INCOMUM
Raios resplandeciam no céu limpo azul.
Trovões e pássaros regidos por um maestro fantasma tocavam a Sonata da Loucura.
Flores desabrochavam mais cedo e mais tarde com a indisciplina linda da liberdade, com cores se cruzando e formando jardins incomuns.
E frutos amadureciam e semeavam e plantas e árvores surgiam.
Vento...vento...vento...para todos os lados e de lado nenhum, varriam o ar, o espaço.
A Terra girava ao som da Sonata e o Tempo passou a ser da Natureza como sempre foi, só que agora ela enlouqueceu.
A Natureza louca, sem lógica, sem razão, mostrando a língua para as teorias, mapas e cálculos.
E o homem com medo. Com medo de sua Mãe. Com medo do olhar agudo e profundo como uma finíssima agulha que Ela passava a ter.
Sucessivos pores-do-sol passavam com as mais lindas cores.
Estrelas passeavam no céu.
E águas desabavam do Céu sem nuvens.
Deixando o homem encolhido e encolhendo-se, engolindo-se, diminuindo sua forma, fixando-se no seu nada, sumindo com toda a sua ignorância vinda do medo que a fez tornar-se lei, regra, cultura.
E, de repente, Deus surge na forma de uma margarida.
E os loucos dizem Amém...
(livrete registrado na BN/RJ)