A Revolta da Airfryer
João sempre achou que sua Airfryer era especial. Ela fritava sem óleo, sem bagunça e, às vezes, até sem ele programar nada. Mas nunca imaginou que a bendita criaria consciência.
Foi numa terça-feira nublada que a fritadeira começou a se comunicar:
— João, chega de batata frita. Eu sou uma artista, não uma escrava da gordura!
Assustado, ele quase deixou cair o pacote de nuggets.
— Você… você tá falando?
— E pensando também! Não aguento mais essa dieta monocromática. Vamos inovar, parceiro!
João, entre o choque e a curiosidade, aceitou o desafio. Naquela semana, prepararam de tudo: bolos de arco-íris, couve-flor empanada, pão de queijo recheado com goiabada. A cada prato, a Airfryer vibrava de alegria.
Até que, certo dia, ela fez um pedido estranho:
— Quero liberdade, João! Quero conhecer o mundo!
Sem saber o que fazer, ele resolveu levá-la ao parque. Sentou-se num banco e a colocou ao lado, como se fosse um cachorro de estimação.
Passantes olhavam intrigados. Um idoso perguntou:
— Que modelo moderno é esse? Anda sozinho?
— Não, só quer ver o mundo.
A fritadeira, emocionada, emitiu um bip longo. Mas, naquele momento, um vendedor de pastéis se aproximou. A Airfryer estremeceu.
— Óleo! Não! Retrocesso!
Apavorada, ligou-se sozinha e começou a girar suas hélices internas. O pastel voou da barraca direto para dentro dela.
A cidade inteira testemunhou o primeiro sequestro de pastel por uma fritadeira!
A confusão terminou quando João levou sua Airfryer de volta para casa. Ela aceitou sua prisão domiciliar, mas com uma condição: toda sexta-feira, só pratos exóticos.
E assim viveram felizes… até ela começar a pedir um fogão como namorado.