A AMAZÔNIA COMO PODERIA TER SIDO PRIMEIRA PARTE

IARA'S, A AMAZÔNIA COMO PODERIA TER SIDO, CONTO

PRIMEIRA PARTE

MEU nome é Poraquê, extamente o mesmo nome do peixe, mas no decorrer da minha história, você entenderá esse e os demais porquês. Dizem que essa história já estava escrita há muito muito tempo, perdida faz muitas voltas de lua já. Lá na primeira vez que foi contada, no princípio dos tempos, nos ensinaram que Tupâ, num dia de briga, deixou a lua ferida e avermelhada, logo após isso, choveu como nunca havia chovido antes. A terra diziam, estava triste, sem ser consolada, a lua era sua filha única, e portanto, sua favorita. Tupâ pai das duas, se arrependeu, e desfez a chuva, que já tinha alagado um bom pedaço de chão, matado uma boa parte das coisas da terra e nos aproximado. E aí começariam mesmo os problemas, mas já estou pulando uma parte, que não posso, da história. Após a terra parar de chorar, Tupâ colocou a filha para ficar mais perto da mãe. E a lua toda vez que fica avermelhada, logo depois fica azulada, e não se sabe como, se numa visão ou em sonhos, os pajés foram alertados, que com o nascimento de uma menina com os olhos azuis, como o céu, num dia mais azul e com o brilho do azul igual ao do luar, depois da lua avermelhada; então nesse dia, começaria a sina da vermelhidão, entre todos os homens, tanto os daqui, como os de fora, sem que entendessem eles o que queria dizer, essa última parte. Após esse aviso, todas as meninas que nasciam depois do aparecimento dessas duas luas, eram rigorosamente inspecionadas, e bastava ter um dos olhos sequer mais claro, ou um com a cor diferente do outro, ou brancos que fossem, para a covardia ser feita. Eram entregues a terra, nunca as águas, e pouco importa o quanto as desgraçadas das suas mães chorassem, alguns dos mais bravos, foi o que me contaram, até riam e diziam que depois era só fazer outra direito, porque aquela veio "estragada". Até hoje não entendo, porque Tupâ deu tanto a eles e nos deixou tão pouco. Disseram depois, que os homens esqueceram todas essas histórias, que só as mulheres lembramos, dizem ainda que não são de verdade, que é tudo uma forma de contar sobre o que acontece desde sempre. Que a lua avermelhada é só para as meninas entenderem que irão sangrar um dia e que a lua azul é para os meninos entenderem, que são necessários, para que os nascimentos aconteçam, e que cada um saiba o seu papel na terra, na vida. Pode ser, ou melhor dizendo, poderia ser, se você não soubesse, o que vou lhe contar e exatamente como se deu. Após essa grande inundação, as águas demoraram um pouco além do esperado para recuar, aquelas tribos aonde havia mais deles, pela necessidade delas, começaram a guerrear e tão logo pegavam o quanto conseguiam de nós, as hostilidades cessavam, no começo foi assim. Até que um dia um grande guerreiro passou a ter só filhas, e sabia que somente os homens serviam para guerrear, afinal sempre havia sido assim, as outras tribos tão logo souberam dessa "fraqueza", desse grande guerreiro, resolveram tirar proveito, mas sem saber se estavam preparados, foram atacá-lo e todas caíram, sobraram apenas poucos homens dessa única tribo do guerreiro, que não tinha filhos, com tantas mulheres sobrando eles fizeram o que faziam sempre, trataram de encher todas as mulheres que conseguiram e uma das âncias, que já sabia ver as voltas da lua, sabia que em pouco tempo haveria a lua de sangue, seguida da lua azul e sabia bem o que aconteceria, se a menina nascesse com os olhos azuis, ela mesma já havia perdido duas filhas, além de ter visto as lágrimas de outras inconsoláveis mulheres nesta triste sina, fora o choro silenciado pela terra, que era como rasgar o coração, ela então aproveitou um dia de bebedeira, já previamente combinada, e pegou aquelas que ainda estavam no início da espera e caminhou para o lugar o mais longe que seus pés puderam andar, caminhavam o quanto conseguiam, viviam do que a terra lhes dava e do que conseguiam caçar ou pescar, começaram a ver o quanto de força tinham unidas e que afinal não eram fracas, como os guerreiros sempre falavam, algumas acabaram morrendo no meio da dureza de toda aquela caminhada, veio a lua de sangue e logo após veio a lua azulada. As mulheres foram tendo suas crianças e ali resolveram, que seria a vez deles serem entregues a terra, mas não por vingança. O que motivou isso foi porque ali estava aquela, que havia sido prevista, dizia a ância, que nesse dia, só nós poderíamos resolver o que fazer, se eles estivessem entre nós, elas sabiam que mais cedo ou mais tarde, o homem que soubesse de alguma forma de toda essa história, acabaria me matando e antes da hora. A ância sabia que a terra exigia de Tupâ que as coisas fossem equilibradas, se não sua filha ferida, teria sido chorada por nada, a lenda continuava, dizia ela, afirmando que no dia que essa menina nascesse, então homens de cor estranha iriam começar a pensar em vir de longe para essas bandas, vindos de outras águas, mas que pela liderança dela, todas aquelas que a terra havia silenciado seriam vingadas, até que o equilíbrio fosse restabelecido. Essa última parte, que me cabia no cumprimento daquelas palavras, eu não sabia como seria, disseram que isso tudo foi dito no dia do meu nascimento, ainda não sabiam qual era a cor dos meus olhos, estava escuro como breu e seus olhos também, foi o que me disseram.

Fim da primeira parte

Por Renato Lannes Chagas

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Renato Lannes Chagas
Enviado por Renato Lannes Chagas em 01/01/2025
Reeditado em 05/01/2025
Código do texto: T8231269
Classificação de conteúdo: seguro
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