LEMBRANÇAS DE OUTRAS VIDAS DE UM POETA
LEMBRANÇAS DE OUTRAS VIDAS DE UM POETA
Certo dia uma índia do Rio Xingu, ao sonhar um sonho encantado, encantou-se por um poeta encantador,
Que cantava contos de tantos contos que já vivera em outras vidas,
Registros de idas e vindas a procura do seu amor.
A índia brejeira
Não imaginava que pudesse haver felicidade além daquele rio.
De janeiro a janeiro, em suas ocas, copas e cabanas, sua sina era andar por aquelas beiras,
Obedecendo ao seu senhor que desde moça menina sempre serviu...
Em devaneios pensava: o que haveria por trás daquele rio?
Nos braços de morfeu, deixou que aquele forasteiro de diversos versos, versasse nova versão para os sonhos seus.
Dizia o moço desafiador:
Por de trás desse mundo de águas que sempre serviu para banhar-te e viver as tuas criancices a vida inteira,
Saiba que há uma ponte que podes atravessar!.
Agora a menina mulher que teve as suas crias,
Ao seu senhor, serva sempre servia,
Até então não percebera,
Que criara asas, e pela ponte poderia passar.
O poeta de tantas estradas,
Encontrara naquela nativa as marcas de tantas eras passadas,
A alegria em seus corações estava instalada.
E ousaram voar, atravessando a ponte como pássaros livres a buscarem um outro verão.
Viveram, cantaram, beberam o vinho que puderam em toda a estação,
E ao final daquele sonho, ainda brindaram o regozijo de um reencontro que traziam em suas mentes, e que somente o inconsciente, poderia explicar tanta paixão.
O sol se pôs, anunciando a necessidade de voltarem às suas lidas;
O verão se foi, mas a índia linda, todos os dias ainda,
Volta à beira daquele rio a recordar o antigo amor de um poeta de outras vidas.
Aguardando a primavera chegar,
Para novamente a ponte atravessar.
Pedro Ferreira Santos (Petrus)
24/01/08 Da série Sinais de fogo