!"
E Patativa seguia,
Humilde, como se via,
Sem querer ser o melhor.
Já no ano oitenta e quatro
As multidões, inquietas,
Lutavam pela Diretas
E a História registrou.
Patativa, convidado,
Participou e, aclamado,
Ao povo assim falou:
"Eu sou home lá da roça,
Mas respondo meu presente
E, junto com minha gente,
Eu tomém quero falá
Ao Governo Brasileiro
Que este povo ordeiro
Só qué as Direta Já".
Não vai ter revolução
Queremos paz, nessa terra.
Somos todos contra a guerra!
A gente só qué votá.
É um direito da gente
De votá pra presidente.
Queremos Direta Já!"
O seu verso assim ajuda
Ao sucesso da Campanha.
E Patativa, assim, ganha
Mais respeito popular.
Vídeo e filme são lançados
Para os fatos detalhados
De sua vida contar.
Mas Patativa, humilde,
Nada disso lhe envaidece.
Volta ao Sertão e se esquece
De toda essa homenagem.
Como roceiro que é,
Só quer viver no Assaré,
Em sua bela paisagem.
Mas Jefferson de Albuquerque
E Rosemberg Cariry,
Dois cineastas dali,
Fizeram um filme novo.
Para mostrar como é
Patativa do Assaré,
Filmam "O Poeta do Povo".
Nesse tempo, grande enchente
Se abate sobre o Sertão.
Patativa, com emoção,
Ajuda ao povo carente.
Pra consolar tanta mágoa,
Faz a canção "Seca Dágua"
E ao povo dá, de presente!
Ajudando, dessa forma,
Ao flagelado Nordeste,
Vai socorrendo o Agreste
Com chuva ou sol a pino!
O Sertão lhe agradece.
Por isso, ninguém lhe esquece
Nesse solo nordestino.
Nesse ano ainda grava
Novo disco, que encerra
"Poesia de minha terra,
Móde o povo adimirá"
O disco é, por sinal,
Um projeto cultural
Do Banco do Ceará.
Em oitenta e seis, apóia,
E da campanha faz parte,
Doutor Tasso Jereisati
Ajudando a eleger.
E Patativa, na hora,
Diz: "Dotô, tu, agora,
Que faça por merecer!"
E já no ano seguinte,
Trabalhando sem parar,
Volta ele a publicar
Mais um poema de amor.
Revelando-se romântico,
Escreve um belo cântico,
Chamado "Espinho e Fulô".
No mesmo ano, porém,
Já quase sem poder ver,
É obrigado a fazer
Uma grave cirurgia.
Em São Paulo, em Campinas,
Operou-se das retinas
E a vista quase perdia.
Chega o ano oitenta e nove!
Comemora oitenta anos.
Este fato, então, dá panos
Pras mangas de toda a Imprensa.
São muitas as homenagens,
Recebe tantas mensagens
Que, refletindo, ele pensa:
"Meu Padin Ciço, me diga:
Como é que pode, um roceiro
Desse sertão brasileiro
Ser querido, desse jeito?
Eu não sou nada, sou pobre,
E esse povo, tão nobre,
Dizendo que sou perfeito?...
O Senhor que me perdoe,
Se eu tô dizendo besteira.
Mas penso dessa maneira:
O bom aqui não sou eu!
O Senhor, que é meu Padin,
Foi quem fez isso por mim...
Isso é milagre seu!"
E assim, o nosso Poeta,
Com grande simplicidade,
Não enxergava a verdade
Sobre o seu próprio talento.
E tudo o que recebia
Ao "Padin" agradecia,
Demonstrando sentimento.
E nesse ano, embalado,
Pelo reconhecimento
Que tinha, nesse momento
Bonito, do seu destino,
Já lança um disco novo
Tira, "da casca do ovo",
O seu "Canto Nordestino".
E faz apresentações
Em diversas capitais.
Raimundo Fagner jamais
Lhe esqueceu! E cumpriu
O compromisso que um dia
Ele, com muita alegria,
Com Patativa assumiu.
Leva o Poeta a São Paulo,
Recife e Fortaleza.
E um show de muita beleza
Para ele então criou.
O povo não esquece mais
Pois em muitas capitais
Nosso roceiro reinou!
Este show, gravado em disco,
Foi sucesso! Genial!
Do simples ao maioral,
Cada um reconheceu
Que ali estava a Poesia!
O Brasil todo aplaudia
E o poeta mereceu!
No ano seguinte, noventa,
Dois fatos muito marcantes:
Violeiros atuantes
Das mais diversas escolas,
Com grande contentamento,
O levam para o evento
"Fortaleza das Violas".
"Patativa do Assaré -
Oitenta Anos de Luz ".
É lançado, e Jesus
Abençoa o lançamento.
E mais um disco termina:
O seu "Canção Nordestina",
Confirmando seu talento!
O artista Cleyvan Paiva
Musica vários poemas
Que, trazendo belos temas,
São lançados no mercado.
O povo, então, se admira
Que esse pobre caipira
Seja um poeta inspirado!
E já em noventa e um,
Gê Gonçalves, um amigo,
Dá apoio e dá abrigo
Ao poeta brasileiro.
E, cheio de esperança,
Patativa então lança
Mais um livrinho: "O Balseiro".
Esse livro não contém
Só poemas de Assaré.
Pois o dito cujo é
Uma linda coletânea
De poemas nordestinos,
Mostrando "a esses meninos",
Poesia contemporânea.
No ano noventa e três,
Indo pra boca do lobo,
Vai parar na Rede Globo
E ator ele vai ser.
Participa, com talento,
Com arte, com sentimento,
Da novela "Renascer".
Faz a novela na Globo,
Depois, muda de estação.
Pois "a tal televisão
Tinha muito a oferecer".
Querendo mudar de ares,
No SBT, Jô Soares
É quem vai lhe receber.
Conheço gente que tem
A entrevista gravada.
Jô Soares dá risada
Admirando o progresso
Do poeta brasileiro
Que, sendo um simples roceiro,
Consegue fazer sucesso!
E, ainda nesse ano,
Com sua vontade de ferro
Diz: "Trabalho e não erro,
Quero estar sempre na ativa".
Na luta, nunca se abaixa,
Lança, então, em bela caixa,
"Os Cordéis do Patativa".
No ano seguinte, o Poeta
Não pára de trabalhar.
Agora vem a lançar
Um livro novo na praça.
"Aqui tem coisa" é o nome
Da obra, e o couro come!
O povo, achando graça!
Ronaldo Nunes juntou-se
Com o Osvaldo Barroso
E um filme caprichoso
Fizeram, com inventiva.
Trabalho extraordinário,
Chamou-se o documentário
"O Vôo da Patativa".
Ainda em noventa e quatro,
Mais um disco ele grava.
O poeta não parava
De rimar, com maestria.
Abrem-se, pois, os panos,
Para "Oitenta e cinco anos
De Luz e de Poesia".
Nosso poeta, então,
De outro evento faz parte,
Mostrando assim sua arte,
Do jeito que ele queria:
"Oitenta e cinco de idade,
De amor e fidelidade
À sua gente e à Poesia"
"Esse ano foi o pior
Que tive na minha vida"
Diz ele, voz abatida,
Voz saudosa, bem baixinha:
"Uma grande dor senti,
Pois nesse ano eu perdi
A minha esposa Belinha!"
"Pessoa a quem devo muito,
Ela foi a companheira.
Pois, muito trabalhadeira,
Igual, assim, não havia!
Eu, quase não enxergando,
Meus versos ia ditando...
Era ela que escrevia!"
"Pro resto da minha vida,
Eu nunca vou me cansar
De desse jeito falar,
Fazendo verso e Cordel.
Aqui, na nossa terrinha,
Eu cuido da sorte minha.
Belinha... já tá no céu!"
E assim, no ano seguinte,
Continua trabalhando.
E logo está mostrando
Um novo livro, na mão.
Falando sobre o seu verso.
"Patativa e o Universo
Fascinante do Sertão".
Plácido Cidade escreveu
Essa obra muito altiva.
Falando de Patativa
E tudo que ele criou.
Patativa, lhe ajudando,
Conferindo e revisando,
Da obra muito gostou.
Chegando noventa e sete,
Já temos mais novidade:
Oitenta e oito de idade,
Primeiro CD lançado!
Com humor que não se apaga,
Pega o CD e indaga:
"O que tem, do outro lado?"
E o nome do CD
Já presta justa homenagem
Ao poeta de coragem,
Que a força nunca perdia,
Idoso, porém afoito:
"Patativa, oitenta e oito
Anos de Poesia!"
Sua cidade querida,
Numa homenagem pura,
Já nesse ano inaugura
Uma Rádio Comunitária.
E o Nome da Rádio é
"Patativa do Assaré",
O que a torna lendária.
No ano noventa e oito,
José Lourenço Gonzaga
Ao nosso poeta afaga,
Com respeito e com doçura.
Lança um álbum bonito
Para enaltecer o mito,
Usando a Xilogravura.
Contém dezesseis matrizes,
Bem feitas, em umburana.
Sua beleza empana
As outras obras que havia.
E intitula, belamente,
A obra resplandecente:
"Patativa - Amor, Poesia".
No Estado de São Paulo,
A Câmara Legislativa
Recebe, então, Patativa,
Com uma grande homenagem.
Com lavratura em Ata,
Marcam pra sempre a data
Da importante passagem.
"Patativa - Novent'anos"
Discursa até o Prefeito!
E poetas de respeito
Só louvam o Menestrel.
E cada um, em seu canto,
Declara: "Ninguém fez tanto
Assim, por nosso Cordel".
Em Fortaleza inauguram
Uma grande exposição,
Para louvar, com emoção,
O Mestre das Obras Primas.
Da Poesia, que deságua,
Nasce, "De um pingo d'água
Um oceano de rimas".
Então, a Universidade
Federal do Ceará
Promove o que será
Um pleito extraordinário.
Usando a Xilogravura,
O Poeta ela figura
Em um lindo calendário!
O autor desse projeto
Foi o artista Evandro Abreu.
A Xilogravura, deu
O artista José Lourenço.
Patativa, bem contente,
Só dizia: "Minha gente...
Assunta só o que eu penso:
Já tenho noventa anos
E ainda não fiz nada.
Minha obra ser louvada?
Eu ser louvado por isso?
É só por muita bondade
Dos amigos, dos cumpade,
Milagre do Padin Ciço!"
Já quase no fim da vida,
Já poeta consagrado,
Sendo homenageado,
Ele nunca se envaidece.
E, falando com humildade,
Agradece "a bondade
De louvar quem não merece".
Chega então noventa e nove.
A festa de Aniversário!
O feito mais legendário,
Um evento magistral!
Na cidade de Assaré,
Inauguram, pois, com fé,
O Grande Memorial.
Trata-se de um museu
Com toda sua grande obra
Poesia lá tem de sobra,
Pois o poeta escreveu.
O povo reverencia
O Poeta e sua poesia
Que os noventa já venceu!
E pede a Deus saúde
E vida mais longa ainda,
Ao que tanta coisa linda
A todos proporcionou.
Parece que Deus, ouvindo,
Diz ao poeta: "Vá indo,
Dois anos mais Eu lhe dou".
Já velho e bem cansado,
E cego, o nosso bardo
Carrega ainda o fardo
Da fama, como poeta.
Sentado em sua cadeira
De balanço, a tarde inteira,
Sua alma se aquieta.
Não pode mais escrever,
Mesmo assim não se entristece.
O coração não esquece
Toda a vida que viveu.
Se alguém lhe diz "-Obrigado",
Ele diz: "Cê tá errado!
Quem agradece sou eu!"
Filhos, netos, parentes
E fãs, em todo país,
Querendo lhe ver feliz,
Nunca o deixam sozinho.
Ele, inverno ou primavera,
Cisma, recorda e espera
Sua hora, seu caminho.
E fala um dia, a um neto:
"Poeta é só quem diz
Escrevendo, fui feliz,
Pois escrevi para o povo.
Se morrer, eu morro em paz.
Quem sabe bem o que faz
Faria tudo de novo!..."
Até que chegou o dia.
Foi pouco tempo depois.
No ano dois mil e dois
No dia oito de julho.
A figura se aquieta.
Acharam morto o poeta,
Motivo do nosso orgulho.
Morreu em sua cadeira
Na varanda, que gostava.
A ninguém incomodava
Como dissera, um dia.
"Quando eu seguir meu caminho,
Eu quero é ir sozinho,
Sem alarde ou arrelia".
O Brasil, naquele dia,
Perdia um maioral!
Pobre, até o final
Da carreira, mas contente,
Por ter cantado a beleza
Da terra e da Natureza
E o sofrer de sua gente.
O Brasil, naquele dia,
De sul a norte, chorou.
Muita gente lamentou
O Mestre, que ia embora.
Mas ele, tranquilamente,
Só dizia: "Calma gente,
É que chegou minha hora".
"Essa hora é Deus quem marca,
Com a Sua Onipotência.
Não há recurso ou ciência
Pra se mudar um destino.
Vou-me embora, é verdade,
Mas levo muita saudade
Desse povo nordestino".
"Saudade da minha serra,
Que eu cantei, parcamente.
Saudade da minha gente,
Saudade do meu Sertão.
Mas vou-me embora contente
Pois a chuva, docemente,
Já molha o meu caixão".
"E peço a todo poeta
Que vai ficar nesse chão:
Que abra o coração,
Quando for versar de novo.
Para cantar nossa terra,
Pra castigar a quem erra,
Pra defender nosso povo".
"Nunca perca a fé em Deus,
Nem no maior sofrimento.
De Jesus, o ensinamento,
Guarde bem, no coração.
E tenha sempre na mente
O que ensinou lindamente
O Padin Ciço Romão!"
"Eu não quero ser lembrado!
Lembre somente a Poesia!
E cante, com alegria,
Para o povo se animar.
No Brasil, de sul a norte,
O povo tem que ser forte,
Pra dureza suportar."
"Tenha pena dos pequenos,
Dos fracos, dos que não podem.
Enquanto bombas explodem
Causando tristeza e dor...
Tenha dó do povo inteiro
E, no solo brasileiro,
Espalhe um pouco de amor".
"Pra ver um mundo melhor,
Tenha fé, tenha esperança!
Eduque toda criança
E lhe dedique atenção.
Pois, em meio a tanta guerra,
Felicidade, na terra,
Só vem pela Educação".
Assim diria o Poeta,
Se, morto, fosse falar.
Sua gente, a aconselhar,
Arrebatado de amor.
Resumindo: "a esperança
É ver, um dia, a bonança
Chegar ao trabalhador!"
Terminando, meu amigo,
Agradeço, emocionado.
O meu recado foi dado
Cumprida, a minha missão.
Com o meu verso rasteiro,
Quem falou, sempre primeiro,
Foi a voz do coração.
Agradeço a Deus do Céu
A graça de escrever
Podendo, assim, dizer
O que foi e o que é,
Para o Povo Brasileiro,
O Poeta Verdadeiro
Patativa do Assaré!...
Pergunte, leitor amigo,
Aonde foi Patativa?
Terminando a narrativa,
Atentamente eu lhe digo:
Teve ele o seu abrigo
Imediato, no Céu.
Velando pelo incréu,
Além de todo perigo.
Dizendo, sempre consigo:
O Pai proteja o Cordel!
Assim, fique, eternamente,
Seu verso, sempre presente,
Seu exemplo mais profundo!
Ao reviver Patativa
Repito: sua chama viva
É uma lição para o mundo!
Antônio Gonçalves da Silva
Neste Nordeste nasceu.
Para a Poesia viveu!
Estará morto?... Sei não!...
Ainda o vejo entre nós!
Pois Patativa é "A Voz
Que Ainda Canta o Sertão"!
Dedicatória
Para Jussiara, Lara e Lívia, minha família, a razão de tudo!
Para Seu Geraldo Capoteiro, meu pai, pura saudade!
Adendo:
Cronologia de Patativa do Assaré
1909 - Nasce, dia 5 de março, na Serra de Santana (Assaré), Antônio Gonçalves da Silva, O Patativa do Assaré. É o segundo filho de Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva, pequenos proprietários rurais
1913 - Fica cego de um olho, em decorrência de uma doença chamada Conjuntivite. No Nordeste rural, essa enfermidade é conhecida como "Dordói" ( Dor de Olhos ).
1917 - Morte do pai, a 28 de março. A pequena propriedade da família, na Serra de Santana, é dividida entre os filhos José, Antonio, Joaquim, Pedro, Maria e Mercês.
1921 - Vai para a escola aos 12 anos, onde passa quatro meses. É alfabetizado por meio do livro de Felisberto de Carvalho. Mantém o trabalho na agricultura, ajudando a família.
1922 a 1923 - Começa a fazer os primeiros versos sobre brincadeiras de noite de São João, queima de Judas, plantio das roças, etc.
1925 - Vende uma ovelha para comprar a primeira viola. Passa a se apresentar nos sítios e festas da região.
1928 - Viaja para Belém do Pará, com o primo da mãe, José Alexandre Montoril, que já morava lá. Patativa fica cinco meses em Belém. É lá que ganha, de José Carvalho de Brito, jornalista e advogado do Crato radicado na capital paraense, o nome de Patativa. Apresenta-se nas "colônias'', núcleos de nordestinos que migraram para o Pará. Faz o percurso, pela da linha férrea, de Belém a Bragança.
1929 - De volta ao Ceará, visita a Casa de Juvenal Galeno, onde se apresenta em noite festiva e tem o privilégio de conhecer o poeta das "Lendas e Canções Populares''.
1931 - Citado no livro "O Matuto Cearense e o Caboclo do Pará'', de José Carvalho, que relembra o episódio do encontro com o jovem poeta.
1936 - Casa-se, dia 6 de janeiro, com Belarmina Paes Cidrão, a Dona Belinha, com quem teve 14 filhos, dos quais sete morreram.
1940 - Apresenta-se com violeiros, como João Alexandre, nos sítios e festas do Cariri.
1955 - Conhece José Arraes de Alencar, que toma a iniciativa de transcrever seus poemas por meio de Moacir Mota, filho de Leonardo Mota.
1956 - Publicação de "Inspiração Nordestina", por Borsi Editor, do Rio, reeditado em 1967.
1962 - Apresenta-se no São João Popular, no sítio Trindade, em Recife, promovido por Miguel Arraes.
1964 - Luiz Gonzaga grava "A Triste Partida", poema de Patativa.
1966 - Lançado o livro "Cantos de Patativa".
1970 - Publicação de "Patativa do Assaré - Novos Poemas Comentados", de J. de Figueiredo Filho.
1972 - Raimundo Fagner musica e grava "Sina", no disco "Manera Fru-Fru, Manera", poema cuja autoria não lhe foi atribuída.
1973 - É atropelado na avenida Duque de Caxias, em Fortaleza, dia 13 de agosto. O acidente deixou seqüelas e Patativa usou uma perna mecânica até o fim de seus dias.
1978 - Lançado, pela Editora Vozes, "Cante Lá Que Eu Canto Cá", seu mais belo poema.
1979 - Passa a residir em Assaré, à rua Coronel Onofre, 27, Praça da Matriz.
- Homenageado pela programação cultural do encontro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Fortaleza.
- Grava o disco Poemas e Canções e participa da campanha pela Anistia aos presos políticos brasileiros.
- Atua em "Patativa do Assaré", filme super-8 de Rosemberg Cariry.
- Participa da "Massafeira Livre", de 15 a 18 de março, no Theatro José de Alencar, lançado em disco pela Epic (CBS), no ano seguinte.
1980 - Fagner grava "Vaca Estrela e Boi Fubá" (CBS).
1981 - Lança o disco "A Terra é Natura"
- Apresenta-se no programa Som Brasil, da Rede Globo, a convite de Rolando Boldrin, dia 31 de outubro.
1984 - Participa da campanha pelas "Diretas Já" e sobe ao palanque, em Fortaleza, para dizer poemas, ao lado de lideranças políticas nacionais.
- Publicação de "O Metapoema em Patativa do Assaré", uma introdução ao pensamento literário do poeta, de Francisco de Assis Brito, pela Faculdade de Filosofia do Crato.
- Vídeo "Patativa do Assaré", realizado pelo projeto Experimental dos alunos do Curso de Comunicação Social da UFC, com apoio da Tv Educativa.
- "Patativa do Assaré - Um Poeta do Povo", filme de Jefferson Albuquerque Jr. e Rosemberg Cariry, em 16mm, ampliado para 35mm, em cores.
1985 - Faz a letra de "Seca d'Água", criação coletiva para angariar fundos para as vítimas das enchentes, que assolaram o Nordeste naquele ano.
- Lança o disco "Patativa do Assaré", um projeto cultural do Banco do Estado do Ceará.
1986 - Apóia a candidatura de Tasso Jereissati ao governo do Estado.
1988 - Publica o livro "Ispinho e Fulô", pela Imprensa Oficial do Ceará.
- Submetido a cirurgia em clínica oftalmológica de Campinas (SP).
1989 - seminário "Oitenta anos de Patativa do Assaré", promoção da Urca
- Lança o disco "Canto Nordestino".
- Apresentação de Patativa do Assaré e Théo Azevedo, no teatro das Nações (Avenida São João, 1737), em São Paulo.
- Evento "Patativa do Assaré - Oitenta Anos de Vida e Poesia", dia 30 de novembro, no BNB Clube, em Fortaleza.
- Apresentação de Patativa do Assaré com Fagner, no Memorial da América Latina, em São Paulo, de 7 a 9 de dezembro.
1990 - Participação no evento "Fortaleza das Violas", no BNB Clube, em Fortaleza, dias 26 e 27 de janeiro, como convidado especial, juntamente com Otacílio Batista e Geraldo Amâncio.
- Lançamento do disco "Patativa do Assaré - Oitenta Anos de Luz", com apoio da Prefeitura Municipal de Assaré, Urca, Secretaria da Cultura do Estado e Associação dos Artistas e Amigos da Arte, de Juazeiro do Norte.
- Lançado o disco "Canção Nordestina", com poemas musicados por Cleivan Paiva.
1991 - Lança o livro "Balseiro", organizado por ele e por Geraldo Gonçalves, que reúne parte da produção dos poetas de Assaré, publicado pela Secretaria da Cultura do Estado (Secult)/Ioce.
1993 - Participa da novela "Renascer", da Rede Globo de Televisão.
- Entrevistado pelo programa Jô Onze e Meia, do SBT.
- Lança a caixa "Cordéis do Patativa'', editada pela Secult, com apoio da Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte, na Casa de Juvenal Galeno, em Fortaleza, dia 20 de novembro.
1994 - Lança o livro "Aqui Tem Coisa", na I Feira Brasileira do Livro de Fortaleza.
- Documentário "O Vôo da Patativa", com roteiro de Oswaldo Barroso e direção de Ronaldo Nunes, produzido pela TV Ceará.
- Grava o disco "Patativa - Oitenta e Cinco Anos de Luz e Poesia"
- Evento "Patativa do Assaré - Oitenta e Cinco Anos de Fidelidade e Amor à Poesia e à Sua Gente'', dias 4 e 5 de março, em Assaré.
- Morte de dona Belinha, dia 15 de maio.
1995 - Lançamento de "Patativa e o Universo Fascinante do Sertão", de Plácido Cidade Nuvens.
1997 - Seminário "Oitenta e Oito Anos de Patativa do Assaré", promovido pela Urca e Secretaria da Cultura do Estado, no Crato.
- Lançamento do CD "Patativa 88 anos de Poesia".
- Inauguração da Rádio Comunitária Patativa do Assaré, em sua cidade natal.
- Defesa da dissertação "A Linguagem Regional Popular na Obra de Patativa do Assaré", de Maria Silvana Militão de Alencar, no Mestrado em Lingüística e Ensino da Língua Portuguesa da UFC, dia 5 de dezembro de 1997, sob a orientação de Maria do Socorro Silva de Aragão.
1998 - Álbum de xilogravuras "Patativa - Vida, Amor, Poesia", com 16 matrizes em umburana, de autoria de José Lourenço Gonzaga.
- Sessão solene da Assembléia Legislativa do estado de São Paulo, dia 10 de agosto, em homenagem aos noventa anos de Patativa do Assaré. Transcrita no volume 108, número 166, do dia 1 de setembro de 1998, do Diário Oficial do Estado de São Paulo.
- Inauguração, dia 1° de outubro, da exposição "De Um Pingo D'água, Um Oceano de Rimas", em homenagem a seus 90 anos na III Feira Brasileira do Livro de Fortaleza.
2002 - Dia oito de Julho - Falece, em sua residência, na cidade de Assaré, à Rua Coronel Onofre, 27, Praça da Matriz, Antônio Gonçalves da Silva - Patativa do Assaré, para lamento e pesar de todos os brasileiros.
Fontes:
Banco de Dados do Jornal " O POVO ", Arquivos do professor Gilmar de Carvalho
e
Jornal de Poesia
Ambas as fontes fornecidas pelo meu Compadre e amigo Soares Feitosa.
Pesquisa e compilação de dados: Compadre Lemos
Agradecimentos:
Ao meu compadre Petronilo Filho, (João Pessoa - PB), pela paciente revisão.
Ao Compadre Valdir Oliveira, proprietário da Editora Canoa - São Paulo - Sp - pela oportunidade de edição e publicação em papel.
A Deus, por ter-me providenciado paciência e perseverança, na tarefa.
E... a você, que acabou de ler este folheto!
Obrigado!
O Autor
Compadre Lemos (Luiz Carlos Lemos) é bancário aposentado, 54 anos, casado, natural de Teófilo Otoni - MG e reside atualmente em Juiz de Fora - MG. É pesquisador de Literatura de Cordel e Cultura Popular via Internet, leitor apaixonado e criador inspirado de Folhetos de Cordel.
Além de "Patativa do Assaré, A Voz Que Ainda Canta o Sertão", é autor de "A Resposta do Professor Desocupado ao Deputado Valente", “O Orgulho de Ser Negro”, “Novos Tempos – O Cordel na Internet” e "Minha Mulé", organizador do trabalho "Festiverso 2.006 - O Livro do I Festiverso".
Questionado quanto aos motivos que o levam a trabalhar diariamente com Literatura de Cordel, responde: " Faço Literatura de Cordel pelo imenso prazer que essa atividade me proporciona; e para dar uma parcela mínima de colaboração para com a Cultura Popular do meu país! Estou apenas cumprindo, à minha maneira, o meu dever de brasileiro."
Ficha Catalográfica
Nome: Patativa do Assaré, A Voz Que Ainda Canta o Sertão.
Tema: Literatura de Cordel – Biografia
Autor: Compadre Lemos ( Luiz Carlos Lemos )
Local: Juiz de Fora - Minas Gerais
Data de Criação - Novembro / 2.006
Editora: Editora Canoa - São Paulo - SP.
Estrofes: 145 estrofes de sete versos heptassílabos, com rimas em A, B, B, C, D, D, C,
Estilo: Septilha
Linguagem: Coloquial Moderna, com citações em linguagem regional cabocla.
Final: Acróstico "Patativa do Assaré" - Três estrofes, sendo uma de 8, outra de 2 e outra de 6 versos heptassílabos.
Todos os direitos reservados ao Autor e à Editora, em partes iguais.
Juiz de Fora – MG – 23 de janeiro de 2007