A SENHORA DA RUA DAS DALIAS
Sentada na velha cadeira de balanço em frente a casa
desbotada, observava o progresso.
As velhas ruas esburacadas, agora davam lugar ao asfalto.
As pessoas passavam apressadamente, os carros em alta
velocidade.
Cada ruga em sua face, uma historia de um momento
adormecido em suas lembranças.
As maos que um dia foram seguras hoje estavam fregeis e
tremulas.
Os olhos negros cansados da apatia que a vida se tornara.
Nos bolsos do velho vestido de algodao as cartas que jamais
chegaram ao seu destino.
Quando as lagrimas banhavam sua face a levava de volta a
sua juventude.
A dor podia lhe corroer, mas nem por um instante diluir a
esperança.
Seu corpo estava cansado da solidao, em seu coraçao cada
sonho engavetado.
Fora numa tarde de outono que a encontraram.
O friozinho do entardecer despertou a atençao da jovenzinha
que passava todos os dias em frente a aquela casa em ruinas.
Ao se aproximar e chamar a senhora de cabelos grisalhos,
percebera que seu sono era eterno.
Com pesar caminhou ate ela, suas lagrimas banharam o corpo
gelido.
Mas a senhora da rua das Dalias retornara para seu destino.
Nao se sabe por quantas estaçoes a senhora franzina viu a
vida traçar seu rumo, observando a vida se passar na sua
velha cadeira de balanço.
Seu corpo havia recuperado o vigor dos tempos de outrora,
ja nao sentia o peso dos anos de existencia terrena.
Olhou com mais atençao aquele lugar em que se encontrava
agora e seu coraçao se encheu de felicidade, finalmente ela
o reencontrou.
Neste instante suas maos o acarinharam e num ternue abraço
ele a envolveu.
Agora nao havia temor, finalmente estavam juntos e em seus
coraçoes a certeza que o verdadeiro amor e imortal.
De maos dadas caminharam rumo a eternidade.
CAMOMILLA HASSAN/21/01/08