Imagens invisíveis de um nada sólido.

Autor: Daniel Fiuza

03/08/2002

Beijei a boca da noite

Com lábios de sedução

Provei o sabor do escuro

Bateu forte o coração

Os pêlos se arrepiaram

Os dedos se encontraram

Abraçando a escuridão.

Perdido no meio do tempo

Olhei com os olhos da rua

Uma estrela se despindo

Tomando banho de lua

Senti um novo prazer

Mas nada pude fazer

Com aquela beleza nua.

Botei a boca no mundo

Enchi o bucho de vento

Quebrei o dente de alho

E expulsei meu lamento

Mordi a língua de trapo

Para não engolir sapo

Quebrei o meu juramento.

Fiz ouvido de mercado

Com paciência de Jô

De tanto correr cansei

No meu viver dei um nó

Em casa eu sou o galo,

Mas nada digo, me calo.

Se a galinha é carijó.

Eu não nasci com a bunda

Virada pra lua cheia

E nem em berço de ouro

Minha vida já foi feia

Por santa Maria Gorete

Minha mãe pariu foi sete

se tem mais um ela arreia.

Ouvindo o galo cantar

Sem saber aonde era

Eu vi a banda passar

Tocando na atmosfera

Sofri com pé de atleta

Não tirei o meu da reta

Naquela fila de espera.

Andei em campo minado

Fiz um grande omelete

Os ovos ficaram inteiros

Colei a vida com chiclete

Me Alimente de ilusão

Nunca pus os pés no chão

Tomei banho de confete.

Domfiuza
Enviado por Domfiuza em 31/05/2008
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